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Entrevista

EXCLUSIVO: Omelete entrevista Bryan Singer, o diretor de Superman - O retorno - Parte 2

EXCLUSIVO: Omelete entrevista Bryan Singer, o diretor de Superman - O retorno - Parte 2

ÉB
30.06.2006, às 00H00.
Atualizada em 22.11.2016, ÀS 11H09

Singer numa gravação externa
nas ruas de Sydney


No cenário de Krypton

No set com Brandon Routh
e Kevin Spacey


Na fazenda Kent em Tamworth

Depois da conversa informal com Bryan Singer, entrevistamos o cineasta de Superman - O retorno uma segunda vez - agora durante uma hora inteira. A conversa aconteceu à noite, dentro do Museu de Sydney, bem no meio de uma exposição de cultura aborígene para crianças. Singer sentou-se na ponta de uma longa mesa de madeira, com um enorme copo de café do Starbucks nas mãos. Atrás dele, uma parede de pedra com pinturas rupestres imitava uma gruta. Cenário perfeito para algumas histórias sobre o filme mais esperado do ano.

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Ontem estávamos falando sobre a seleção de elenco de Superman. Lembrei daquela frase da agente do Kevin Spacey tomara que você encontre o próximo Hugh Jackman. Você parece ter um talento pra isso...

É. Eu tenho dado sorte desde Os Suspeitos com Benicio [Del Toro] e Kevin [Spacey], além de Hugh Jackman (X-Men), Ian McKellen (O aprendiz, X-Men) e até a Halle Berry (X-Men). Sem falar no Hugh Laurie no meu seriado House... acho que o lance é que não tenho medo de ter um desconhecido, ou um ator menos conhecido no centro dos meus filmes.

E por que um desconhecido para viver o Super-Homem?

Porque o Super-Homem é um personagem icônico - ele tem que parecer que acaba de sair das páginas dos quadrinhos ou das suas memórias da série de TV ou dos filmes. Um ator conhecido não dá essa impressão. Ele é só um ator interpretando o Super-Homem, e não a encarnação de um personagem que é maior do que qualquer um deles.

E se ele é um personagem icônico, a interpretação de Christopher Reeve só reforçou isso. Você se sentiu pressionado pelas comparações?

Não. Ela é apenas mais uma parte da nossa memória coletiva sobre quem o Super-Homem é - uma grande parte.

Mas isso afetou a seleção de Brandon Routh?

Ah, claro que sim. Mas não só o Christopher Reeve, mas também George Reeve e os quadrinhos.

Brandon tem um quê de Christopher Reeve.

Tem sim. Em certos momentos a semelhança é impressionante. Em outros é completamente diferente. Essa qualidade é importante pois queremos que ele faça seu próprio trabalho, mas que ele tenha uma certa relação com os filmes de Richard Donner, já que eles são considerados parte da história do nosso.

Você encontrou Christopher Reeve alguma vez?

Não. A única vez que estive perto dele foi no Festival de Cannes em 1995. Ele estava almoçando umas três mesas longe de mim. Depois eu fui dar uma olhada nas quadras de tênis e ele estava lá, jogando. Fiquei uns 20 minutos vendo-o jogar. Uma semana depois ele sofreu o acidente. Fiquei muito perturbado com isso, me fez pensar em como a vida pode mudar tão rapidamente.

Eu perguntei a Brandon se ele acha que o filme tem algum aspecto político, já que o Super-Homem é um estadunidense que ajuda os outros sem que eles necessariamente queiram ser ajudados. Existe essa intenção política ou não?

Ela existe, mas não é intencional. O Super-Homem sempre foi um reflexo dos tempos desde a Segunda Guerra Mundial. Eu prefiro enxergá-lo como um herói global, alguém que, por acaso, foi criado numa fazenda nos Estados Unidos e tem aquele idealismo da Verdade, Justiça e o Modo Americano que os estadunidenses têm e a idéia que temos sobre nosso papel no mundo. Nesso ponto ele é um herói dos EUA, mas em nosso filme eu quero mostrar que ao mesmo tempo ele é o imigrante definitivo. Ele vem de uma terra distante e carrega consigo as vestes e a cultura de seu povo. Mas às vezes ele tenta se adaptar, sendo Clark Kent. Essa coisa das personalidades múltiplas é algo que vejo claramente na cultura imigrante nos Estados Unidos, uma mistura.

Você parece gostar bastante da fase retrô do Super-Homem, as histórias das décadas de 1940 e 1950. Você a considera a melhor?

Não... eu gosto de muitas fases do personagem, de diversas interpretações artísticas dele. Gosto do Alex Ross, que faz um Super-Homem bastante humano, mas ao mesmo tempo mítico.

Você teve acesso aos cofres do Super-Homem, a material restrito, coisas assim?

Tudo. Absolutamente tudo. A coisa mais legal que eu vi, porque uso bastante desses elementos no filme, foram as cenas com Marlon Brando e as sessões de gravações com ele. Os ensaios são muito engraçados.

Fizemos um acordo com os herdeiros de Marlon Brando para usar tudo isso. Há uma seqüência - que nem é tão grande assim - em que precisávamos usar a voz e a figura de Brando de maneiras que ele não tinha sido gravado. Então encontramos algumas referências para isso nessas fitas, coisas que não foram usadas nos primeiros filmes do Super-Homem.

E a trilha sonora? O tema clássico de John Williams será usado?

Se eu não pudesse usá-lo relutaria em fazer o filme. Ele é tão importante quando o de Star Wars. John Ottman desenvolveu uma trilha sonora original que incorpora diversos novos temas, mas a base de Williams estará presente. O tema de abertura - se não ficar idêntico - será muito parecido com o do primeiro filme.

A trilha é toda clássica? Nada de música pop?

Toda clássica. Não teremos música pop. Gostaria de ver um álbum com faixas inspiradas no filme, mas dentro dele só mesmo música clássica.

E como será a seqüência de abertura do filme?

Uma idéia parecida em espírito à do filme de Donner, só que com mais informações, não apenas os créditos. Ela vai nos ajudar a lembrar da história do Super-Homem. Ou mais ou menos isso. Estou desenvolvendo a cena agora mesmo, estou trabalhando com a Digital Kitchen, que fez a abertura de House.

Existem fãs do Super-Homem de 8 a 80 anos. O filme terá apelo a todos eles? Será um filme família?

Sim. Com certeza. Ele será bastante intenso, provavelmente pegará uma censura 13 anos [ele acertou a previsão - leia], mas, diferente de um X-Men 2 - no qual temos a Lady Letal enfiando as garras no Wolverine -, a violência será mais branda. Será intenso, mas não vai chocar ninguém - idosos ou crianças. Será o mais abrangente, romântico e divertido filme que eu já fiz.

Seus filmes levaram as adaptações de histórias em quadrinhos a um patamar que as próprias HQs tentam atingir faz tempo, que é o de serem metáforas para coisas mais importantes e significativas. Quais são as características que tornam esses filmes veículos tão interessantes para esse tipo de mensagem?

A ficção científica e a fantasia sempre permitiram que as pessoas falassem de governos totalitaristas e assuntos subversivos sobre sexualidade, gênero e coisas assim. Eu acho que foi Jornada nas Estrelas - me corrijam se eu estiver errado - que mostrou o primeiro beijo interracial da televisão. Isso é muito importante, pois sob o véu da fantasia e da ficção é possível tratar da condição humana de uma perspectiva única na qual o espetáculo, a aventura superam a mensagem... mas ela continua lá. E eu acho que sempre que fazemos um filme ele deve ser sobre alguma coisa. Há uma razão pessoal minha para estar fazendo um filme do Super-Homem - eu juro pra vocês que não é o dinheiro - e não é simplesmente porque cara, é o Super-Homem!. Pra mim, gastar todo esse tempo e energia vital num filme requer uma razão pessoal para fazê-lo. Há razões pessoais muito fortes para eu ter feito, X-Men, O aprendiz e Os suspeitos.

Qual é essa razão pessoal para o desenvolvimento de Superman e por que o personagem tem tanto apelo pra você?

É simplesmente pessoal. Mas posso dizer que um dos aspectos principais é que eu sou adotado, sou filho único e pensar no meu crescimento, na minha carreira, é um pouco estranho. Então esse personagem tem grande apelo pra mim. Tem uma frase que ele fala no filme eu não posso mais ser aquele cara que vivia ali, referindo-se à vida em Metrópolis. Eu não sei se ainda sou ele e a mãe diz, bom, seu pai sempre disse que você veio por uma razão e não era trabalhar numa fazenda.

Há grandes diferenças na direção de um filme baseado em personagens da DC ou da Marvel? Os universos da editora são complementares de alguma maneira?

Não sei responder isso. Não vejo esses filmes como Marvel e DC porque não tenho grande conhecimento desses universos. Mas aposto que na DC há os tais personagens angustiados e reais que dizem que existem mais na Marvel, e na Marvel há heróis em preto e branco, como os da DC geralmente são caracterizados. Mas há uma grande diferença em se fazer um filme de equipe, como X-Men, e um filme de um homem só, como Superman. Superman é um romance.

Kevin Spacey é um ator e um diretor. Isso coloca você dirigindo um cineasta. A experiência é diferente em algum sentido?

Nem um pouco. Ele chegou ao filme depois de quase um ano de conversas. Ele encara isto como uma maneira de divertir-se sendo esse personagem. Nos conhecemos há 10, 11 anos, desde a primeira vez que trabalhamos juntos [Os suspeitos] e este está sendo uma diversão só.

Dá pra notar.

É mesmo! Todos os dias ele corre pra ver como a cena ficou no monitor. É que cada take é tão engraçado, por causa das coisas sinistras e engraçadas que ele faz, que ele também se diverte. Começou com a careca. A primeira vez que ele raspou o cabelo foi me mostrar e eu não reconheci. Ele ficou encarando eu, Dan e Mike [os roteiristas] até que nós tomamos um susto.

Brandon falou que ele tem um carrinho com um boneco...

Ah, ele tem... ele amarrou um boneco do Super-Homem a um carrinho de golfe e fica andando por aí arrastando aquele coitado enquanto grita ao megafone: Morte ao Super-Homem! ou Eu estou chegando pra matar você. Outro dia ele até bateu a coisa numas cadeiras no set. Pior que eu estava dentro.

E ele mudou alguma coisa como ator desde Os suspeitos?

É igualzinho. Mas acho apenas que ele está um pouco mais confortável no processo e tem sido um grande aliado meu. A energia é a mesma, mas a confiança aumentou. Estamos no mesmo barco - apesar de eu não ter dois Oscar...

Você encontrou-se com Al Gough e Miles Millar, os criadores de Smallville?

Sim.

Como foi isso?

Nos encontramos em Los Angeles, em respeito ao fato de que Smallville manteve acesa a tocha do Super-Homem nos últimos cinco anos. Então não quisermos ignorar aquele universo e aquele esforço, que é incrível - o programa é ótimo. Então achei que seria legal sentar com eles e conversar, ver o que eles estavam fazendo, dizer o que faríamos para que ninguém pisasse nos calos um do outro. Em Superman - O retorno vemos o Clark Kent jovem, antes da fase de Tom Welling, e depois dessa fase, como o Super-Homem. Assim, na nossa cronologia tentei respeitar ao máximo o universo que eles criaram, então os convidei para vir aqui. Ele nos mandaram roteiros, contaram as idéias para as próximas temporadas, e eu mostrei desenhos e mandei alguns pra eles, para termos o mesmo visual na Fortaleza da Solidão. O filme e o seriado são duas coisas completamente distintas, mas é legal se der pra casá-los. Eles gostaram da idéia.

Você chegou a cogitar Tom Welling para o papel?

Não, porque eu nunca considerei qualquer famoso para o papel. Tinha que ser um desconhecido. Não que ele, ou o Jim Caviezel [que liderou os rumores um tempo] não sejam bons. Pelo contrário.

Você pensa em fazer uma continuação de Superman - O retorno?

Felizmente, não sou um ator e não tenho que assinar contratos para vários filmes. Assim, posso decidir ao final da experiência se quero tê-la novamente. Mas claro que vou pensar a respeito e até já tenhos idéias pra ela.

Os primeiros filmes são obviamente importantes para você e seu filme. Mas e os quadrinhos? Qual a relevância deles para o longa-metragem? O quanto eles agregam?

Os quadrinhos influenciam as coisas que ele pode fazer e dão alguns momentos-chave reconhecíveis. Basicamente, dão o tom da ação. Estou contando a minha história, mas inserindo cenas com cara de quadrinhos nela. Há uma cena que rodei nas ruas de Sydney (o Super-Homem levantando um carro) que é imediatamente reconhecível pelos fãs.

Quais supervilões você acha que seriam legais para um próximo filme?

Não sei te dizer isso, mas estou me divertindo com eles nos videogames. Estou bastante envolvido no game da Electronic Arts, que está ficando fantástico. Lá estamos usando diversos vilões e cenários malucos, algo que não podemos usar nos filmes ainda. É lá onde estamos explorando possibilidades.

E o DVD? Existem planos pra ele já?

Sim, sim, converso sobre isso o tempo todo. Tem sempre algo pra colocar lá, algumas cenas que não entrarão no filme, e há várias propostas para a Warner Bros. nesse sentido.

Especial Superman - O retorno

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