The Electric State encontra no carisma dos robôs o seu grande trunfo

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The Electric State encontra no carisma dos robôs o seu grande trunfo

Adaptação dirigida pelos Irmãos Russo é uma aventura previsível, mas cheia de coração

Omelete
5 min de leitura
07.03.2025, às 12H00.

Desde Vingadores: Ultimato que todos que acompanharam a ascensão dos irmãos Joe e Anthony Russo na Marvel aguardam um novo projeto realmente empolgante dos diretores. Cherry, o drama do Apple TV+ com Tom Holland, não alcançou o sucesso de público e crítica esperado. Já na Netflix, os dois dirigiram o multimilionário Agente Oculto, que trouxe um elenco estrelado, com Chris Evans, Ryan Gosling e Ana de Armas. As críticas foram mistas, mas de acordo com os números do streaming, o filme lançado em 2022 é até hoje o 7º título original mais assistido da plataforma, com mais de 130 milhões de visualizações. Como produtores, os dois foram responsáveis por um dos maiores hits da época da pandemia, o ótimo Resgate, filme de ação estrelado por Chris Hemsworth, e também são creditados pelo oscarizado Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo.

Em julho de 2024, a grande bomba parou o mundo da cultura pop: os Irmãos Russo voltarão para a Marvel em mais dois filmes dos Vingadores, que também terão Robert Downey Jr., agora como o vilão Doutor Destino.

Quem acabou ficando no meio desse balaio todo foi The Electric State, a adaptação da graphic novel de Simon Stålenhag, anunciada em 2017 e que, na época, ainda teria Andy Muschietti (Flash) como diretor. O filme passou pela Universal em 2020, mas ganhou sinal verde em 2022, quando os direitos foram transferidos para a Netflix. Com apenas um mês de produção, os trabalhos tiveram que ser pausados após a morte de um membro da equipe em um acidente de carro no set. O filme passou por refilmagens em 2024 e agora, finalmente chegará ao streaming, trazendo um elenco de dar inveja para qualquer estúdio: Chris Pratt, Millie Bobby Brown, Stanley Tucci, Giancarlo Esposito, Jason Alexander, Ke Huy Quan e vozes de Woody Harrelson, Anthony Mackie, Brian Cox, Colman Domingo e até do ex-jogador da NFL Rob Gronkowski.

A boa notícia é que The Electric State conseguiu sobreviver a todos esses bastidores confusos e chega à Netflix como uma opção para os mais jovens ou aqueles que procuram apenas uma diversão para o fim de semana. Seguindo um pouco da linha de Stranger Things e outras obras que abraçam o “algoritmo” para encontrar pontos que agradem o maior demográfico, o filme tem trilha sonora com músicas famosas, referências pop com personalidades e outros objetos conhecidos e, claro, um elenco lotado de estrelas, o que ajuda na identificação com o público geral. Ao contrário de outros filmes feitos para streaming, The Electric State tem cara de superprodução. Notícias apontam para um orçamento na casa dos US$320 milhões e, por mais que isso soe completamente desproporcional, há um valor de produção presente na história, principalmente no melhor elemento do filme: os robôs.

A história acompanha Michelle (Brown), uma adolescente órfã, que pega a estrada com um robô misterioso (Alan Tudyk) que carrega um segredo: ele sabe onde encontrar o irmão que ela julgava estar morto. Como em qualquer clássica jornada de herói e de amadurecimento, a jovem vai conhecer pessoas (ou robôs) no caminho, que vão ajudá-la na aventura e no processo de crescimento pessoal. Entre eles está o contrabandista vivido por Chris Pratt e seu ajudante Herman (voz de Anthony Mackie). Há ainda a grande corporação, que passou a controlar a humanidade através de links eletrônicos com a mente, mas que foi a salvação, no passado, para a guerra entre humanos e robôs. Eles, claro, são os vilões.

Uma mistura visual de animatrônicos de parques de diversão - na história eles surgem a partir de Walt Disney - com as sucatas da animação Robôs, da Fox, os seres robóticos são o grande trunfo do filme. Se Pratt, Brown, Tucci e Esposito parecem apenas replicar outros tantos papéis que já fizeram, são nos autômatos que a história ganha peso e carisma. Recriações perfeitas da graphic novel, é visível o cuidado e o gasto que a produção teve na criação dos personagens. Cosmo (Tudyk), Herman (Mackie), Popfly (Cox) e Mr. Peanut (Harrelson) têm características próprias, seja de personalidade, na ação e até em background na história. Cada um deles possui um arquétipo clássico, que ajuda a diferenciá-los no meio de tantos outros personagens digitais. O personagem de Harrelson, líder dos robôs no passado, surge como o sábio que prefere o exílio, no intuito de salvar seu povo. Herman é o guerreiro meio inconsequente, enquanto Popfly é o general de outrora. É o arroz com feijão feito de forma certa e que funciona quase sempre quando o grupo está na tela.

The Electric State ainda tem a seu favor uma história que - mesmo sem se aprofundar nos assuntos de forma complexa - aborda temas bem atuais e que também ajudam a aproximar o espectador da história. Inteligência Artificial, controle de grandes corporações e big-techs, guerras, muros segregando e isolando um povo específico. Nada disso é novidade em termos de ficção-científica. Também não espere discussões complexas à la Phillip K. Dick ou Isaac Asimov. O roteiro de Christopher Markus e Stephen McFeely - antigos colaboradores dos Russo -  vai salpicando um assunto aqui e outro ali, com a leveza que a história pede e sem se arriscar em grandes reviravoltas.

Meio Eu, Robô, meio aventura dos anos 1990 - que é um detalhe legal da história -, The Electric State tenta beber de várias fontes, mas acaba sem uma identidade própria. Um dos aspectos mais legais da história, o passado e a guerra, é pouco explorado, o que poderia dar mais estofo para a jornada de Michelle (Brown) e seus companheiros. Os fãs da graphic novel, por outro lado, devem ficar de olhos cheios com as paisagens perfeitamente tiradas das páginas, assim como o design dos androides. Já os atores, bem, esses cumprem seus papéis no piloto automático. São as criações em CGI que dão humanidade ao filme e no fim, isso acaba nos ajudando a torcer pelo lado certo na história.

Nota do Crítico
Bom
The Electric State
The Electric State
The Electric State
The Electric State

Ano: 2025

País: EUA

Direção: Joe Russo, Anthony Russo

Roteiro: Stephen McFeely, Christopher Markus

Elenco: Woody Harrelson, Stanley Tucci, Millie Bobby Brown, Chris Pratt, Brian Cox, Giancarlo Esposito

Onde assistir:
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