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Filmes
Entrevista

Inspirado em Sessão da Tarde, filme premiado em Bonito pode ganhar continuação

Omelete falou com Ulisver Silva, diretor de Enigmas no Rolê, no Bonito CineSUR 2025

Omelete
7 min de leitura
05.08.2025, às 06H00.
Cena de Enigmas no Rolê (Reprodução)

Créditos da imagem: Cena de Enigmas no Rolê (Reprodução)

Ulisver Silva abre um sorriso quando o Omelete pergunta sobre uma cena específica do seu longa Enigmas no Rolê. Na sequência em questão, o protagonista Andread (Guilherme Godoy) desafia os seus sobrinhos, Eduarda (Maria Rita Franco) e Edinho (Raul Henzo), a resolver um problema lógico envolvendo um bolo de chocolate - o primeiro de vários enigmas que ele propõe aos dois durante o filme, a fim de que possam “fazer por merecer” o ingresso para o show de um de seus artistas favoritos. 

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Conforme Eduarda vai tentando encontrar formas de resolver o problema, e Edinho vai fantasiando maneiras de se vingar do tio pela aula de lógica inesperada, Enigmas no Rolê parece “destruir” bolo após bolo na mesa da família - mas Ulisver jura que não foi bem assim: “A galera comeu, tá? Levou para casa os pedaços. Não foi para o lixo”.

O nosso diretor de arte, o Leo Salles, encomendou 10 ou 12 bolos iguais. E foi curioso porque a gente pediu um bolo liso, sem muitos detalhes, para poder ver melhor os cortes na filmagem - mas daí chegou a encomenda e vimos que eram bolos bem elaborados, com aquelas raspas de chocolate em cima. Por conta disso é que escolhemos usar os elementos gráficos, a animação na tela - para o público enxergar melhor”, completa.

Na entrevista a seguir, conduzida após a exibição de Enigmas no Rolê no Festival de Cinema Sul-Americano - Bonito CineSUR 2025 - dias depois, ele seria premiado como o melhor filme sul-matogrossense do evento -, o cineasta conta para o Omelete de onde veio sua inspiração para esta aventura juvenil, como filmar no seu estado natal do Mato Grosso do Sul transformou a obra, e as possibilidades de uma sequência. Confira!

OMELETE: Ulisver, dos filmes que eu vi aqui, o seu é o que mais explicitamente quer falar com o público jovem. De onde veio essa vontade de fazer cinema juvenil? O que você quis passar para esse público?

SILVA: Eu acho que é uma coisa natural minha. Eu cresci vendo filmes da Sessão da Tarde, né? Parque dos Dinossauros, De Volta para o Futuro, Indiana Jones. O que me despertou o interesse pelo cinema foram os filmes de aventura, ficção científica, adoro Jornada nas Estrelas, entrei nesse universo nerd. Só depois eu fui descobrir que tinha essa palavra. 

E, na minha experiência pessoal, esses filmes, por mais que fossem entretenimento, também abriram a minha mente para diversas coisas. Jornada nas Estrelas me despertou a curiosidade para saber sobre o universo, por exemplo. Indiana Jones, Parque dos Dinossauros me despertaram interesse por saber como é a vida de um cientista. Por mais que nesses filmes o cientista seja retratado de um jeito bem ficcional. Não é necessariamente daquela forma.

Então, depois de anos de estudo sobre dramaturgia, eu vejo que esses filmes servem tanto como entretenimento quanto transmissão de informação, né? Difusão de conhecimento. E agora que eu me tornei realizador, eu tenho vontade de fazer isso para as próximas gerações. Nós já temos no cinema brasileiro muitos bons e boas realizadoras que falam sobre as mazelas do país. Já temos ótimos filmes que falam sobre isso. E eles têm que continuar sendo feitos, mas eu acho que é importante também ter o entretenimento, fazer filmes divertidos, que sejam para a família assistir, para a galera assistir fim de semana ou até na Sessão da Tarde.

E ali dentro, quase como um vírus, tocar em assuntos importantes, provocar reflexão. Acho que as duas coisas podem conviver bem, né? Então, é uma coisa natural minha, eu tendo a ir para a aventura, para o humor, para o lúdico. Ainda hoje tenho uma visão de deslumbramento em relação às coisas. Fui nessa semana para a Gruta do Lago Azul, aqui em Bonito, que eu não conhecia, e me vi como uma criança admirando aquele lugar de milhares de anos de existência, ouvindo a história das ossadas que foram encontradas lá, a preguiça gigante, o tigre dente-de-sabre…

Ulisver Silva é premiado por Enigmas no Rolê (Diego Cardoso | Fotografando Bonito)
Ulisver Silva é premiado por Enigmas no Rolê (Diego Cardoso | Fotografando Bonito)

Então eu vejo que é importante termos filmes calcados na realidade, que façam denúncias sobre questões sociais, mas também o lúdico, o poético, a aventura - até porque isso traz um tempero para a vida, ajuda a gente a levantar a cabeça e buscar caminhos. A gente tem que continuar vivendo também, né? Tem que continuar lutando.

OMELETE: Bacana. O seu filme foi exibido aqui na Mostra Competitiva de Cinema Sul-Matogrossense, ele é ambientado em Campo Grande e tem a questão de trazer essa juventude do estado para a tela. Queria saber: de que forma você busca falar do seu estado no seu filme?

SILVA: Eu venho de um contexto diferente, né? [Em relação a outros cineastas do MS presentes no evento] A minha história sempre foi mais urbana. Então, mesmo sendo sul-mato-grossense, o Pantanal é uma novidade para mim também, né? E eu cresci vendo filmes de Hollywood. As coisas nacionais vieram depois, assim como na música - o gênero musical que eu mais ouço é trilha sonora, só na faculdade eu fui descobrir o samba, o rap, o hip hop, a música sul-mato-grossense…

Mas eu acho que sempre tem coisas que podem ser pontuados, identificadas no Enigmas no Rolê como sendo aqui do Mato Grosso do Sul. O Sol, por exemplo, as cores do dia daqui são muito específicas. É até curioso porque nós fizemos as gravações, a montagem, e daí o filme foi mandado para receber a correção de cor numa empresa de fora, de Minas Gerais. E aí a primeira versão da correção de cor que chegou, nós percebemos que os profissionais lá tiraram o laranja, acharam um pouco exagerado aquele tom. E eu falei: ‘Não, gente, essa é uma característica daqui, o Sol é mais intenso mesmo’. E isso, para mim pelo menos, é algo de conforto - eu me sinto acolhido, em casa, é algo bonito. Não é para dessaturar, não, a gente tem que subir um pouco o nível de saturação, isso é Mato Grosso do Sul, aqui a coisa é mais quente mesmo.

OMELETE: Vou deixar um espaço aqui no final para você falar dos seus próximos projetos - o que está rolando, o que talvez eu veja aqui no CineSUR ano que vem?

SILVA: Eu estou com um dilema, viu? Enigmas no Rolê demorou bastante tempo para sair, foram cinco anos de produção, e ainda estou no trabalho da prestação de contas, esse tipo de coisa. Daí fiz várias exibições dele em escolas, ONGs, e tenho recebido um feedback interessante, né? A garotada vem até mim, diz que gostou e que quer saber mais: ‘Ah, mas e o show do Trovs? Ah, mas e o Edinho e a Eduarda, se reconciliaram com o tio? E a treta do Andread com o irmão dele, o que deu?’. Eles têm perguntado se vai ter Enigmas no Rolê 2, o que é muito legal para mim. 

Então, eu estou justamente nesse momento de brainstorming, né, entendendo se vale a pena fazer uma sequência, se vale a pena transformar numa série, ou se é hora buscar outra história. A gente, que já assistiu a bastante filme, sabe que tem sequências que não deveriam existir, que estragam a história fechada do original. Alguém vai lá e força a barra, sai uma grande porcaria - Velocidade Máxima 2, um lixo inacreditável. E, ao mesmo tempo, tem obras que funcionam bem quando você dá seguimento. Então, se Enigmas no Rolê vai continuar, é necessário achar uma história que valha a pena o esforço, né? Que tenha algo a mais a dizer. No momento, estou avaliando essas diversas possibilidades. Eu vou continuar fazendo longas-metragens, acho que a etapa do curta já passou para mim, mas eu estou analisando as possibilidades antes de decidir. Eu quero decidir até o fim do ano.

OMELETE: Sou muito a favor, tá? Cadê o musical do TROVS, poxa?

SILVA: Aliás, ele existe, tá? Ele não é ficção não, é um artista musical de verdade. Um artista independente, que não está ligado a uma grande gravadora ainda. Encontrei ele no Instagram de um colega meu, comecei a seguir e fiz a proposta, perguntei se ele poderia ceder a música dele para o filme. Ele topou. O cara já apareceu na Sintonia, série da Netflix, mas um papel bem pequeno. Mas a música que tá no Enigmas no Rolê é dele, o clipe é dele. Quando a gente lançar oficialmente o filme, comercialmente, vamos carregá-lo junto na divulgação.

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