Festival do Rio 2004: balanço final
Festival do Rio 2004: balanço final
![]() Melhor Filme - Contra Todos. © GABRIELA MAGNANI |
![]() Melhor Diretor - Lucia Murat (Quase Dois Irmãos). © GABRIELA MAGNANI |
![]() Melhor Ator - Flavio Bauraqui (Quase Dois Irmãos), Erik Marmo (entregou o prêmio) e Melhor Atriz - Silvia Lourenço (Contra Todos). © GABRIELA MAGNANI |
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Como tudo que é bom dura pouco, o Festival do Rio 2004 terminou da mesma forma que começou: com um filme. Um clipe com os melhores momentos e depoimentos foi mostrado antes de começar a tão aguardada premiação. Foram 347 filmes em 29 salas, durante 15 dias para um público de 230 mil pessoas. Nesse aparato todo foram necessário 1.300 pessoas trabalhando para atender aos cinéfilos. Entre filas, seminários e eventos, o coro é sempre o mesmo: vida longa ao Festival, que é o maior da América Latina e o quinto maior do mundo.
Renata Boldrini foi a escolhida para ser a anfitriã da noite. Após os devidos agradecimentos a patrocinadores, Boldrini iniciou a cerimônia de premiação. Diferente da abertura, que foi uma noite repleta de celebridades, as estrelas da vez eram técnicos de cinema, diretores e atores em ascensão, com exceção daqueles convocados para entregar os prêmios. O evento foi simples e rápido e não chegou a lotar o Odeon. Os discursos de agradecimento foram breves e, como de costume, a platéia era formada por torcedores das produções envolvidas. Foram 16 prêmios divididos em vários segmentos.
O primeiro prêmio foi dado pela FIPRESCI (Júri da Federação Internacional da Imprensa) para Quase dois irmãos, de Lucia Murat. O segundo prêmio foi oferecido pela Mídia 1 ao Casseta & Planeta - A Taça do mundo é nossa, que ganhou como melhor merchandising, pela divertida propaganda para a Volkswagen. A ABD e C (Associação Brasileira de Documentarista e Curta-metragista do Rio de Janeiro) premiou como melhor curta O jaqueirão do Zeca, de D. Morares e R. Bravo. O artista contra o caba do mal, de Halder Gomes, e Mina fé, de Luciana Bezerra, levaram menção honrosa da mesma associação.
O Júri Popular premiou o curta Nada a declarar, de Gustavo Acioli. Fabio fabuloso, de Pedro Cezar, Ricardo Bocão e Antonio Ricardo, ganhou entre os documentários e Vida Menina, de Helena Solberg, como melhor filme. O Prêmio Geração, dedicado ao melhor filme infanto-juvenil, ficou com Cadê meu irmão, de Peter Timm. Ambas as premiações levam em consideração os votos do público que freqüenta o festival.
Depois dessas premiações foi a vez dos prêmios mais esperados na noite. Os distribuídos pelo Júri Oficial, presidido pelo cineasta Ruy Guerra e composto pelo cineasta Alain Fresnot, a atriz Dirá Paes e Laurent Jacob, responsável pela seleção do Festival de Cannes. O Prêmio Especial do Júri foi dado a Soldado de Deus, de Sergio Sanz. Depois, a atriz Julia Lemmertz foi chamada ao palco para entregar o Prêmio de Melhor Ator para Flavio Bauraque, de Quase dois irmãos. Erik Marmo entregou o de Melhor Atriz para Silvia Lourenço, por sua atuação em Contra Todos.
Nelson Pereira dos Santos, uma lenda do cinema nacional, entregou o Prêmio de Melhor Diretor para Lucia Murat por Quase dois irmãos. Com três prêmios, dois dados pelo júri oficial e outro pela FIPRESCI, o longa foi o vencedor da noite em número de troféus.
A atriz Ângela Vieira chegou ao palco para anunciar dois vencedores como Melhor Curta. Dividiram o prêmio O jaqueirão do Zeca, de Denise Moraes e Ricardo Bravo, e Quero ser Jack White, de Charly Braun.
Com a peleja quase resolvida, foi a vez dos patrocinadores subirem ao placo para entregar os dois últimos prêmios da noite. Eliane Costa, representando a Petrobrás, entregou o Prêmio de Melhor Documentário para Estamira, de Marcos Prado. Logo depois, Ricardo Macieira, Secretário de Cultura, aproveitou para fazer um discurso político a favor do prefeito antes de entregar o Prêmio de Melhor Filme para Contra Todos, de Roberto Moreira. A equipe recebeu o prêmio em nome de Roberto, pois ele está na França justamente divulgando o filme. Acabada a premiação, os presentes dirigiram-se para tenda armada na praia de Copacabana para celebrar o encerramento do Festival do Rio.
Jogo de cartas marcadas?
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Depois de quinze dias de uma verdadeira maratona, chegamos à conclusão de que diretores aclamados e filmes bizarros continuam a ser os preferidos do público. Má educação, de Pedro Almodóvar, Antes do pôr-do-sol, de Richard Linklater foram os mais assistidos. Completando a lista temos Kill Bill Vol.2, de Quentin Tarantino, Coffee and Cigarettes, de Jim Jarmusch, Herói e Clã dos punhais voadores, de Zhang Yimou, Vera Drake, de Mike Leigh, Um dia sem mexicanos, de Sergio Arau, e 9 canções, de Michael Winterbottom.
Todos esses filmes são de diretores já conhecidos. Mesmo sabendo que esses longas serão lançados no circuito comercial, o público parece não querer esperar e corre atrás de ingressos. Junto com essas produções, todas as sessões da Mostra Midnight Movies lotou os cinemas. Os filmes escolhidos sempre fazem sucesso, pois trata-se de uma chance única do público tomar conhecimento de obras bizarras, escatológicas e com sexo explicito. Não é a busca pelo sórdido, mas sim uma saída da mesmice dos cinemas. Por isso que, mesmo começando à meia-noite, esta Mostra é sempre muito concorrida. Este ano, havia filmes com cenas de sexo explicito tanto de heterossexuais como homossexuais. Além das costumeiras cenas grotescas, que segundo os cineastas criadores, são protestos contra a censura, autoridades e reacionários.
Já a Mostra Ficção Científica foi um fracasso, chegando a ter somente 28 espectadores no filme Viagem ao fundo do mar, no Odeon, que tem capacidade para 590 pessoas. Porque a Mostra Ficção não funcionou? Simples, a grande maioria dos fãs deste gênero já os assistiu dezenas de vezes na televisão ou já possuem o DVD com centenas de extras. Era necessário algum atrativo para que o espectador se deslocasse até ao cinema. Foi justamente este o motivo que fez da Mostra Musicais um grande sucesso ano passado. Todas as sessões eram interativas. Atores famosos participaram das sessões puxando coro e contando curiosidades sobre as produções.
Outro problema foi a central de ingressos. A venda antecipada continua a levar horas preciosas dos cinéfilos e muitas vezes, quando se chega ao terminal, as sessões já estão esgotadas. Mesmo assim, o festival foi um sucesso. Ano passado foram vendidos 210 mil ingressos. Esse ano foram 20 mil ingressos a mais. Tudo isso leva a crer que o Rio de Janeiro é e continua sendo uma cidade cinematográfica.





