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Filmes
Crítica

Shortbus | Crítica

Um filme de celebração ao sexo

MH
26.10.2006, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H21

Shortbus
EUA, 2006
Drama - 101 min.

Roteiro e direção: John Cameron Mitchell.

Elenco: Paul Dawson, P.J. DeBoy, Lee Sook-Yin, Lindsay Beamish, Raphael Barker e Justin Bon.

Fazer filme com diálogo improvisado, roteiro aberto e personagens criados a partir de experiências pessoais dos atores não é a coisa mais fácil do mundo. Demanda tempo e sensibilidade. Filmar tudo isso, mais inúmeras cenas reais de sexo, com orgasmos de verdade, numa escala maior do que de muito pornô, daí já é quase improvável.

John Cameron Mitchell levou quase três anos para conseguir.

Hedwig and the Angry Inch, peça da Off-Broadway que viraria o seu filme de estréia como diretor em 2000, Hedwig - Rock, Amor e Traição, já falava de sexo abertamente. Entretanto, Mitchell se ressentia de ter assistido, no final dos anos 90, a vários filmes que tratam o sexo com franqueza, mas ainda com uma certa carga, como se opção sexual fosse um fardo. Segundo o diretor, faltava provocação e até um pouco de humor. E daí começou a aparecer Shortbus (2006), que no fundo é um filme de celebração.

Para começar, Mitchell abriu testes a qualquer pessoa, ator profissional ou não. Não queria astros, porque astros não fazem sexo, diz. Pediu que os interessados mandassem fitas com o que eles achassem interessante contar. Muitos faziam confidências em vídeo, outros se masturbavam para a câmera. Uma pré-seleção chegou a 500 pessoas, depois a 40. O diretor convidou-os para a festa que mantinha, mensalmente, em Nova York, chamada Shortbus (que depois viraria o nome do filme). Ali observava flertes, afinidades, e anotava - afinal, um filme como o que ele projetava não seria possível sem corpos que combinam.

Do método de trabalho de John Cassavetes e Mike Leigh, duas inspirações confessas, ele tirou o modelo de improviso e preparação de elenco de que precisaria. Um espaço que permite ao ator manobrar, textualmente falando, mas que segue as linhas gerais do que está no roteiro. Na tela o que se vê são pessoas dedicadas - algumas mais talentosas do que outras, é verdade - mas o objetivo é alcançado: acreditamos que personagens e elenco são os mesmos. Porque, de certa maneira, são sim.

Uma babel de Hedwigs

Paul Dawson registrava o seu dia-a-dia fotograficamente, e é daí que nasceu a inspiração para o personagem que ele interpreta, James. Na trama, ficamos sabendo que James está filmando sua rotina ao lado do namorado, Jamie (P.J. DeBoy). James filma porque algo o incomoda na relação, na sua vida. Para tentar resolver, visitam uma terapeuta de casais, Sofia (Lee Sook-Yin). O problema é que ela também está passando por uma crise: jamais chegou ao orgasmo com o marido, apesar de transarem convulsivamente. Entra no meio uma dominatrix com problemas de relacionamento, Severin (Lindsay Beamish). Ela quer auxiliar Sofia, mas não sabe como ajudar a si mesma.

Todos eles se encontram no Shortbus, um clube underground de Nova York que, segundo seu dono, é como um lugar hippie, mas sem a esperança. Ali se escuta música eclética, bebe-se, conversa-se. Um grupo de lésbicas se reúne de um lado, em outra sala uma dúzia de trincas e casais se conhece melhor. Boa parte do filme acontece no Shortbus. É uma celebração, sim, e há muito do humor que Mitchell dizia procurar. Mas há no ar, também, um sentimento de efemeridade. Não é uma festa que nunca termina.

É possível que o diretor não tenha calculado, de início, o contexto em que o filme viria a se inserir. Hedwig, com os seus dilemas existenciais, personagens marginais tentando se enquadrar num mundo harmônico, é pré-11 de setembro. Shortbus tem o espírito da Nova York pós-traumática, a harmonia daquele mundo caiu, e o assunto inclusive vem à tona dentro do clube. É uma metrópole em trânsito, expurgando seu passado mais remoto (na figura do prefeito), uma babel de Hedwigs tentando achar um denominador comum. Se antes, a busca era por uma individualidade, agora a procura é pela coletividade.

E o fato de todos em Shortbus terem noção da finitude das coisas é o que os une.

Nota do Crítico

Bom
Marcelo Hessel

Shortbus

Shortbus

2006
29.08.2008
101 min
Drama
País: EUA
Classificação: 18 anos
Direção: John Cameron Mitchell
Elenco: Sook-Yin Lee, Paul Dawson, PJ DeBoy, Jay Brannan, Lindsay Beamish, Raphael Barker, Peter Stickles, Ray Rivas, Bitch, Shanti Carson, Justin Hagan, Miriam Shor, Bradford Scobie, Reg Vermue, Adam Hardman, Alan Mandell, Jan Hilmer, Stephen Kent Jusick, Yolonda Ross, Jocelyn Samson, Daniela Sea, Rachael C. Smith, Derek Jackson, Jonathan Caouette, Mary Beth Peil, Tristan Taormino, Justin Bond
Onde assistir:
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