Diretor comenta corte brutal que censores impuseram ao remake de Quadrilha de sádicos
Diretor comenta corte brutal que censores impuseram ao remake de Quadrilha de sádicos
Durante uma coletiva em Paris para divulgar The hills have eyes, refilmagem do clássico Quadrilha de sádicos que Wes Craven dirigiu em 1977, o cineasta Alexandre Aja falou um pouco sobre a classificação etária do filme e dos sérios cortes que sofreu por ser violento demais.
A MPAA, Motion Picture Association of America, pretendia carimbar o NC-17 (proibido para menores de dezessete), o que comercialmente é visto como um suicídio de bilheteria. Só liberou o índice Rated-R (menores de dezessete podem assistir se acompanhados de responsável ou adulto) para o filme porque Aja aceitou reeditá-lo. Mas não ficou feliz com isso. Nós tivemos sérios desentendimentos com eles [a MPAA]. Eles nos pediram para cortar basicamente alguns minutos de filme. É um corte brutal. Vai além da censura, reclama em entrevista ao site FilmFocus.
A partir daqui Aja comenta (e se indigna), pontualmente, os cortes exigidos pela associação.
Isso revela um monte de segredos do filme. Siga adiante por seu próprio risco (marque com o mouse para ler) ou passe para o final da notícia.
Eles cortaram alguns closes de Big Bob queimando e seus olhos ficando brancos. Cortaram um close de Lynne sendo alvejada na cabeça, a explosão do disparo e a hora do impacto. E cortaram um plano da arma sendo apontada para o bebê. E também cortaram meio minuto da cena de estupro de Brenda, começa. Meio minuto pode parecer nada, mas é coisa pra caramba.
E continua: No final eles cortaram um pedaço do Lizard sendo alvejado. Ele deveria ter sido atingido três vezes, mas cortaram um plano dele sendo atingido na garganta. Agora Doug só atira nele duas vezes. Originalmente ele [Doug] também o atinge na cara mais vezes. No original ele [Lizard] já estava praticamente morto, então surpreende vê-lo se levantar de novo. Agora, do jeito que reeditaram, dá pra perceber que o cara vai se levantar de novo. Isso foi bastante estúpido e eu tive uma discussão grande, muito grande, com eles por conta disso.
Para o diretor, estão talhando sua criatividade. Desde quando não podemos ter a catarse e o prazer de ver o malvado morrendo? É insano. É como tentar censurar uma coisa que é o bê-á-bá de um filme. É censurar o drama. Aparentemente não se pode ter vingança mais.
O que vem agora não é tão estraga-prazeres assim. Pode voltar a ler. ;-)
Em compensação, ele comenta que o subtexto político do filme sobreviveu ao açougue. Mais até do que no original de 1977 - Eu sou francês, é claro que é um filme político!, diz. Eu tinha certeza de que quando estávamos escrevendo o roteiro todo o contexto político seria eliminado. Tinha certeza que muito diálogo seria cortado, como quando Doug diz ser um democrata e Big Bob um republicano. Estava convencido de que iam cortar a hora em que aparece a bandeira. Mas tudo isso passou ileso.
Segundo ele, The hills have eyes ainda funciona na tela. O que eles cortaram não tirou nada do horror, da brutalidade e do impacto do filme final. Eles são estúpidos demais para compreender isso. Como tudo aqui tem a ver com autoralidade, mas também com apelo comercial, é legítimo especular que a chamada para vender o DVD será a edição-sem-cortes-do-diretor. Aja confirma: O filme sairá sem censura no DVD, o que acho que já é alguma coisa.
Na história, uma família em férias, cujo motor home tem os quatro pneus furados no meio do nada, fica à mercê de um estranho grupo de humanos deformados, gerados a partir dos testes nucleares que o governo realizou na área décadas atrás. Ao lado de Peter Locke, produtor do primeiro filme, o próprio Wes Craven - diretor do original - produz o remake. O elenco inclui Aaron Stanford, Ted Levine, Vinessa Shaw, Emilie de Ravin, Dan Byrd, Kathleen Quinlan e Robert Joy.
Quadrilha de sádicos estréia dia 10 de março nos Estados Unidos - e tomara que chegue logo aqui!