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Da Frigideira: Borat

Da Frigideira: Borat

MF
30.10.2006, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H21
Borat
Borat: Cultural Learnings of America for Make Benefit Glorious Nation of Kazakhstan

Inglaterra/EUA, 2006
Comédia - 82 min

Direção: Larry Charles
Roteiro: Sacha Baron Cohen, Anthony Hines, Peter Baynham, Dan Mazer

Elenco: Sacha Baron Cohen, Ken Davitian, Pamela Anderson

A pergunta é: como acordar três cozinheiros às 10h da madrugada do sábado? Avise que vai ter uma sessão especial de Borat (2006). Só assim para Érico Borgo, Marcelo Hessel e eu limparmos rapidamente a areia do sono deixada pelo nosso amigo Morpheus e corrermos para o cinema. Claro que esta não foi a primeira vez que isso aconteceu. Em filmes-evento é comum ver a Cozinha reunida, ansiosa pelo apagar das luzes. Mas pelo que a minha memória me permite lembrar, esta foi a vez que mais demos risadas.

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Recapitulando a história: em junho deste ano, colocamos no ar a primeira nota sobre o filme Borat, dizendo que se tratava de um dos trailers mais engraçados do ano. De fato era! E assim começou a febre. Nos tempos vagos entre uma atualização e outra, percorríamos o YouTube em busca de mais. E achávamos!

O tal jornalista do Cazaquistão é um personagem criado pelo comediante Sacha Boran Cohen. Sua primeira aparição foi no programa Da Ali G Show, do próprio Cohen, que era exibido no Channel 4 inglês e na HBO norte-americana. Algumas pessoas acham que Borat é uma cópia de Mahir Çagri (que se tornou uma celebridade da Internet pelo seu website tosco), mas o personagem de Cohen teve sua primeira forma em 1995. Foi criado como um repórter da Romênia, depois virou albanês e enfim ganhou o mundo como Borat Sagdiyev.

Embora o longa-metragem recicle algumas piadas do programa de TV (como o esquete em que ele canta o hino nacional do Cazaquistão no país do George Walter Bush), o filme não perde a sua força, que se concentra nas entrevistas. Como repórter estrangeiro fazendo pesquisa para entender o povo estadunidense e assim melhorar o glorioso Cazaquistão, Borat conversa com pessoas reais dos mais diferentes tipos. De feministas de Nova York a políticos de Washington D.C.. As melhores situações são aquelas em que ele consegue mostrar o que se passa dentro da cabeça do norte-americano médio, como o cowboy que se mostra homofóbico e anti-islâmico, ou o dono da loja de armas que não pestaneja na hora de responder qual a melhor arma para matar um judeu?: uma 9mm ou uma calibre 45.

Espero que ninguém leve isso para o lado pessoal, mas as melhores piadas são as feitas com os judeus. Principalmente porque Cohen - como o sobrenome já escancara - é judeu! Parece até aquele episódio do Seinfeld que o seu dentista se converte ao judaísmo só para poder fazer piadas sobre o assunto. A melhor é a seqüência em que Borat e seu produtor Azamat (Ken Davitian) se hospedam em um bed & breakfast de propriedade de um casal semita. A tensão criada pelos dois atores nasceu clássica.

Além deste humor inteligente e satírico, o filme passa também pelo escatológico e até o pastelão. Aproveitando que ninguém conhece o Cazaquistão e fazendo o tipo ingênuo, Cohen vai chocando os entrevistados um a um. Algumas pessoas realmente acreditam no personagem e no que ele fala. Outros ficam incrédulos, na dúvida se Borat tem noção do que está fazendo ou dizendo. E este é o grande barato do filme, ver as reações das pessoas àquele ser estranho que fala um inglês macarrônico permeado por palavras de uma língua estranha (e falsa, que mistura o hebraico com polonês), não tem vergonha de dizer o que pensa e considera cotidianas atrocidades como estupro.

Em vez das armas que são levadas para o Iraque ou qualquer outro lugar onde os estadunidenses julguem que algo está errado, Cohen usa apenas o seu senso crítico e humor ácido para desarmar a atual onda de correção política que invadiu os Estados Unidos e vem se espalhando pelo mundo. A destruição - de mitos - é em massa e não poupa nem Pamela Anderson, que lançava um livro sobre defesa dos animais na época em que o filme estava sendo feito.

Dizem que o próximo filme do inglês Sacha Baron Cohen vai seguir o mesmo estilo pegadinha que coloca o ator em contato com pessoas reais. Mas, em vez de Borat, ele encarnaria outro de seus personagens, o efeminado Bruno. Depois de tanta exposição, dizem, não há mais como fazer Borat continuar sua peregrinação pelos Estados Unidos & América. E, convenhamos, não ia ter a mesma graça se fosse em outro lugar.

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