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Entrevista: Mel Brooks, o criador de Agente 86

Lenda viva da comédia fala sobre a nova versão da série

19.06.2008, às 16H00.
Atualizada em 13.11.2016, ÀS 02H03

Não é sempre que temos a oportunidade de publicar uma entrevista com uma lenda - e Mel Brooks é exatamente isso, um humorista lendário, responsável por algumas das melhores comédias que o cinema e a televisão já viram. Nesta rápida entrevista - fornecida ao Omelete com exclusividade pela Warner Bros. - o veterano criador comenta Agente 86, refilmagem cinematográfica da clássica telessérie sessentista que ele criou.

Como você descreveria Agente 86 para quem é jovem demais pra se lembrar da série?

Mel Brooks

None
Mel Brooks

Agnte 86

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Uma combinação insana de James Bond com o tipo de comédia que eu gosto de fazer. Uma deliciosa fusão de efeitos especiais e comédia, o que é raro. Geralmente, quando há efeitos especiais não há comédia. E quando há boa comédia não há um efeito especial em vista. É muito raro que projetos assim dêem certo.

Vários dos seus projetos do passado estão ganhando refilmagens. Você os procura ou eles procuram você?

Eu não procuro ninguém. Alguém que chegou e me avisou: "Eles estão refazendo Agente 86" - e eu perguntei "Sério? Como vai se chamar?", e a pessoa - "Agente 86". "Inteligente", conclui . Sabe, porque fizeram um filme da série há uns 20 anos e deram o nome de A Bomba que Desnuda, o que não foi muito esperto.

E você não teve participação alguma?

Naquele? Nada! Neste me ligaram logo que começou e começaram "o que você acha disso?", "o que você acha daquilo?". O filme tem um bom diretor, o Peter Segal. Um cara maravilhoso. Os roteiristas são bons, os produtores jovens e agressivos e espertos. Mas o brilhante da turma é o Steve Carell. Eles pegaram um cara que é o novo Don Adams - apesar de ele não imitar Don. Ele é apenas ele.

Parece que a premissa segue tão boa hoje quanto foi na Guerra Fria.

Exatamente. É a estupidez pura, honesta e simples de organizações como a CIA que tornam isso possível. Sabe, eles querem fazer um bom trabalho, mas contratam uns braquelos e esquecem das outras raças. Aí fica toda aquela crença de pão branco...

E como você se sente sabendo que 40 anos depois as coisas continuam na mesma?

É verdade. A CIA continua apalermada. É estranho, mas eles são um tipo de super-homens, de tropas da SS: Loiros, bonitos e os melhores, e quem não for assim é melhor que morra queimado. É isso o que torna fazer graça com esses caras tão fácil. Tenho sorte que eles sejam uns paspalhões.

Mas já ouvi dizer que Agente 86 tem fãs espiões...

Eu conheci um cara da CIA uma vez que me disse isso. Ele me disse que todo mundo lá gostava do programa. Aí eu passei a acreditar que há alguns sujeitos inteligentes lá dentro.

E tem as bugigangas, que todo mundo adora.

Eu acho que Buck Henry e eu criamos o celular quando inventamos o sapatofone. Mas ninguém nunca nos pagou direitos sobre isso, ou sobre o Cone do Silêncio. Aliás, adorei o Cone no filme. Eles fizeram um bom trabalho dando um tom mais high-tech a ele. Quanto ao sapatofone, tiramos a idéia na verdade de Dick Tracy. O dele era no relógio, então quisemos colocar o comunicador em um lugar mais ridículo.

Quão difícil é escrever Maxwell Smart?

Você tem que ser tão inteligente quanto puder na estupidez dele. Peter Segal e os roteiristas entenderam isso e respeitaram o público. Eu sempre parto do princípio que um monte de gente mais inteligente que eu verá meus filmes, então não emburreço meu texto. Outro dia eu estava revendo Banzé no Oeste numa sessão especial e a platéia explodia em certas cenas. Então está provado - tem gente tão inteligente ou mais inteligente que eu, então não preciso baixar o nível. Escrevo tão difícil quanto consigo.

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