Exclusivo: Omelete entrevista Anne Hathaway, a Agente 99 de Agente 86
Atriz conseguiu o papel porque conseguia resistir às palhaçadas de Steve Carell
Anne Hathaway despontou bem jovem em Diário da Princesa e sua continuação. Mais tarde deu mostras de que seguiria essa linha teen em Uma Garota Encantada. Felizmente, não tardou para mostrar que é uma atriz versátil, conseguindo um papel importante em O Segredo de Brokeback Mountain e na seqüência em O Diabo Veste Prada. Agora, faz sua primeira comédia escrachada, Agente 86.
Conversamos com a atriz em duas ocasiões: Ainda dentro do set do filme (leia aqui nosso relato das filmagens), no ano passado, e no evento de imprensa que aconteceu há duas semanas em Los Angeles. Confira abaixo como foi o papo com a simpática atriz (e, sim, ela é ainda mais bonita ao vivo que nas telonas):
Como você se sentiu quando soube que era a nova Agente 99?
Fiquei maluca. Quando eu tinha 8 ou 9 anos assistia todos os dias as reprises na TV de Agente 86. Era minha série preferida quando criança. Eu e meu primo brincávamos de Max e 99 o verão todo. Corríamos de bicicleta e batíamos numas árvores fingindo que eram agente da KAOS. A série fez parte da minha infância - e minha família sempre assistia a ela junta. Nunca imaginei que direcionaria aquela adoração infantil a um trabalho adulto.
99
Agente 86
99
99 e 86
Foi difícil ocupar os saltos de Barbara Feldon, a 99 original? Você a conheceu?
Não. Não a conheci. Mas eu pude conhecer a esposa de Don Adams, sua filha e neta. Eles foram ao set e me disseram que a Sra. Feldon aprovou minha seleção e que ficou muito contente com isso. Isso foi uma benção pra mim. Ela é um ícone.
Foi difícil ficar séria enquanto Steve Carell fazia suas improvisações?
Sim. Bastante. Mas acho que essa é uma das razões pelas quais eu consegui o trabalho. Consegui ficar séria e seguir improvisando com ele no teste de elenco. Mas é difícil. O cara é um gênio. Ele é "o" Steve Carell e eu tinha tão pouca experiência em atuar desse jeito... Minha função ali era não rir.
Como você compara a 99 de hoje com a da série original?
Todos nós amamos a série original e decidimos desde o começo sermos extremamente respeitosos com o material, mas ao mesmo tempo buscando nossa própria interpretação dele. Então, a nossa Agente 99 não é uma cópia carbono da criação de Barbara Feldon, mas um reflexo atual dela nos nossos tempos: Uma mulher realizada, elegante e moderna.
Você tem um figurino digno de O Diabo Veste Prada como a Agente 99...
Eu adorei minhas roupas no filme. A figurinista ganhou um Oscar por Titanic. Conversamos muito sobre como 99 deveria vestir-se... feminina e elegante, mas capaz de enfrentar ninjas a qualquer momento. Meu vestido preferido foi o que eu apareço quando a C.O.N.T.R.O.L.E. é atacada. Mas todos eles têm um estilo que lembra algo sessentista e que ao mesmo tempo é bem contemporâneo.
Engraçado é que não precisei treinar nada para me vestir como ela porque tive todo o treinamento de salto alto necessário em O Diabo Veste Prada. Mas tivemos todo o apoio possível da equipe de dublês, que nos prepararam para as cenas de luta. Afinal, eu e Steve somos os dois mais improváveis astros de ação de todos os tempos!
E quais foram os figurinos mais divertidos?
Eu acho meio bizarro que a 99 sempre consiga estar bem-vestida. Ela pode cair de pára-quedas no meio da Rússia que sacará de algum canto um belo exemplo de alta costura. Nesse sentido, todos são muito divertidos.
E você ganhou uns brinquedinhos...
Sim, sim, sim! Eu ganhei. Ele tem o sapatofone, mas eu também tenho alguns. Tem até uma cena no filme com uma competição de tranqueiras high-tech.
Você se sentiu meio que uma Bond-Girl? Uma garota bonita capaz de arrebentar uns malfeitores?
Eu pude ser engraçada nesse filme, coisa que as bond-girls não são. E elas sempre têm que usar biquínis, coisa que eu não precisei - para o alívio do público. Sem querer desmerecer as bond-girls, acho o trabalho delas incrível... pegue a Halle Berry, por exemplo, ela mandou muito bem no Bond que ela fez. Mas acho que aqui, além de ação, tive a oportunidade de fazer humor, de improvisar com Steve Carell...
Aproveitando o gancho, você não é conhecida como uma atriz cômica...
Não... mas andei aprendendo. Especialmente aqui, cercada por gênios, como Alan Arkin, Steve Carell e Peter Segall. Mas em O Diabo Veste Prada eu aprendi a baixar o tom do humor, a não esperar a piada chegar, deixá-la vir e não tratá-la como piada. Em Agente 86 eles me ensinaram que você não precisa ser engraçada o tempo todo, que errar é bom também.
Que tipo de treinamento você teve para viver a 99?
Muito treinamento de artes marciais, muito condicionamento físico. Eu queria ter feito um pouco de dança também, para dar mais elegância a ela, mas não deu tempo. Só consegui começar a dançar agora. Por um segundo eu pensei em fazer treinamento de comédia de palco, de improvisação, mas aí achei melhor deixar isso apenas a cargo do Steve e me concentrar em não rir.
Você estava buscando um papel como esse?
Não. Eu nunca faço isso, sair buscando um tipo específico de papel, dizer "agora é hora de ganhar um Oscar" ou coisa do tipo. Eu nunca me imaginei num papel como esse, mas ele caiu do céu. E eu sempre quis conhecer Steve Carrel, que é a razão do meu teste - então imagine minha surpresa quando consegui o contrato!
Você é fã dele em The Office?
Ah, acho que a maior! No set de Agente 86 eu ficava o tempo todo escondendo que sou uma tiete da série, ou ele acharia que na verdade eu estava ali para persegui-lo. É uma das minhas séries preferidas! Já adorava a britânica e acho a norte-americana igualmente genial.
Quando tempo durou aquela cena que eu vi filmando no set? A de vocês dois contra o indiano gigante?
Quatro dias... Chutei traseiros todo esse tempo. Aquela foi uma cena de ação em três partes pra mim. Na primeira eu perco minha arma, na segunda eu luto mano-a-mano e na terceira uso um cano. Minha parte favorita é uma em que eu corro na parede para dar um chute. E depois asso uns bolinhos, você sabe.
Toda essa coisa de ação, com a qual você não estava acostumada, deve ser bem mais difícil de fazer que um filme normal.
Ah, mais ou menos. Já estive em filmes de época que levávamos oito horas só pra acertar a luz... Isso tudo é a magia do cinema. O mais engraçado neste filme foi a ilusão de segurança. Havia tantas medidas de segurança, tanta gente gabaritada trabalhando, mas algo sempre dá um jeito de dar errado. E quando uma bola de fogo dispara na hora errada é engraçado pensar nisso. Mas tínhamos muita gente trabalhando na segurança que jamais deixariam um de nós se machucar.
Você quer voltar ao papel? Tem contrato para continuações?
Tenho contrato para mais um Agente 86. Então, todo mundo, por favor assistam ao filme! Eu voltaria sem pensar. Tive muita sorte em trabalhar com tanta gente engraçada e gentil. Todo mundo aqui é muito verdadeiro e são todos extraordinários em seus trabalhos. Sem falar que eu posso viver uma garota que chuta uns traseiros e tem cabelo perfeito. Não dá pra reclamar, né?