Termina neste domingo (16) a 18ª edição do Festival do Rio, a mais enxuta (em número de filmes, convidados e dias), porém uma das mais vigorosas em seu recorte da produção nacional, cujos concorrentes vão saber quem leva o troféu Redentor de melhor filme (de ficção e documentário) neste domingo, a partir das 18h, sendo Redemoinho, de José Luiz Villamarim, Era o Hotel Cambridge, de Eliane Caffé, e A Luta do Século, de Sérgio Machado, os favoritos. Chegou ao fim na noite de quinta (13) a seleção brasileira em concurso, com dois títulos de ficção, um curta de 15 minutos (O Homem da Raia do Canto, o melhor de todos nesse formato) e um longa-metragem rodado na divida com o Uruguai (Mulher do Pai), que envolveram o público minuto a minuto falando de modos de amar e da busca por visibilidade.
Dirigido pela estreante gaúcha Cristiane Oliveira no interior do Rio Grande do Sul, Mulher do Pai compartilha os dilemas do amadurecimento de uma adolescente, Nalu (Maria Galant), em processo de reeducação afetiva após a morte de sua avó, que cuidava dela e da casa. Nalu é filha de um cego, Ruben (vivido por Marat Descartes, ator sempre impecável), um ex-desenhista que perdeu a visão aos 20 e poucos anos. A rotina de ambos vai mudar mais ainda quando a professora de Artes da menina, a uruguaia Rosario (Verônica Perrotta, favorita ao prêmio de atriz coadjuvante), passa a se aproximar amorosamente de Ruben. De um silêncio contínuo, mas nunca incômodo, o filme arrebatou a plateia pela beleza de suas imagens (graças à fotografia deHeloísa Passos) e pelo olhar delicado sobre as angústias da juventude.
“Durante a pesquisa para um curta que fiz, aprendi que as pessoas que perdem suas primeiras memórias visuais ainda podem se alimentar de imagens por vias sensoriais. Mas com os cegos o processo é mais difícil”, balbuciou Cristiane Oliveira ao Omelete, apesar de ter ficado afônica com a ânsia da estreia.
Forte candidato (merecidamente) ao prêmio de melhor curta do festival, O Homem da Raia do Canto, dirigido por Cibele Santa Cruz, é uma love story (ou quase) capaz de evocar elementos estéticos (e doçura) do cinema de um mestre do gênero, o francês François Truffaut (de A Mulher do Lado), ao narrar a luta por um designer e nadador (Cadu Fávero) para se fazer notar pelas mulheres.
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