Foto de Vingadores: Guerra Infinita

Créditos da imagem: Vingadores: Guerra Infinita/Marvel Studios/Divulgação

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Crítica

Vingadores: Guerra Infinita | Crítica

Era dos heróis no cinema chega ao ápice com nova aventura da Marvel

25.04.2018, às 16H28.
Atualizada em 29.05.2020, ÀS 09H38

A Marvel construiu um universo no cinema calcada na capacidade de adaptar e modificar seus personagens criados nos quadrinhos. A noção de que a mitologia inventada por Stan Lee, Jack Kirby e tantos outros teria que ser alterada, sem perder a essência, talvez tenha sido o ingrediente mágico na receita que hoje norteia Hollywood. Dez anos depois do pontapé inicial, o estúdio entregou nas mãos dos Irmão Russo a missão de encerrar o primeiro arco dos Vingadores. Guerra Infinita cumpre essa tarefa com êxito e se mantém fiel às características que fizeram a Marvel ser tão aclamada nos últimos anos.

Mais do que um filme de aventura ou ação, como a maioria de seus antecessores, essa empreitada dos heróis tem um senso de urgência muito maior. É um evento. Ou seja, os riscos são evidentes e impactantes. Tudo tem consequência. Para que isso fosse sentido pelo público, os roteiristas Stephen McFeely e Christopher Markus optaram por tornar o vilão Thanos o centro da história. Vingadores: Guerra Infinita é um filme carregado pelo inesperado carisma do antagonista, que tem motivações contextualizadas, críveis e se encaixa perfeitamente no universo apresentado - ele é cruel, misericordioso, tem senso de humor e é amável. Tudo isso se deve também a boa atuação de Josh Brolin como o titã, perfeitamente construído pela empresa de efeitos visuais ILM.

Essa persona de Thanos é construída a partir da busca pelas Joias do Infinito, as pedras que ilustram o título do filme. Nessa incessante procura, ele apresenta facetas e relações que o deixam mais próximo ao espectador, criando empatia a partir das atitudes que tem com coadjuvantes como Gamora. A relação dele com as filhas é o que norteia a trama de Guerra Infinita, e talvez seja o maior acerto da Marvel, que pela segunda vez acerta em cheio na construção emocional de um vilão - a primeira foi com Killmonger, de Pantera Negra. Os sentimentos e a humanização do personagem são apresentados sem pieguice e com diálogos simples, sempre visando o objetivo final da aventura e com a consciência de que o filme é um blockbuster sem pretensões filosóficas.

Com um inimigo estabelecido, resta aos diretores o desafio de conciliar tantos heróis na mesma história. E a competência mostrada em Guerra Civil é repetida aqui, em uma escala bem maior. Enquanto no último filme do Capitão os irmãos patinaram para entender como reverberar os problemas do dilema central (a briga entre Steve Rogers e Tony Stark), aqui todos os envolvidos são impactados de alguma forma. O núcleo dos Guardiões funciona perfeitamente com Thor, tanto na parte cômica quanto na dramática. A transformação do Deus do Trovão é notória, que finalmente encontra um caminho entre a comédia e eloquência celestial, continuando o que foi introduzido em Ragnarok

O impacto terrestre é sentido pelo grupo liderado por Homem de Ferro, Homem-Aranha e Doutor Estranho, por mais que eles estejam em diversos lugares ao mesmo tempo. Robert Downey Jr. repete a ótima química com Tom Holland e mostra que pode funcionar bem com Benedict Cumberbatch. O trio também serve como lembrete da Batalha de Nova York e dos poderes das Joias, explicando o impacto que o poder de Thanos terá sobre o universo - além disso tudo, protagonizam uma das melhores cenas de ação da história da Marvel. É a comprovação de que os Russo evoluíram muito na hora de dirigir momentos abarrotados de efeitos especiais. A sequência utiliza os poderes de cada herói e no final entrega a emoção necessária para um evento do tamanho de Guerra Infinita.

O ritmo e a construção da narrativa só não são acompanhadas por Capitão América e Cia. Ainda que as cenas de ação em Wakanda sejam muito melhores do que as de Pantera Negra e a relação entre Feiticeira e Visão funcione, o roteiro tira todo o peso de Steve Rogers, Bruce Banner e T'Challa. Eles brilham em momentos de ação, mas pouco influenciam na história e por isso parecem sempre de lado, menos importantes perante ao que os outros heróis estão sofrendo. Como o cerne de Rogers no cinema era o conflito Stark, pouco sobra para questionar - o lado guerreiro de todos os seus companheiros é mais explorado do que o dramático. No fim das contas, o mais humano dos heróis se torna o menos interessante.

É admirável a capacidade de Guerra Infinita de tornar o vilão o melhor traço de um filme que tinha tudo para ser o palco principal dos heróis. Thanos rouba a cena de forma inesperada, com personalidade e sem a loucura desvairada de vilões típicos. Há propósito, há justificativa e há alma em todas as palavras ditas pelo gigante roxo, que também proporciona aos heróis as cenas de ação que ficarão na memória do público por muito tempo. A Marvel entrega tudo que os fãs queriam, mostra evolução no tratamento de seus personagens e se mantém fiel à receita de entretenimento que a fez ser o ícone do cinema contemporâneo. Vingadores: Guerra Infinita é o evento prometido do início ao fim, e o começo de uma nova era no gênero de super-heróis.

Nota do Crítico
Ótimo
Vingadores: Guerra Infinita
Avengers: Infinity War
Vingadores: Guerra Infinita
Avengers: Infinity War

Ano: 2018

País: EUA

Classificação: 12 anos

Duração: 2h 29min min

Direção: Joe Russo, Anthony Russo

Roteiro: Stephen McFeely, Christopher Markus

Elenco: Robert Downey Jr., Scarlett Johansson, Chris Hemsworth, Mark Ruffalo, Chris Evans

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