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Filmes
Crítica

Terra dos Sonhos entretém com aventura, drama e carisma de protagonistas

Adaptação de HQ, filme da Netflix fala de luto em história tradicional de amadurecimento

Omelete
4 min de leitura
GD
18.11.2022, às 18H42.
Atualizada em 18.11.2022, ÀS 19H03
Terra dos Sonhos entretém com aventura, drama e carisma de protagonistas

Créditos da imagem: Divulgação

O mundo que Nemo (Marlow Barkley) conhece em Terra dos Sonhos é afetuoso, seguro e bastante restrito: a menina de 11 anos vive isolada com seu pai, Peter (Kyle Chandler), em uma ilha e a rotina dos dois envolve cuidar do farol local, tocar piano, fazer as refeições juntos e se divertir com histórias de aventuras narradas por ele na hora de dormir. Quando ele morre, tudo muda radicalmente, e a garota precisa aprender a lidar não com um, mas dois universos novos e distintos - a vida na cidade, ao lado do tio distante e sem jeito com crianças Phillip (Chris O'Dowd), e o lugar mágico da Terra dos Sonhos, que tem suas próprias leis.

E é na mistura do drama da perda com as peripécias que a protagonista vivencia bem longe de casa que o filme, que estreou nesta sexta-feira (18) na Netflix, encontra seu maior trunfo: a química instantânea dos dois personagens principais. Na Terra dos Sonhos, Nemo conhece Flip (Jason Momoa), antigo parceiro de seu pai em suas jornadas fantásticas que tanto inspiravam sua imaginação. Ele se torna seu companheiro de viagem na busca por um tesouro precioso: pérolas escondidas no fundo do Mar dos Pesadelos, que permitiriam à menina realizar seu maior desejo, reencontrar o pai.

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Cheio de si, entretanto, o autoproclamado fora da lei não tem interesse em fazer novas amizades. Seu objetivo é encontrar o mapa do tal tesouro, que fora roubado anos atrás por ele e Peter. Relutante, Flip é obrigado a aceitar a companhia da garota nessa jornada porque ela apela ao Código dos Fora da Lei, que ele mesmo inventou, e a dupla improvável acaba sendo o maior charme do longa. Momoa deixa de lado a imagem construída com papéis de guerreiros e heróis e tem a oportunidade de mostrar uma nova faceta na pele de uma criatura com barriga saliente, roupas extravagantes e chifres de carneiro, que se mostra vaidosa, egocêntrica e debochada. Barkley, por sua vez, dá conta do recado nos momentos mais dramáticos e sabe se divertir em cena quando a história permite.

Ao avançarem para chegar ao destino final, Nemo e Flip precisam atravessar sonhos alheios e passar despercebidos pelos agentes do Gabinete de Atividades Subconscientes, órgão que determina as regras que devem ser obedecidas pelos visitantes e pune as infrações com prisão. A caracterização do escritório e de seus funcionários -- como a Agente Verde (Weruche Opia), que está no encalço dos dois -- com looks ao estilo dos anos 70 é divertida, assim como as piadas relacionadas com a abordagem psicanalítica dos sonhos. No primeiro que conhecemos, um baile com dançarinos em forma de borboletas, Flip não só cita Freud e o conceito de recalque, como tenta se camuflar como uma representação alegórica “de figura paterna e poder masculino bruto”. Como ele mesmo diz, se não se divertir, está fazendo seu trabalho errado.

Por outro lado, o funcionamento desse universo mágico rende momentos de explicações didáticas, mesmo que não se trate de uma narrativa tão intrincada quanto a de filmes como A Origem, de Christopher Nolan. A intenção desse longa infantojuvenil (baseado na HQ Little Nemo in Slumberland, de Winsor McCay) é, claramente, construir uma linha mais simples, voltada para entreter a família, mas que acaba por refletir a jornada emocional de Nemo - e, por que não?, de Flip. A duração de 1h57 acaba sendo mais longa do que o desejável, embora não seja o suficiente para explorar mais detalhes da Terra dos Sonhos, que poderiam muito bem estar em uma produção seriada.

Por mais fascinante que seja esse universo, porém, é no Mundo Acordado que Nemo faz suas principais descobertas. Educada em casa até então, ela tem dificuldade de se adaptar à escola e até mesmo de contar a verdade sobre o que aconteceu com seu pai aos novos colegas. Em casa, seu tio é o extremo oposto de Peter. Por mais que se esforce, com a ajuda do Google e de livros especializados, ele não sabe nem por onde começar a se relacionar com uma criança.

As histórias dele sobre maçanetas - ramo no qual ele trabalha com muito orgulho - só causam tédio na menina que todas as noites se arrisca ao escapar de uma perseguição policial em alta velocidade ou fugir de um enorme monstro que a persegue dentro de qualquer sonho porque é capaz de farejar seu medo. Mas é nessas difíceis interações com Philip e nos contatos com as próprias emoções que a garota passa a compreender melhor o que lhe aconteceu e a decifrar melhor Flip, um sujeito que confia demais na persona que criou para si e desconhece quem é de verdade.

O roteiro de David Guion e Michael Handelman (Uma Noite no Museu 3 - O Segredo da Tumba) e a direção de Francis Lawrence (Eu Sou a Lenda, Jogos Vorazes: Em Chamas e A Esperança) contam uma história de amadurecimento no sentido mais tradicional, mas não apenas da menina de 11 anos que tem que aprender a conviver com o luto e a lidar com o fim repentino de seu modo de vida. Ao mesmo tempo em que aborda com sutileza temas como a depressão, o filme sugere que adultos também podem crescer em qualquer fase da vida. Basta que eles carreguem consigo a coragem e a imaginação da infância e o olhar da criança para o mundo.

Nota do Crítico

Terra dos Sonhos

Slumberland

2022
País: EUA
Direção: Francis Lawrence
Roteiro: Michael Handelman, David Guion
Elenco: Marlow Barkley, Jason Momoa
Onde assistir:
Oferecido por

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