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DVD: <i>O mais longo dos dias</i>

DVD: <i>O mais longo dos dias</i>

MF
15.06.2004, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H16
O mais longo dos dias - Ed. de Aniversário 60 anos do Dia D
The Longest Day
- EUA, 1962
Guerra/Clássico - 179 min.
Direção: Ken Annakin, Andrew Marton, Gerd Oswald, Bernhard Wicki, Darryl F. Zanuck
Roteiro: Romain Gary, James Jones, David Pursall, Cornelius Ryan, Jack Seddon. Baseado no livro de Cornelius Ryan.
Elenco:
John Wayne, Robert Mitchum, Henry Fonda, Robert Ryan, Rod Steiger, Richard Todd, Richard Burton, Robert Wagner, Mel Ferrer, Jeffrey Hunter, Paul Anka, Sal Mineo.
Extras: Áudio: Dolby Digital 5.1 (Inglês), Dolby Digital 2.0 Surround (Português e Espanhol); Formato de Vídeo: Widescreen Anamórfico (2.35.1). Legendas: Português, Inglês, Espanhol.
Disco 1: Menu Interativo: Seleção de Cenas | Disco 2: Menu Interativo; Seleção de Cenas; Documentário: Histórias de Bastidores de Hollywood (Legendado); Documentário: De Volta ao Dia D (Legendado); Trailers: O Mais Longo dos Dias, Tora! Tora! Tora!, Patton-Rebelde ou Herói?, Além da Linha Vermelha.
5 ovos!

Darryl F. Zanuck coordena pessoalmente as filmagens

John Wayne, no papel do
tenente coronel Vanderboor
Antes de se tornar o mais famoso 007, Sean Conney foi um soldado inglês
Em 1994, a Fox lançou uma versão
colorida em computadores do clássico
John Wayne (direita) joga xadrez
enquanto espera a hora de filmar

Darryl Francis Zanuck (1902-1979) foi um dos maiores figurões da história de Hollywood. Desde muito cedo ele escrevia roteiros. Um de seus primeiros trabalhos de grande reconhecimento foi Rin Tin Tin (sim, ele mesmo!). Com o passar dos anos, Zanuck foi ganhando notoriedade, até se tornar produtor nos estúdios Warner Bros. Mas quando viu que não teria chance de ascender mais por ali, decidiu abrir seu próprio estúdio, a 20th Century Films, que em 1935 se fundiria com a Fox, formando a poderosa 20th Century Fox.

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Na década de 50, ele deixou sua esposa nos Estados Unidos e foi viver em Paris, produzindo filmes independentes. Segundo contam, estas fitas eram usadas para promover as (novas e lindas) namoradas de Zanuck. Mas em 1962 ele lançou um filme que foi além de dar um generoso destaque para as belas pernas de Irina Demick. Chegava aos cinemas naquele ano O mais longo dos dias (The Longest Day), tido até hoje como um dos grandes filmes de guerra de todos os tempos.

Baseado no livro homônimo (que no Brasil, no entanto, teve seu título foi mudado para O dia mais longo - Difusão Européia do Livro, esgotado) escrito por Cornelius Ryan, O mais longo dos dias deu uma nova guinada na vida profissional de DFZ, levando-o de volta à chefia da Fox. Na época, o estúdio estava praticamente falido pois desembolsara 44 milhões de dólares para as filmagens de Cleópatra (Cleopatra, de Joseph Mankiewick - 1963). Foram os lucros gerados por O mais longo dos dias que deram fôlego para que o filme que tinha Elizabeth Taylor no papel da rainha do Egito fosse reeditado e lançado nos cinemas.

The longest day tinha também um valor pessoal a DFZ porque ele havia participado das duas Guerras Mundiais. Na primeira, ele tinha apenas 14 anos quando foi combater na França. Na segunda foi para batalhas na França e África como coronel.

Com este espírito de ex-combatente, ele viu no livro de Ryan uma verdade que não existia até então no cinema. Um dos principais diferenciais de O mais longo... é que ele não se prende apenas ao heróico lado americano que os filmes de Hollywood geralmente mostram. DFZ chamou cineastas Ken Annakin, Andrew Marton, Gerd Oswald e Bernhard Wicki e os incumbiu de filmar respectivamente as tropas britânicas, americanas, os pára-quedistas e os alemães. Para dar maior credibilidade, ficou decidido que as falas seriam ditas nas línguas (e sotaques) de cada um dos representados, com uso de legendas em inglês quando necessário (há uma versão em que os atores alemães e franceses falam em inglês, mas que só foi exibida na TV, em 1972). O fato de ter sido totalmente filmado em preto e branco deu a O mais longo... um toque a mais de credibilidade, pois o aproximou dos documentários feitos durante o desembarque na Normandia. Aliás, a maioria das locações utilizadas são os locais reais onde aconteceram as batalhas.

Assim como foi descrito no livro - e aconteceu na vida real - há vários personagens de suma importância no Dia D. De generais a soldados, de americanos a alemães, todos tiveram suas vidas mudadas depois daquele 6 de junho. Por isso, foram utilizados 43 personagens principais no filme e, logicamente, há um elenco estreladíssimo. Fazem parte do casting astros como Eddie Albert, Jean-Louis Barrault, Richard Burton, Red Buttons, Sean Connery, Henry Fonda, Gert Frobe, Curt Jurgens, Peter Lawford, Robert Mitchum, Kenneth More, Edmond OBrien, Robert Ryan, Jean Servais, Rod Steiger e Robert Wagner. Até mesmo o compositor Paul Anka (Prenda-me se for capaz), que escreveu a trilha sonora participa como um soldado. Para chamar atenção do público foi convidado também John Wayne, que interpreta o tenente coronel Vanderboor, responsável por um dos batalhões que aterrissaria de pára-quedas atrás da Muralha do Atlântico (as defesas alemãs no litoral francês) para minar as forças nazistas e impedir que reforços fossem enviados para os locais do desembarque.

Para conseguir tornar realidade um projeto deste tamanho e complexidade, DFZ conseguiu do board da Fox um investimento de 8 milhões de dólares (quantia considerada alta para a época). Escaldados com os intermináveis estouros de orçamento que estavam acontecendo em Cleópatra, a diretoria do estúdio avisou que se o projeto ultrapassasse um centavo deste orçamento inicial, o filme seria cancelado. Durante as filmagens, o dinheiro ficou curto e DFZ completou o que faltou usando dinheiro de seu próprio bolso.

O mais longo dos filmes

Para mostrar os preparativos, a apreensão dos soldados, os percalços causados pelo mau tempo, os erros estratégicos dos alemães (que esperavam o ataque em Calais, cidade francesa mais próxima do Reino Unido) e as milhares de mortes, foram utilizados 179 minutos de fita na edição final. Mas todos os vai-e-vens entre o que acontecia na terra do comandante inglês Churchill e o continente tornam não deixam o filme se tornar cansativo, principalmente para os aficionados em História.

A presença de tantos personagens pode confundir a cabeça de muita gente, mas os personagens como o Gal. Theodore Roosevelt Jr. (Henry Fonda), filho do ex-presidente americano, são apresentados ao público e, na verdade, voltam por apenas mais alguns minutos na tela. Isso mostra como patentes eram apenas mais um detalhe na maior ação aéreo-naval da história da humanidade. Era comum ver sargentos (que só são mais importantes que cabos e soldados) comandando equipes depois que seus superiores sucumbiram à artilharia alemã.

Pela preocupação de DFZ de mostrar não apenas o que aconteceu nas praias invadidas pelos americanos (Utah e Omaha - a mais sangrenta), mas também a ação comandada pelos outros aliados, o filme tem um de seus pontos altos no ataque da resistência francesa ao vilarejo de Ouistreham. Em uma tomada aérea feita de um helicóptero é mostrada a invasão das tropas aliadas, o contra-ataque alemão e a defesa do Cassino, onde os alemães guardavam boa parte de suas munições para a região próxima a Caen.

As cenas de batalhas são mais, digamos, românticas que as mostradas por Spielberg em O resgate do soldado Ryan, mas isso tudo reflete o cinema feito na época. As mortes de soldados atingidos são antecedidas por piruetas, ou voltinhas, que dramatizam a morte. Stephen Ambrose (1936-2002), autor de Band of Brothers, O Dia D - 6 de Junho de 1944 - A Batalha Culminante da Segunda Grande Guerra e Soldados Cidadãos disse que Spielberg não teria filmado Soldado Ryan daquele forma se não fosse a guerra do Vietnã, a primeira a a mostrar para telinhas do mundo todo as barbaridades que acontecem nas batalhas. Ambrose destaca também que o filme produzido por Zanuck mostra soldados caindo mortos imediatamente após serem atingidos e que em apenas 10% dos casos isso acontecia de verdade. O mais comum eram homens caídos, agonizando por intermináveis minutos, suplicando por ajuda e morfina.

O mais longo dos extras

Na verdade, os extras não são tão longos assim. O primeiro documentário tem apenas 24 minutos e trata-se de uma edição especial do programa Backstory e foi batizado de História dos bastidores de Hollywood - O mais longo dos dias. Nele são mostrados os bastidores do filme, com depoimento de quem participou das filmagens, a estréia em Paris e as conseqüências de seu sucesso (foi o filme em preto e branco mais visto em sua época). Há também trailers de outros filmes de guerra produzidos pela Fox, como Tora! Tora! Tora!, Patton - Herói ou rebelde?, Além da Linha Vermelha e, claro, O mais longo dos dias.

Mas o melhor deste disco 2 é o documentário De volta ao Dia D (51 min). O filme foi feito em comemoração aos 25 anos do Dia D e mostra DFZ andando pelas praias da Normandia, comentando trechos de seu projeto e contando detalhes da filmagem. As cenas em que ele se encontra com cidadãos franceses e começa a relembrar como foi o desembarque Aliado são mais armadas que as pegadinhas do Sérgio Mallandro, mas nem isso tira a graça do filme. Na verdade, só mostra o quanto Zanuck gostava de entreter a audiência.

O mais triste é ouvir DFZ questionando a política de guerra de seu próprio país e do mundo. Segundo ele mesmo, um dos motivos que o levou a filmar O mais longo dos dias foi a possibilidade de mostrar ao maior número possível de pessoas como a guerra era algo ruim, nocivo à nossa sociedade. Ele imaginava que ao ver toda aquela barbárie na tela, as pessoas começariam a pensar duas vezes antes de iniciar uma nova guerra. Zanuck se diz entristecido ao ver que não conseguiu. Na época em que este documentário foi filmado, os Estados Unidos tinham participado das guerras da Coréia e Vietnã e o mundo via diversos conflitos estourarem, como as ainda freqüentes disputas entre israelenses e árabes no Oriente Médio e revoltas e guerras na África.

"Claramente, meu ideal não se materializou", diz Zanuck do cemitério americano na Normandia, onde estão enterrados 9 mil soldados americanos.

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