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Crítica

Viva - A Vida é Uma Festa | Crítica

Nova animação da Pixar perde assinatura do estúdio, mas carrega peso emocional das produções da Disney

Natália Bridi
05.01.2018, às 10H29
ATUALIZADA EM 07.01.2018, ÀS 11H02
ATUALIZADA EM 07.01.2018, ÀS 11H02

A compra da Pixar pela Disney deu uma qualidade híbrida às produções dos dois estúdios, muitas vezes confundindo suas origens aos olhos do público. Valente é uma animação da Pixar com cara de Disney, enquanto Zootopia é um filme da Disney Animation que poderia facilmente ter saído da mesma fonte de Monstros S.A.

O novo exemplo dessa mistura é Viva - A Vida é Uma Festa (Coco). O símbolo da Pixar abre o filme e Lee Unkrich e Adrian Molina, mas é um gosto de Disney que fica durante o rolar dos créditos finais. A música é o elemento central da narrativa, que usa o Dia dos Mortos mexicano para contar uma história sobre sonhos e família.

Isso dá a Viva uma linguagem tradicional. A jornada de Miguel é clássica - um garoto que precisa lutar pelo seu direito de cantar e no caminho aprende valiosas lições sobre perdão e legado -, o que se reflete no visual do filme. A qualidade técnica da animação, capaz de recriar texturas com profundidade, se sobressai a sua inventividade estética. As decisões tomadas são esperadas e seguras, seja no design dos personagens ou no contraste entre os tons terrosos do mundo dos vivos e o colorido do mundo dos mortos. É o que afasta o filme da assinatura de um estúdio conhecido pela inovação visual, subtexto complexo e profundidade psicológica de personagens variados, sejam brinquedos, formigas, peixes ou idosos rabugentos.

Viva evita entrelinhas, mas se destaca por sua qualidade sentimental - há pelo menos uma cena de lágrimas garantidas - e pela homenagem que faz ao “dramalhão mexicano” dentro dessa proposta. Há traições e reviravoltas na história da família de Miguel que são dignas de novela. A animação, porém, evita o tom caricatural tratando esses elementos com delicadeza. A paixão move as relações familiares/amorosas de um povo que celebra seus antepassados para que a morte não seja o fim e esse entusiasmo nato é visto com orgulho.

Viva - A Vida é Uma Festa é uma animação competente, mas não se destaca entre outras que já trataram do mesmo tema (como Festa no Céu, animação de Jorge R. Gutiérrez produzida por Guillermo del Toro, e até A Noiva Cadáver, de Tim Burton e Mike Johnson). Sua aura de clássico Disney, contudo, garante uma verdade emocional que facilita a sua conexão com o público. Essa é uma celebração que entende a vida em todas as suas etapas, mesmo após a morte. 

Nota do Crítico
Bom
Viva - A Vida é uma Festa
Coco
Viva - A Vida é uma Festa
Coco

Ano: 2017

País: EUA

Classificação: LIVRE

Duração: 105 min

Direção: Lee Unkrich

Roteiro: Matthew Aldrich

Elenco: Gael García Bernal, Benjamin Bratt, Anthony Gonzalez

Onde assistir:
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