Da Frigideira: Monstros vs. Alienígenas
DreamWorks Animation determinada a entrar por cima no mercado de projeção 3-D
Enquanto a concorrência colocava no mercado produções como A Família do Futuro, Beowulf e Bolt, com bons resultados, a DreamWorks Animation SKG cuidava de sua própria tecnologia proprietária em 3D estereoscópico (para ser assistido com óculos especiais), o Tru3D.
O primeiro filme a ser lançado dentro dessa nova tecnologia pelo estúdio será a computação gráfica Monstros vs. Alienígenas (Monsters vs. Aliens).
Monsters vs. Aliens
Monsters vs. Aliens
Monsters vs. Aliens
No final do ano passado, o Omelete foi convidado pela Paramount Pictures para assistir a uma prévia do filme. A sessão começou com um discurso de Jeffrey Katzenberg, executivo-chefe do estúdio, lido pelo diretor geral da Paramount Brasil, Cesar Silva. O texto exaltou a nova tecnologia, comparou-a à transição do cinema mudo ao falado e evidenciou as diferenças entre Monstros vs. Alienígenas e os demais filmes em 3D existentes no mercado.
Confesso que enquanto ouvia a argumentação do co-criador da Dreamworks fiquei pensando que o teor era um tanto exagerado demais... mas isso foi só até o início da projeção. Tecnicamente, não vi grande diferença entre as tecnologias existentes, como a Disney Digital 3-D, e a novidade. Ambas funcionam muito bem. Mas um elemento - e aqui uso a expressão de maneira figurativa - me "saltou aos olhos": A atenção da empresa ao uso da técnica como apoio narrativo e não como mero elemento decorativo.
Em seu discurso, Katzenberg evidenciou que Monstros vs. Alienígenas é um filme pensado desde o primeiro rascunho de roteiro para a exibição em 3D estereoscópico, algo que o diferencia dos demais já que a grande maioria recebe o tratamento de profundidade apenas na pós-produção. A grande exceção até aqui é mesmo A Lenda de Beowulf, que tem planos pensados para o novo formato. Mas é certo que isso foi obra de Robert Zemeckis, não de Neil Gaiman e Roger Avary, os roteiristas do épico. Ao pensar as possibilidades 3D desde o início, produtores, diretores e roteiristas podem planejar cenas que aproveitem ao máximo tal profundidade. O próprio Katzenberg explica:
"Desde que D.W. Griffith começou a movimentar a câmera, a tomada panorâmica tem sido uma ferramenta para os produtores acompanharem a imagem através da tela - de forma mais notável em um filme como Lawrence da Arábia, para sugerir a vastidão do deserto - ou em Guerra nas Estrelas, para nos levar de um céu cheio de estrelas até as batalhas entre as naves espaciais.
Agora, pela primeira vez, os produtores podem usar uma tomada panorâmica para acompanhar a imagem para dentro da tela. Isto é mais do que apenas um novo movimento da câmera porque pode também ser um importante artifício para a narrativa da história. Em um momento muito intenso, a câmera pode trazer o público para mais perto. Em um momento de isolamento humano, a câmera pode rapidamente se afastar. É isso que o "D" de "3D" significa - dimensionalidade. Não somente a dimensionalidade visual , mas também a dimensionalidade emocional".
Tudo muito bacana - e promissor. Mas e o filme? Será que estamos diante de mais um Viagem ao Centro da Terra 3D? Uma produção que emprega direito a técnica mas deixa de escanteio qualquer fundamento de narrativa?
Felizmente, Monstros vs. Alienígenas é, como Beowulf, um longa que parece fundir a qualidade técnica com boa história. Vimos quatro grandes trechos do longa e a premissa e piadas foram divertidíssimas e alguns dos planos realmente impressionantes. A trama reinventa os filmes de desastres e monstros dos anos 1950 como uma comédia de ação. Uma espécie de Homens de Preto ou Hellboy com uma invasão alienígena digna de Guerra dos Mundos. Nos segmentos vistos fomos apresentados à equipe secreta de monstros do governo dos Estados Unidos ("o único país onde os alienígenas costumam atacar", segundo um dos personagens do filme), mobilizados para defender a Terra dos invasores.
Cada monstro tem um equivalente na ficção científica clássica. O brilhante inseto Dr. Cockroach (voz de Hugh Laurie) é a versão cômica de A Mosca. O meio-macaco meio-peixe Missing Link (Will Arnett) tem semelhanças com o Monstro da Lagoa Negra. Já o gelatinoso e indestrutível B.O.B. (Seth Rogen) é A Bolha Assassina com senso de humor. A garota gigante Susan Murphy (Reese Whiterspoon) é referência clara ao longa A Mulher de 15 Metros. Já o indescritível bicho de 100 metros de altura chamado Insectosaurus representa todos os monstros gigantes já criados.
A cena de apresentação das criaturas é genial e as referências ao cinema e piadas são bastante inteligentes, ainda que acessíveis. A conexão com os mais novos vem do humor mais fácil de B.O.B. e da ação empolgante. A partir do pouco que pudemos ver, parece que a DreamWorks tem um novo Shrek em ebulição...
O único problema do 3D estereoscópico para os brasileiros é a inexistência de tecnologia para legendas. Com cópias exclusivamente dubladas, perde-se todo o talento dos dubladores originais - e a produção reuniu aqui um elenco inspirado: Além dos citados acima o filme tem Rainn Wilson, Stephen Colbert, Kiefer Sutherland e Paul Rudd. Tirando Reese Whiterspoon, esse definitivamente não é o típico elenco que se espera de uma animação blockbuster. A DreamWorks parece mesmo determinada a criar um filme inovador e memorável - e tudo indica que conseguiram. A certeza disso teremos em 27 de março, quando o filme estreia no Brasil. O Omelete, claro, continuará sua cobertura. Até lá!
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