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Crítica

Uma Noite no Museu 3: O Segredo da Tumba | Crítica

Mesmo sem querer, sequência faz jus à memória de Robin Williams

31.12.2014, às 17H20.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H47

Já dizia a letra de “Beautiful Boy”, uma das músicas da carreira solo de John Lennon: “a vida é o que acontece quando você está fazendo planos”. Troque a última palavra por filmes e temos, infelizmente, uma descrição assustadoramente precisa para as circustâncias nas quais se encontra Uma Noite no Museu 3: O Segredo da Tumba (Night at the Museum: Secret of the Tomb), um dos últimos trabalhos de Robin Williams.

A morte de Williams, que interpretava o boneco de cera do ex-presidente americano Teddy Roosevelt, acabou conferindo carga dramática a um mero filme de férias e mais uma sequência na franquia dirigida por Shawn Levy - há, no final do filme, inclusive, um diálogo de Roosevelt que se transforma em uma cena de cortar o coração justamente por conta do falecimento do ator.

Uma Noite no Museu 3

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O longa parte da premissa de que o guarda Larry Daley (Ben Stiller) pode ter que dar adeus a seus amigos em exibição no Museu de História Natural, em Nova York, porque a tábua de Akmenrah, que dá vida a todos eles, está se corroendo. Para tentar resolver o problema, Larry viaja até Londres, onde está o faraó Merenkahre (Ben Kingsley), o único que sabe como reverter a perda de poderes da mística tábua egípicia.

Os amigos nova-iorquinos do guarda, claro, dão um jeito de se esconder na bagagem: além de Teddy Roosevelt, também atravessam o oceano as miniaturas do caubói Jedediah (Owen Wilson), o centuirão Octavius (Peter Coogan), o próprio Akmenrah (Rami Malek); Átlia, o Huno (Patrick Gallagher) e a índia Sacajawea (Mizuo Peck).

A Fox também aproveitou como pôde todo o aspecto turístico de se ter protagonistas americanos em Londres: além de cenas em cartões-postais da cidade, como a Tower Bridge e a Trafalgar Square, o longa usa e abusa das atrações e locais do British Museum, rodando mais cenas dentro do próprio museu do que nos outros dois filmes da franquia. É de lá também, que vêm os dois personagens “britânicos” do longa: a guarda Tilly, interpretada pela australiana Rebel Wilson, e o boneco de cera de Sir Lancelot, vivido por Dan Stevens (o Matthey de Downton Abbey).

Nesse caso, quem mais se beneficiou do acordo é o longa, que pôde se aproveitar de um dos acervos museológicos mais impressionantes do mundo, com tumbas de faraós, fachadas de construções gregas, e relíquias inestimáveis, como a Pedra de Rosetta, na qual se encontra a tradução que nos permitiu traduzir os hieróglifos egípcios. Mesmo cercado de tanta coisa, Levy soube dosar as atrações em uma quantidade palatável, evitando o maior problema do segundo filme, que exagerava na quantidade de artefatos e personalidades históricas.

Por debaixo da camada de História, o filme é cercado de figuras paternas: temos Larry e seu filho, Nick (Skyler Gisondo), que, prestes a sair da escola, quer virar DJ em Ibiza em vez de cursar uma faculdade; temos o reencontro de Akmenrah com seu pai em milhares de anos; e temos até uma paternidade inesperada de Larry e Laaaa, um boneco de neandertal produzido à imagem e semelhança do guarda noturno. E é na paternidade, inclusive, que se encontra a principal mensagem do filme: como saber lidar com o crescimento de seus filhos, sejam eles de sangue, sejam de coração.

Se há um conforto nessa coincidência desafortunada, ele está no fato de o filme conseguir, inesperadamente, honrar a memória de Williams, com diálogos acima da média e uma mensagem tocante por baixo de largas doses de diversão descompromissada. Mesmo sem querer, o filme faz jus à memória de um dos comediantes mais brilhantes de Hollywood. Ainda bem.

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