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Trinta | Crítica

Matheus Nachtergaele é Joãosinho Trinta em filme sobre a paixão brasileira pelo samba

13.11.2014, às 00H00.
Atualizada em 03.11.2016, ÀS 21H02

João Clemente Jorge Trinta, mais conhecido como Joãosinho Trinta, foi um dos maiores carnavalescos que o Brasil já teve. Com seus desfiles irreverentes e inovadores, Trinta fez história nas passarelas do Rio de Janeiro e de São Paulo. Em Trinta, do diretor Paulo Machline, nós conhecemos o início da trajetória do ícone, como um aspirante a dançarino, até o seu primeiro grande desfile na Sapucaí, pela escola da comunidade de Salgueiro.

Com Matheus Nachtergaele no papel principal, em uma das melhores atuações da carreira, a trama começa na década de 60, com João chegando de São Luis, no Maranhão, para morar no Rio de Janeiro. Com o sonho de se tornar um bailarino, João rapidamente abandona o emprego conseguido por seu cunhado ao conquistar uma vaga no balé do Teatro Municipal. Lá, ele conhece Zeni (Paolla Oliveira) e Fernando Pamplona (Paulo Tiefenthaler), que o leva para trabalhar nos bastidores do teatro como cenógrafo. Quando Pamplona percebe o talento de João para arte e criação, leva-o para conhecer a escola de samba de Salgueiro, de onde era carnavalesco. E é aí que sua trajetória de sucesso começa.

O filme relata as várias dificuldades passadas por Joãosinho até conseguir o título do carnaval do Rio, em seu primeiro ano à frente do desfile. Por ser bailarino, o artista sofreu forte preconceito com o seu rótulo de homossexual, escancarado pelo machismo representado na presença de Tião (Milhem Cortaz, ótimo), morador da comunidade do Salgueiro e braço direito de Germano (Ernani Moraes), presidente da escola de samba. O atrito entre os dois, mesclado entre tons de ironia e ódio, é um dos pontos fortes da trama. O longa, porém, não chega a ser uma biografia plena. Faltam detalhes da vida pessoal de Trinta, seus amigos, suas crenças, para que possar ser considerada realmente sua história de vida. O foco é na importância histórica e pessoal do desfile de 1974.

E Nachtergaele carrega a bandeira. Como disse Machline em entrevistas, o papel foi feito para ele. E a escolha não poderia ter sido melhor. Irreverente, o ator incorpora o jeito engraçado, contido e amistoso que marcou Joãosinho até sua morte, em 2011. Uma das melhores cenas do filme é quando o carnavalesco tem um surto com a sua equipe, que o questiona a todo momento sobre o que devem, ou não, fazer. Tirando Paolla Oliveira, quase sempre nula em cena, o filme conta com excelentes coadjuvantes, como Calça Larga (Fabrício Boliveira), o atendente de bar que representa o malandro carioca amigo de todos.

Trinta cumpre o que promete, uma homenagem a um dos maiores nomes de nosso samba. Com uma belíssima direção de arte, passando pela criação dos desenhos até a construção dos carros alegóricos, e uma fotografia que retrata bem a época e a transição dos anos 60 para os 70, o filme é uma festa para quem é apaixonado por carnaval, samba e folclore brasileiro.

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