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A crítica completa de Harry Potter e o cálice de fogo será publicada apenas em 24 de novembro, um dia antes do lançamento do filme no Brasil, mas na clássica seção Da Frigideira os colaboradores do Omelete escrevem sobre filmes mais aguardados pelos fãs no calor da saída do cinema, sem pensar muito, enquanto ainda estão sob o efeito narcótico da telona. Assim, confira abaixo o texto prévio, escrito por Soraia Yoshida - nossa cozinheira em Londres, que acompanhou a première do filme - para ter um gostinho do que está chegando por aí...
Ainda se podia ouvir os barulhinhos da platéia se acomodando nas poltronas, quando as luzes se apagaram e a tela foi aberta para revelar o logo da Warner e a conhecida música que precede cada aventura. Mas, de cara, já era possível perceber que algo estava diferente. Tudo muito escuro, um tom fúnebre que quase me fez questionar em que ponto o nome de Tim Burton iria aparecer misteriosamente nos créditos.
Mas é Harry Potter. E da melhor qualidade. Agora com direção de Mike Newell, diretor britânico, sujeito tranquilo e sutil e um cavalheiro em pessoa. Não seria surpresa se nas mãos dele o filme ganhasse uma leveza digna das fitas inglesas de maior sucesso, como Quatro Casamentos e um Funeral, grande sucesso do próprio Newell. Mas o resultado está longe disso. A trama deste quarto filme definitivamente não é certa para essa sensibilidade. Agora é a hora de Harry enfrentar Voldemort!
Quem acompanha as aventuras do personagem de J.K. Rowling sabe que Harry Potter e o Cálice de Fogo é o momento em que o universo infantil cede lugar a uma adolescência conturbada, às vezes raivosa. Harry está crescendo e, com ele, os leitores. Por isso não espanta que este seja o primeiro filme da série com censura 12 anos (13 nos EUA). Aliás, essa é justamente a primeira constatação: não é um filme infantil. Você ficará com medo em alguns momentos. Talvez não do dragão (que aqui em Londres foi usado para deliciar a platéia na pré-estréia em Leicester Square), mas se perder em um labirinto com misteriosas plantas vivas não é exatamente divertido... principalmente quando se sabe que o relógio está em contagem regressiva e que, em algum momento, o tinhoso aparecerá em pessoa, a encarnação da pura maldade.
E aí dá para sentir como um bom ator faz mesmo diferença no elenco. Ralph Fiennes como Lorde Voldemort é assustador. Preste atenção aos olhos, que hipnotizam a gente e nos levam para a mente de uma criatura do mal. Lembra de Hannibal Lecter? Quase... mesmo quando ele sai de cena e você sente um certo alívio, fica a impressão de que você gostaria de sentir aquele frisson de novo, só para saber se o sujeito é mesmo tudo aquilo...
Mike Newell tentou construir seu filme em torno desse encontro, cada embate de Harry leva-o mais perto desse momento. Que ele apareça inseguro e que até alguns amigos resolvam se afastar dele funciona bem, já que a platéia sente uma espécie de responsabilidade de dar apoio moral ao herói. Mas é o clima sombrio o melhor elemento do filme, o mais acertado. Fica aí, nessa continuidade, um desafio interessante para o próximo diretor (não eu, disse Newell durante a entrevista coletiva). Boa sorte a David Yates, que começa Harry Potter e a ordem da fênix no início de 2006!
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