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Constantine

Constantine, 2005
EUA - 121 min.
Ação/Fantasia/Suspense

Direção: Francis Lawrence.



Roteiro: Kevin Brodbin e Frank Cappello, baseados nos quadrinhos de Jamie Delano e Garth Ennis.

Elenco: Keanu Reeves, Rachel Weisz, Shia LaBeouf, Djimon Hounsou, Max Baker, Pruitt Taylor Vince, Gavin Rossdale, Tilda Swinton, Peter Stormare.


Reeves como John Constantine

Com Tilda Swinton, o anjo Gabriel

Em seu apartamento, barricado por garrafas de água benta

Constantine prestes a ser atacado

Viajando ao inferno

Com o mago Papa Meia-Noite

Todos os diretores com quem o libanês Keanu Reeves (Matrix), 40 anos, trabalha são unânimes em afirmar que ele é um dos atores mais esforçados de Hollywood. Mas essa dedicação toda nunca o isentou das piadas que circulam entre os críticos, que o chamam de o ator mais inexpressivo de Hollywood.

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Mas não é só pelas costas do astro que esse tipo de comentário é feito. Na coletiva de imprensa realizada há poucas semanas na Cidade do México, um jornalista local perguntou ao ator e seus cabelos milimetricamente despenteados como ele se sente sendo o pior ator de Hollywood.

O clima, obviamente, pesou. Assessores de imprensa e a equipe de organização do evento suavam enquanto Reeves parecia congelado no tempo. Foram 27 segundos de silêncio - acredite, pareceram 2 horas - que terminaram finalmente com o ator respirando e respondendo sério? você não achou que houve expressividade em Constantine?. O jornalista rebateu, não. Tranqüilo, o escolhido (provavelmente pensando nos milhões de dólares que ganha por filme), encerrou a história: Sinto, mas não concordo com você.... Em sua defesa, Francis Lawrence, o diretor, comentou: você viu O dom da premonição? Alguém tem que ceder? pergunta esquisita a sua!.

Felizmente, o infeliz jornalista não conseguiu acabar com o evento e conseguimos continuar a sessão de perguntas. Mas o estrago estava feito... a partir desse ponto, Reeves, que não é de falar muito, ficou monossilábico, algo que só mudou mais tarde na mesa redonda. Mesmo assim, não muito.

Gripado, com 38º de febre e visivelmente abatido - algo talvez potencializado pela barba comprida - ele parecia pouco confortável. Sensibilizados, até tentamos dispensá-lo antes dos 15 minutos de papo, assim que os seis jornalistas na mesa tinham feito uma pergunta cada. Levamos bronca. Quê? Estou bem!. Ninguém manda dar ordens ao Neo...

Omelete entrevista
Keanu Reeves

(o) Por que aceitar um personagem de fantasia depois de uma trilogia de ficção científica?

KR: A única coisa em comum entre Neo e Constantine é que são personagens vivendo uma jornada heróica clássica. Como o personagem era original e a história muito boa, não pensei duas vezes antes de aceitar.

Você já conhecia os quadrinhos de Hellblazer? O que você achou das mudanças?

Eu não conhecia o personagem antes de ler o roteiro. Quando o texto chegou até os meus representantes, todas as mudanças já tinham sido feitas, como o filme não se passar em Londres, mas em Los Angeles. Então, eu não sabia de nada disso. Quando fiquei sabendo, já estava totalmente familiarizado com a história e achei que o mais importante ali era manter a essência do personagem. E eu acho que conseguimos isso. Quer dizer, eu espero que sim e que os fãs não sintam que sabotamos algo de que eles gostam tanto.

Como você se preparou para esse papel?

Li o roteiro, me familiarizei com a história em quadrinhos e busquei a atitude de John Constantine. A partir daí, trabalhei no roteiro com Francis [Lawrence], na caracterização do personagem e tentei incorporá-lo. Mas foi só quando estava testando o figurino que realmente pude compreendê-lo totalmente.

O que significa para um ator a personificação de um personagem de quadrinhos?

A intenção no filme foi manter fiel o espírito da obra. Assim, viver o Constantine foi um desafio muito bem-vindo.

Existem alguns personagens muito fortes na carreira de um ator que tornam difícil para o público vê-lo em um novo filme sem lembrar do antigo. Neo, de Matrix, é um personagem desse tipo. Como você lida com isso?

Da única maneira que eu posso, fazendo mais filmes que, espero, as pessoas gostem. Constantine e Neo são tão diferentes e os filmes são tão distantes que a única coisa que os liga sou eu. Não posso controlar a reação das pessoas, mas minha ambição como ator é realizar trabalhos de todos os tipos. Não sei se elas pensaram em Neo vendo Alguém tem que ceder, por exemplo. Mas isso é tudo que posso fazer.

De certo modo, o filme lembra mais O advogado do diabo.

Kevin Lomax em O advogado do Diabo está lidando com vaidade e ambição. Constantine é cínico e enfrenta seu medo de sacrifício. Foi bom explorar todos esses aspectos do lado negro dos seres humanos... tanto que não tenho um favorito entre os dois.

Foi difícil interpretar tanto cinismo? Você é um cara cínico?

Não. Eu sou esperançoso e otimista. Mas eu não chamaria Constantine de cínico... ele está mais para um fatalista... quer dizer, fatalista não. Ele sabe o que está acontecendo... isso o torna um realista! Foi muito divertido vivê-lo. Ele é experimentado, ácido, realista e engraçado de uma maneira peculiar.

Como você se sentiu vivendo Constantine e como você decidiu viver esse papel?

Eu gostei muito de interpretá-lo. Quando li o roteiro pela primeira vez achei que a história e o personagem eram bastante originais. Ele é sofisticado, experimentado e vive em conflito, mas é um cara engraçado. E eu gosto de sua jornada. Ele é um cara lutando para encontrar significado em sua vida, que sabe que vai para o inferno e está tentando escapar disso. Ótima história. E o humor negro nela é muito legal.

Qual foi o momento mais divertido na produção de Constantine?

Teve uma vez que Francis e eu estávamos na minha casa revisando uma das cenas e nem percebemos que o dia terminou. Quando nos demos conta, estávamos conversando no escuro. Pra piorar, eu tinha um monte de convidados para um churrasco e me esqueci completamente deles. Todo mundo comeu sozinho, mas finalizamos a cena.

E os mais difíceis?

Não vi o trabalho em Constantine como algo difícil, mas sim como desafios divertidos. Pra mim era importante manter o espírito do personagem em todos os momentos, o que deve ter sido a realização mais difícil.

Você acha que Constantine deixa algo no público depois de assisti-lo?

Espero que sim. Espero que o público consiga se relacionar com a sua luta pela vida e por significado.

Quais os seus próximos projetos?

Começo em março meu próximo projeto. Vou trabalhar com a Sandra Bullock num romance.

Dirigido por Alejandro Agresti, certo? Fale um pouco sobre esse projeto e sobre esse cineasta argentino.

Encontrei com ele há alguns meses. O filme se chama The lake house (A casa do lago) e será a refilmagem de uma produção coreana chamada Il Mare [leia nota aqui]. Eu vi apenas um filme de Agresti, Valentin, que adorei. Em nosso encontro tive a impressão de que ele é uma pessoa dedicada ao cinema. Estou ansioso para esse trabalho. Ele está atualmente escrevendo o roteiro e não será uma versão literal do original. Ficará bem diferente, quase que uma nova história, apenas inspirada pelo Il mare. Um romance.

Há quase 10 anos você trabalhou com um diretor mexicano em Caminhando nas Nuvens. Como foi essa experiência e o que você sente que você aprendeu nessa última década?

Eu tive momentos ótimos trabalhando com Alfonso Arau. Ele é um grande homem, um diretor talentoso, muito apaixonado e habilidoso. Foi ótimo. Desde então eu trabalhei em projetos incríveis, que valeram a pena. Atuar é algo que você aprende colocando a mão na massa e, felizmente, nesse meio tempo eu consegui aprender bastante com o meu ofício. Me familiarizei com o processo de filmagem, aprimorei minhas técnicas, fiquei mais velho... [risos]... e mais sábio. Mas ao mesmo tempo ainda entro no set como uma criança, maravilhado com tudo aquilo e curioso. Não me vejo como um ator maduro, mas como um jovem maduro.

O que você pode nos dizer sobre Scanner Darkly? O trailer saiu recentemente e o filme parece fantástico.

Ah, muito obrigado! Meu trabalho nele é com Richard Linklater, que escreveu o roteiro baseado numa história de Philip K. Dick chamada A scanner Darkly. Diferente da maioria das vezes, em que as obras de K.Dick não são adaptadas fielmente, desta vez estamos fazendo algo que não se afasta da história original, nem perde seu impacto. É uma adaptação de verdade. No elenco estão Robert Downey Junior, Woody Harrelson e Winona Ryder. Filmamos tudo em digital e ele [o diretor] animou o fime em cima disso. É muito empolgante, mal posso esperar para vê-lo.

E seu personagem no filme?

Eu vivo dois personagens nele: Bob Arthur e um cara chamado Fred. É basicamente sobre perda de identidade e interferência de forças externas como o governo ou outras agências que manipulam o povo.

Quando seu projeto independente, Thumbsucker, chegará às telas? É muito diferente fazer um blockbuster e um filme indie?

Thumbsucker conseguiu distribuição da Sony Classics no Festival de Sundance. Não sei quando ele será lançado, mas foi um papel divertido e um filme incrível. Mas quase não há diferenças entre blockbusters e independentes. Você nunca tem dinheiro suficiente, sempre está com o prazo estourado... depende mais do estilo do filme do que do seu tamanho.

Quais são suas inspirações como ator e você já pensou em dirigir um filme?

Peter O´Toole, Robert DeNiro, Al Pacino, Faye Dunaway, Glenn Close e Diane Keaton são os que me lembro agora. Mas nunca pensei em dirigir. Tenho esse negócio de atuação pra tocar...

Qual o seu filme preferido, aquele que você acha que define o cinema?

Não consigo escolher um só. Tem o Stroszek de Wim Wenders [1977, o diretor correto é Werner Herzog], e Apocalypse Now (de Francis Ford Coppola, 1979). Por outro lado temos A fantástica fábrica de chocolate (Willy Wonka & the Chocolate Factory, 1971), Cantando na chuva (Singin´ in the rain, 1952) e os filmes de David Lean como Lawrence da Arábia (Lawrence of Arabia, 1962).

Uma última pergunta... você vai para o céu ou pro inferno?

Quero ir pro céu, claro! [risos], mas não tenho uma definição firme sobre céu e inferno.

Leia mais sobre Constantine no Especial Omelete

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