Entrevista: Karen Allen, a Marion da série Indiana Jones
Atriz fala de Caçadores da Arca Perdida e sua volta em O Reino da Caveira de Cristal
Dois momentos emblemáticos: 1. Comic-Con 2007: Havia uma esperança de que Steven Spielberg, Harrison Ford e outras pessoas envolvidas na produção de Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal aparecessem por lá durante a apresentação da Paramount. Não rolou ao vivo e à cores, mas nos imensos telões da Sala H, eles apareceram para dar um "oi" e mostrar uma surpresa: a volta de Karen Allen, a Marion do primeiro filme, o que levou o público presente a gritar como se um gol (ou touchdown, se preferir) tivesse sido marcado. 2. A cara do Indiana Jones quando Marion Ravenwood volta à sua vida. Dois momentos de uma felicidade pura e verdadeira. É este mesmo sentimento que nós compartilhamos agora com você, nesta entrevista exclusiva gentilmente cedida ao Omelete e seus leitores pela Paramount Home Entertainment. Divirta-se:
Levando em consideração de que eram Steven Spielberg e George Lucas que estavam no comando, você não deve ter tido dúvida alguma de que Os Caçadores da Arca Perdida seria um sucesso quando vocês estavam filmando, né?
Karen Allen
Karen Allen e Harrison Ford
Karen Allen e Steve Spielberg
Karen Allen e George Lucas
Todos sabíamos que teríamos muita atenção sobre o filme por ser a primeira vez que os dois estavam trabalhando juntos. Tudo o que se podia pedir é que [essa atenção] fosse algo positivo e não apenas comentários maldosos. E, nesse caso, foi realmente tudo bem.
Quando você entrou no projeto, você imaginou que ia contracenar com uma Indy bem diferente, não?
Pelo que me lembre, quando eu fui contratada, Tom Selleck já tinha sido descartado [por causa do seu contrato com a série de TV Magnum]. Eu fiz meus testes com Tim Matheson, com quem já tinha trabalhado em Clube dos Cafajestes, e com John Shea. Ouvi dizer que eles também pensaram no Jeff Bridges para o papel, mas nunca fiquei sabendo disso na época ou fiz testes com ele. Mas depois eles acabaram decidindo que Harrison seria uma boa escolha. E eles estavam certos!
Você se lembra da primeira vez que vocês se encontraram?
A primeira vez que nós nos encontramos foi numa sessão de O Império Contra-Ataca. Foi um encontro rápido. Rolou a estréia e depois teve uma festinha. Depois, o encontrei de novo no escritório do Steven, e logo depois disso ele me chamou para jantar em sua casa. Aquele foi o primeiro dia que nós conversamos de verdade. Tudo isso umas três semanas antes de começarmos a filmar.
Todo mundo deve te perguntar sobre o poço das cobras, mas o seu maior medo é de aranhas, né?
Esse é o meu ponto fraco. Eu não ia dar conta se tivesse que atuar com uma tarântula andando no meu pescoço. No fundo, gosto de imaginar que poderia superar minha fobia se tivesse passado por tudo isso, mas não tenho muita certeza se daria certo. Eu estava morrendo de medo no set no dia em que filmamos as cenas com as aranhas e elas estavam ali do lado. Eles me falaram que tinham usado uma fumaça para deixá-las meio atordoadas e menos agressivas, mas não ajudava em nada saber que a qualquer momentoeu poderia ter uma delas andando no meu corpo, o que por sorte não aconteceu.
Quais são as suas lembranças das locações onde vocês filmaram?
Tunisia foi uma experiência sensacional. O Saara é de tirar o fôlego. Era o meio do verão e não sei porque eles decidiram filmar naquela época porque estava muito quente. Depois, nós filmamos em Sousse [cidade litorânea], que é onde fizemos todas as cenas do mercado. Aquele lugar é extraordinário. Eu estava com um sapato e um pé descalço e depois acho que perdi o outro pé também e fiquei descalça. Foi bem complicado para mim, que tinha de correr naquele vestido sem mangas, de frente única e todo rasgado na barra. Em um país muçulmano como a Tunísia, foi muito difícil para mim andar por lá nas roupas da minha personagem sem provocar uma certa consternação, ou um tipo de desrespeito à cultura deles, algo que jamais foi a minha intenção.
A maior parte do filme foi rodada em Londres, que é um dos meus lugares preferidos no mundo e por isso foi uma delícia ficar um tempo por lá. Nós filmamos em Elstree, um estúdio muito legal. Acho que Jim Henson estava rodando algo por lá ao mesmo tempo e as nossas cobras às vezes fogiam para o set dele, o que era meio engraçado.
Nós também fomos a La Rochelle, na França, onde fizemos as cenas dos bunkers. Eles foram construídos em falésias no norte da França pelos nazistas e estavam lá até hoje com algumas marcas da época. Eu me lembro de conversar com algumas pessoas da região, que me disseram que eles já haviam tentado de tudo para detonar aqueles bunkers, mas eles resistiam. Aquelas coisas são indestrutíveis.
Eu não fui para o Havaí, onde eles rodaram o início do filme, que na verdade foi a última coisa a ser feita.
E o filme consegue se manter mesmo depois de todos esses anos... Esse foi um dos motivos que a levou a revisitar o personagem da Marion Ravenwood no novo filme?
Não faz muito tempo, acho que um ano e meio atrás, o filme foi exibido por duas noites no Paris Theatre, de Nova York, e eles me chamaram para falar um pouco antes das sessões. Foi nesse momento que caiu a ficha de que metade da platéia estava assitindo pela primeira vez. Tinha muitos pais levando seus filhos. É toda uma nova geração descobrindo a série e isso foi fascinante. E ver o filme de novo na telona e ao lado do público mostrou como as pessoas ainda se deixam levar pela história.
O seu filho era um dos que estavam vendo pela primeira vez?
Não. Ele já tem 17 anos - não me lembro exatamente quando foi que mostrei o filme para ele a primeira vez, acho que ele tinha uns 8 anos. Já faz um tempinho. Hoje ele já está acostumado. Aliás, ele deve estar é enjoado disso tudo. (risos)
Mas ele ficou empolgado que você estava envolvida no novo filme?
Eu não sei. Ele quer ser um chef, então os interesses dele são completamente diferentes. E ele meio que cresceu no meio de tudo isso, então é algo como "É só a mamãe fazendo um outro filme". Mas com certeza isso aconteceu com alguns de seus amigos, que são fãs do Indiana Jones.
Dada toda a intensidade que é um filme desses, foi fácil aceitar fazer este novo filme?
Sabe, foi muito fácil e dava para dizer isso desde o momento em que eu li o roteiro, me sentei com Steven e vi o que eles tinham escrito para a minha personagem.
Há alguns anos eu vinha ouvindo alguns boatos de que um quarto filme poderia rolar desde que conseguissem um bom roteiro. De tempos em tempos rumores apareciam de que meu personagem poderia voltar nessa história. Eu não tinha idéia do que poderia acontecer de verdade. Para mim, as possibilidades eram infinitas e eu poderia voltar para fazer simplesmente uma ponta. Mas em vez disso, eles escreveram este grande e maravilhoso papel e o contexto em que eu sou reapresentada é ótimo. Para mim foi mesmo uma enorme surpresa.
Algumas pessoas me perguntaram "foi difícil decidir se ia aceitar participar do filme?" E tudo o que eu posso dizer é que não! Não tinha o que pensar. Há algumas coisas que você tem de refletir e outras em que tudo o que você diz é "Claro! Sem dúvida! Estou pronta!"
Leia mais no Especial Indiana Jones