Donos de redes de cinema americanos estão preocupados com a aquisição da Warner Bros. pela Netflix, principalmente pela prática do serviço de streaming de não lançar a maioria dos seus filmes no cinema.
Alguns donos de cinemas estão torcendo abertamente para que o governo dos EUA impeça a Netflix de adquirir a Warner Bros. por dependerem muito dos 12 a 14 filmes que o estúdio lança anualmente. "Espero que o negócio seja cancelado para que a Warner possa ser vendida para uma empresa melhor", diz Chris Randleman, diretor de receita da Flix Brewhouse, uma rede de cinemas de luxo com sede no Texas.
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"A decisão está nas mãos dos talentos de Hollywood. Espero que eles se posicionem contra isso, porque isso pode mudar tudo. Toda a propriedade intelectual do mundo não significa nada se você não tiver cineastas e estrelas de cinema dispostos a trabalhar com você," continuou o executivo.
Vale lembrar que a Netflix já sinalizou que deve honrar os contratos da Warner com o cinema, contudo, o CEO do streaming,
Ted Sarandos, já disse amplamente ser contra o formato de lançar filmes no cinema,
e isso pode indicar mudanças nos próximos anos.
“Está amplamente comprovado que janelas de exibição mais curtas resultariam em menor potencial de geração de receita para os filmes”, afirma Eduardo Acuna, CEO da Regal Entertainment. “Essas receitas menores inevitavelmente levariam ao fechamento de cinemas, o que limitaria a capacidade dos consumidores de assistirem aos filmes no formato originalmente idealizado pelos cineastas. Além disso, resultaria em perda de empregos e prejuízos econômicos para os comércios vizinhos aos cinemas afetados pelo fechamento. Em última análise, os consumidores sairiam perdendo.”
Tudo sobre a aquisição da Warner pela Netflix
Netflix anunciou um acordo para adquirir a Warner Bros. Discovery (WBD) num dos maiores negócios da história do entretenimento global. A operação combina dinheiro e ações — avaliando a WBD em US$ 27,75 por ação — e totaliza quase US$ 83 bilhões em valor empresarial, com US$ 72 bilhões em valor de mercado para os acionistas.
O que muda para a Netflix?
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A Netflix alavanca seu crescimento ao incorporar um vasto catálogo histórico de filmes e séries, incluindo ativos premium como HBO/HBO Max, além de estúdios e franquias icônicas.
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A ação representa uma mudança significativa no modelo tradicional da Netflix, que até então crescia principalmente por produção orgânica e licenciamento, e agora passa a integrar grandes ativos tradicionais de Hollywood.
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A operação ainda dependerá de aprovações regulatórias, podendo enfrentar escrutínio antitruste.
Expansão estratégica e pressões regulatórias
A aquisição marca uma mudança na estratégia da Netflix, que historicamente cresceu com produções próprias e licenciamento. Sob seu guarda-chuva, o estúdio Warner passaria a operar com fluxo próprio, mantendo lançamentos de cinema com janelas tradicionais e uma estrutura híbrida entre streaming e exibições teatrais — uma expansão do modelo atual da plataforma.
O negócio, porém, enfrenta resistência. Cineastas e produtores pediram ao Congresso dos EUA um escrutínio antitruste rigoroso, alegando risco de concentração de mercado. Legisladores também solicitaram avaliações detalhadas sobre impacto em concorrência, distribuição e relações trabalhistas no audiovisual.
Disputa acirrada e críticas entre concorrentes
Durante o processo, a Paramount Skydance questionou a lisura da venda e acusou a WBD de favorecer a Netflix. A empresa defendeu a criação de um comitê independente para avaliar as propostas, enquanto grupos políticos republicanos também demonstraram preocupação pública com a expansão da Netflix sobre operações de TV e cinema.
O que acontece agora e resposta do governo
As negociações seguem exclusivas por prazo limitado e podem resultar num anúncio oficial caso Netflix e WBD alinhem os termos finais. Depois disso, o acordo ainda precisará passar pelo crivo dos reguladores — etapa que pode se prolongar ao longo de 2026.
A proposta da Netflix chamou atenção dos órgãos regulamentadores nos Estados Unidos, com a representante republicada Darrell Issa fazendo uma carta em novembro para a Procuradora-Geral dos EUA, Pam Bondi, e ao presidente da FTC, Andrew Ferguson, e à Procuradora-Geral Adjunta da Divisão Antitruste do Departamento de Justiça, Gail Slater.
A Netflix é a principal líder no mercado de streaming, e a aquisição da HBO Max, representaria uma grande disrupção no cenário dos serviços de streaming. Devido a esses problemas, a Paramount teria enviado uma carta ao time legal da Warner avisando que a negociação com a Netflix pode não se concretizar devido aos órgãos regulamentadores, e também acusando a empresa de favorecer o streaming nas negociações.
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