Time - O amor Contra a Passagem do Tempo | Crítica
Time - O amor contra a passagem do tempo
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O diretor coreano mais conhecido no ocidente - o que não quer dizer que seja o melhor ou o mais original, apenas o que consegue maior aceitação por parte do público e também dos distribuidores e dos curadores dos grandes festivais - parece ter recobrado um pouco a consciência, após o atentado à inteligência e ao bom senso com que ele danificou sua carreira: O Arco.
Realmente há de se considerar que ele não angaria a simpatia ou compreensão de parte da crítica desde sempre, o que faz com que alguns indiquem o filme O Arco como uma continuação natural de uma carreira desastrosa e enganadora. Não me estenderei, no momento, a respeito dessa controvérsia de opiniões, mas deixo claro que mantinha o diretor em alta estima até bem pouco tempo - dúvidas surgiram com Primavera, Verão..., e um terror se abateu sobre minha cabeça com a produção citada acima.
Temos agora à mão uma nova possibilidade de avaliar e tentar definir com mais segurança o diretor: Time - O amor contra a passagem do tempo . Temos? Mais ou menos. Kim Ki-Duk retoma muitas de suas repetições, estilos e símbolos nesse filme. Estão lá o conflito eterno - embora não ostensivo ou aparente - que faz da coreana uma civilização à parte quando comparada às outras da região, com seu comportamento anormalmente agressivo e expansivo em contraste com momentos de serenidade zen (país de formação cristã e budista é uma boa tentativa de explicação); o estilo de montagem com algumas pequenas elipses - trata o tempo de maneira particular -; o amor num eterno processo de tortura mesclado ao prazer e resoluções inusitadas se observadas por padrões "comuns" de compreensão. É mais ou menos isso. Time nos traz um diretor que se repete mas que tem algo a dizer. Time fala de pessoas insatisfeitas consigo mesmas e, conseqüentemente, com sua relação amorosa, encontrando como possível solução para tais dilemas a transformação física, que traz a reboque, evidentemente, toda uma reestruturação psicológica - como se realmente acreditassem na sua transformação em outra pessoa. Evidencia as reações extremadas - explosões temperamentais, ciúme doentio e sem razão e a agressividade física de seus personagens, que se comportam durante todo o filme como dispostos, a qualquer momento, a cometer um suicídio ou um assassinato, por amor. E cria momentos de ações, que se aproximam de um modo budista de observar, de cercar, de não aparecer, mas com evidentes dicas de que alguma presença está de soslaio - momentos em que o filme quase se veste de aura espiritual. É um filme que se aproxima mais, do que eu imaginava de Ki-Duk há um tempo atrás... mas um certo mal já está feito e uma desconfiança danada continua a me rondar; o suficiente para não apreciá-lo como grande trabalho.


