Cena de YES! (Reprodução)

Créditos da imagem: Cena de YES! (Reprodução)

Filmes

Crítica

YES! expurga em filme o desespero de um artista convivendo com o horror

Confira a crítica do filme de Navad Lapid exibido no Festival de Cannes 2025

Omelete
3 min de leitura
24.05.2025, às 08H30.

Para Y. (Ariel Bronz), um pianista de jazz que virou uma espécie de comediante e palhaço para a elite de Tel Aviv, só há duas palavras importantes no mundo: sim e não. Quando YES! começa, ele e sua esposa – a dançarina Yasmin (Efrat Dor) – viraram basicamente animadores de festa dispostos entregar danças, músicas, humilhação e sexo para as pessoas mais ricas e influentes de Israel, e ele só tem dito sim. É claro, então, que Y. não pensa duas vezes antes de aceitar a primeira tarefa que eles os dão que tem alguma coisa a ver com sua natureza artística: criar a melodia do novo hino do país, uma canção cujas letras profetizam que dentro de um ano não haverá mais nada respirando em Gaza.

Essa é o mais leve dos cortes que o diretor Nadav Lapid faz contra sua terra natal nesse filme, uma bagunça emocional que parece mais ter sido expelida do que construída. Escrito, originalmente, antes do massacre de 7 de outubro de 2023, e da resposta violenta que Israel vem conduzindo desde então, YES! foi reconstruído como um filme poderosamente imperfeito sobre a impossibilidade de um artista em processar, quanto mais entender, o que aparece em seu celular dia após a dia, e como sua alma é gradualmente sufocada enquanto ele precisa manter as aparências – para os outros e para si mesmo. Está claro, em tela, que Lapid precisava fazer esse filme. A ansiedade que infecta a tela sugere que, se ele não o fizesse, sua cabeça explodiria.

Pulsando com a energia de uma balada no apocalipse, a primeira parte de YES! apresenta o casal principal, pais recentes com grandes desafios financeiros pela frente, ainda com algum vislumbre de vida em seus olhos, mas depois de um capítulo intermediário onde fugir da realidade se torna algo fora de cogitação, esse filme outrora raivoso termina com uma sensação implacável de derrota. Essa transformação é encenada com uma sátira que, mais do que criticar, parece querer gritar. 

Essa sensação de desespero é perpetuada por todo o filme, que existe na beira da surrealidade febril vinda de um pesadelo do qual ninguém consegue acordar, mas que todos fingem não ter. Aqui e ali, porém, as máscaras caem. O riso fácil de Y. e Yasmin só é verdadeiro quando eles estão dançando e se amando em casa, mas até ali – especialmente quando olham notícias sobre a quantidade de mortos no mais novo bombardeio executado por Israel, e Lapid troca o som do filme por gravações de palestinos em prantos e berros – parece haver uma sombra se aproximando.

Gera-se uma urgência que parte do diretor e até do elenco, encabeçado por dois atores dispostos a descartar toda e qualquer beleza de seus seres, sacrificando o corpo para encenar o custo humano de viver fingindo que não há nada de mau acontecendo, muito menos a poucos quilômetros de onde moram. Na busca por expressar tudo isso, Lapid faz algo mais expressivo do que alinhado. YES! tem longas sequências que, apesar de serem recheadas de piadas perturbadoras e figuras caricatas, se tornam mais exaustivas do que eficazes, e o texto em volta dos personagens principais sofre quando não está falando no elefante que mora em todas as salas daquela cidade.

É como se Lapid continuasse gritando algo que nós já compreendemos. Mas quem pode culpá-lo por sua insistência? YES! mais parece uma festa onde não há uma pessoa sequer da qual gostamos. Queremos ir embora, mas não conseguimos achar a saída. A verdade, claro, é que não há saída. Especialmente para quem enxerga nuvens de fumaça e fogo pela janela.

Nota do Crítico
Ótimo

YES

YES! (2025)

Ano: 2025

País: Israel

Duração: 160 min

Direção: Nadav Lapid

Onde assistir:
Oferecido por

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