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Filmes
Crítica

White Boy Rick

A ilusão americana

NB
26.11.2018, às 08H07.
Atualizada em 10.01.2019, ÀS 23H57
White Boy Rick

Créditos da imagem: Divulgação

Descrever Richard Wershe Jr. como precoce é simplificar uma vida complicada. Aos 14 anos, ele era o mais jovem informante do FBI. Aos 15, depois de levar um tiro e descobrir que era pai, começou a vender cocaína. Aos 18 anos, foi condenado a passar o resto da vida na prisão.

White Boy Rick narra as ilusões criadas em uma cidade em decadência, a Detroit da década de 1980, e as decisões erradas cheias de boas intenções tomadas por pessoas cujo principal desejo é uma vida melhor. Wershe Jr. (Richie Merritt) era filho de Richard Wershe Sr. (Matthew McConaughey), um vendedor de armas que entre uma ilegalidade e outra levou sua família para  um caminho sem volta.

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Dirigido pelo francês Yann Demange, com base no roteiro de Andy Weiss, Logan Miller e Noah Miller, o filme empresta um olhar estrangeiro a uma história americana, deixando a biografia em segundo plano para extrair uma narrativa sobre o estigma do fracasso nos EUA. A primeira cena, ao som de “Cocaine Blues” na voz de Johnny Cash, estabelece o tom: uma criança corre pelos corredores de uma feira de armas até que a câmera encontra pai e filho usando toda a sua lábia para dobrar um vendedor. Na cena seguinte, os dois conversam no carro voltando para Detroit e McConaughey se abre para uma atuação que se vale do seu carisma e da sua sensibilidade para incorporar o sonho americano e todo o constrangimento da sua não realização. Em um diálogo despretensioso, um pai fracassado explica para o filho que ainda não desistiu de sonhar.

Rick não compra essa dose de esperança e esse contraste é necessário para que se entenda o que o direciona sua virada de jovem pobre para gângster. Demange olha para a cultura das gangues com fascínio, o que é traduzido como um encantamento contínuo na atuação de Merritt. Rick vê tudo como o garoto que é, ciente dos perigos e das consequências, mas claramente seduzido pela possibilidade de ter, não importa como, o que o seu pai não tem: sucesso.

O FBI entra para desfazer essa fantasia juvenil. Longe de representar a lei e a ordem, contudo, os policiais interpretados por Jennifer Jason Leigh, Brian Tyree Henry e Rory Cochrane, estão lá para assinalar a insignificância de Rick, seu pai e qualquer um que acabe no fogo cruzado da lógica burocrática de combate ao crime. Não há espaço para o lado humano, para os pormenores dos erros. Quando deixa de ser útil, o garoto passa a ser um empecilho para o governo, que não está preocupado com a sua idade ou com a sua recuperação em sociedade. Rick passa a ser estatística, uma que só tem validade quando está atrás das grades.

São os sonhos por sucesso que desencadeiam as ações em White Boy Rick, o que é traduzido pela fotografia de Tat Radcliffe - fidedigna na sua representação da época, mas acompanhada por uma gradação onírica em todas as imagens. Talvez pelo mesmo motivo o ritmo do filme seja irregular, usando mais sentimentos e sensações do que causa e efeito para construir o seu ponto de vista. 

Essa é a cinebiografia da complicada vida de Richard Wershe Jr., mas Yann Demange decide tratá-la como uma alegoria cultural, valendo-se de atuações contundentes para dar consistência à narrativa. É somente no último momento que o diretor traz o longa para a “realidade”, terminado em uma nota que é, ao mesmo tempo, dolorosa e enérgica. Fica difícil sair do cinema sem levar um pouco da história de Rick.

Nota do Crítico

Bom
Natália Bridi

White Boy Rick

White Boy Rick

2018
14.09.2018
1h51 min
Drama
País: Estados Unidos
Direção: Yann Demange
Roteiro: Logan Miller, Andy Weiss, Noah Miller
Elenco: Piper Laurie, Richie Merritt, Brian Tyree Henry, Rory Cochrane, Jennifer Jason Leigh, Matthew McConaughey, Bruce Dern
Onde assistir:
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