Deite Comigo (Lie With Me) é um romance na linha de 9 Canções. É mais leve que o bom pornô-musical-com-história de Michael Winterbottom, porém. Mas muito mais explícito que qualquer romance que chega às telonas dos cinemas normalmente.
Em filmes como este independente, do canadense Clement Virgo, o sexo é honesto - os personagens transam como fariam na vida real. Não há iluminação glamurosa, posições embelezadas ou diálogos falsos. A intenção do diretor - e da autora do romance que baseou o longa, Tamara Berger, que também o adaptou - é explorar os sentimentos por trás do comportamento impulsivo em relação aos relacionamentos sexuais de sua protagonista, Leila (Lauren Lee Smith).
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A bela jovem não impõe muitas regras a si mesma nesse aspecto. Livre, ela desfruta da companhia de homens que conhece em festas sem arrependimentos ou ilusões. Sua única busca é o prazer. Mas ao conhecer um desses parceiros ocasionais, David (Eric Balfour, o Gabe de A Sete Palmos), ela, inadvertidamente, começa a querer um novo encontro - e mais um. Um início de relacionamento desponta.
A câmera de Virgo é bem posicionada para evitar o explícito, mas não se desvia quando a coreografia sexual invade o campo. Ele deixa a cena acontecer, não a procura. E apesar de manter esse certo distanciamento realista, sem conduzir demais os atores, o senso estético do cineasta se faz presente nos cenários, na iluminação e na própria seleção de elenco. Afinal, os protagonistas todos são atraentes.
Deite Comigo é, portanto, um romance sexualmente ativo e nada reacionário. Seus personagens não sofrem críticas pelo seu comportamento ou suas escolhas. Sofrem, sim, pelas mudanças que precisam eventualmente encarar, como qualquer um de nós.