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Festival de Gramado | O Silêncio do Céu leva violência e tragédia para a competição

Carolina Dieckmann atua ao lado de Leonardo Sbaraglia

29.08.2016, às 12H31.

Rodado nas terras uruguaias de Montevidéu, falado em espanhol, tendo um dos astros do cult Relatos Selvagens – o galã argentino Leonardo Sbaraglia – como protagonista, O Silêncio do Céu levou violência e tragédia para a competição pelo troféu Kikito de melhor longa-metragem nacional do 44º Festival de Gramado. Sua exibição se deu em um domingo (28) de plateia esvaziada. Um dos principais fatores responsáveis pelas poltronas vazias: a paixão gaúcha pelo futebol, uma vez que os dois maiores times do Rio Grande do Sul, o Grêmio e o Internacional, tiveram partidas ontem. Mas, com mais da metade de seus quase 800 lugares ocupados, o Palácio dos Festivais viveu uma imersão na narrativa do cineasta paulista Marco Dutra (o mesmo do terror Quando Eu Era Vivo), pautada por uma tensão crescente, digna de thrillers de mestres europeus como Roman Polanski, ao retratar a atomização de um casal. De tudo até apresentado até agora no evento, nenhum trabalho de direção supera o de Dutra, seja no requinte, seja na precisão cirúrgica com que ele lida com o suspense.

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“Estamos de diante de um casal que não se toca, que mal se olha, mas eu não queria um visual saturado, de colorido esmaecido. Queria cores violentas, a começar do azul do céu e o verde dos cactos”, diz Dutra, que escalou o filho do muso argentino Ricardo Darín, o ator Chino Darín, no elenco desta adaptação do romance Era El Cielo, de Sergio Bizzio, produzida por Rodrigo Teixeira (de A Bruxa Frances Ha).

Conhecido na TV pelo seriado O Hipnotizador da HBO, Sbaraglia interpreta Mario, roteirista cheio de medos (de avião, sobretudo), que vê a mulher, Diana (Carolina Dieckmann), sendo violentada por dois homens e não consegue reagir, paralisado pelo pânico. Diana não sabe que ele testemunhou o crime e não diz uma palavra sobre o caso, o que amplia ainda mais a angústia de Mario. Incapaz de lidar com a dor de sua própria impotência, ele decide descobrir o paradeiro dos estupradores e se vingar. Mas existe algo mais do que a revanche nessa trama: existe a falência afetiva.

“Não é um filme sobre vingança. É uma reflexão sobre como cada um lida com um incidente trágico da sua própria forma”, diz Dutra, que lança O Silêncio do Céu no dia 22 de setembro.

Nesta segunda (29), Gramado recebe os primeiros concorrentes de sua competição hispânica: a comédia uruguaia Las Toninas Van AL Este, de Gonzalo Delgado e Verónica Perrota, e um drama cubano com tintas de thriller, Espejuelos Oscurosde Jessica Rodríguez. Terça, o festival fará uma justiça histórica ao conceder um prêmio especial (o Troféu Eduardo Abelin, dado ano a ano a cineastas autorais) para José Mojica Marins, o eterno Zé do Caixão, pelo conjunto de sua carreira. Os vencedores da briga pelo Kikito serão conhecidos neste sábado, mas, até o momento, o título mais elogiado segue sendo Elis, de Hugo Prata, baseado na vida e na careira da cantora Elis Regina (1945-1982). 

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