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Crítica

Se Puder... Dirija! | Crítica

Comédia morosa fica refém do 3D que seria seu diferencial

17.10.2014, às 15H59.
Atualizada em 01.12.2016, ÀS 08H03

Vendido como o primeiro filme com atores rodado em 3D no Brasil (descontando aí desenhos como Brasil Animado), Se Puder... Dirija! tenta mostrar serviço já nas primeiras cenas, como se precisasse justificar logo o ingresso mais caro que o público paga pelas sessões tridimensionais.

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Luiz Fernando Guimarães faz João, manobrista de um estacionamento no Rio de Janeiro e pai omisso de Quinho (Gabriel Palhares), filho da sua ex-mulher, Ana (Lavínia Vlasak). A comédia abre com uma festa de aniversário do menino. Sempre atrasado, João chega a tempo do assoprar das velas. O 3D chama atenção para si nas muitas bexigas espalhadas pela sala, quando Guimarães alcança um refrigerante no fundo da geladeira, e quando um palhaço brinca com malabares junto à câmera.

Com exceção de uma outra cena, em que policiais derrubam comida em direção à câmera, isso é tudo o que Se Puder... Dirija! tem a oferecer em termos de 3D, seja na profundidade de campo ou na brincadeira de arremessar coisas ao espectador. É muito pouco para justificar o uso da tecnologia - não há nada nesta comédia de erros que "peça" o 3D para funcionar - e as restrições da filmagem no formato (como a calibragem constante, sempre que se muda a distância entre a câmera e o objeto filmado) engessam a ação.

Depois da festa de aniversário, João se compromete a levar Quinho numa gincana da escola no dia seguinte, mas esquece que precisa bater ponto no trabalho; ele pega um dos carros do estacionamento, então, e se mete com o filho em altas confusões. Colocar a culpa só no 3D talvez seja condescendente em relação às deficiências de roteiro, direção e montagem de Se Puder... Dirija!, uma trama de corrida contra o relógio que se desenrola de maneira dolorosamente morosa.

Muita gente reclama do cinema brasileiro que só reproduz a estética de TV; já Se Puder... Dirija! é cinema brasileiro com a cara dos primeiros filmes mudos: a câmera não sabe acompanhar o elenco ou a ação, todos os atores atravessam o quadro e se posicionam em cena como se estivessem num proscênio. Já a edição, que poderia acelerar as coisas e dar um pouco de dinamismo a essa encenação rija, não diz a que veio - numa cena o cara desce do banco do motorista, dá a volta no carro para pegar o filho no banco de trás, retorna para a posição inicial, em frente à câmera, e não há um único corte para agilizar esse plano interminável.

É como ver uma colagem sem decupagem de material bruto. Nisso, mata-se não só o tempo da narrativa no geral mas principalmente o timing das piadas. E Luiz Fernando Guimarães não encontra aqui um parceiro para estabelecer uma dinâmica cômica (como a que ele tem com Fernanda Torres em Os Normais), função que caberia ao outro manobrista vivido por Leandro Hassum, ator que termina tendo que carregar sozinho suas próprias cenas.

No fim, talvez o espectador até perdoe o preço que pagou pelo ingresso do 3D, porque Se Puder... Dirija! parece funcionar como delito e, ao mesmo tempo, como castigo para todos os envolvidos.

Se Puder... Dirija! | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Ruim
Se Puder...Dirija!
Se Puder...Dirija!
Se Puder...Dirija!
Se Puder...Dirija!

Ano: 2013

País: Brasil

Classificação: 18 anos

Duração: 84 min

Direção: Paulo Fontenelle

Roteiro: Paulo Fontenelle

Elenco: Luiz Fernando Guimarães, Leandro Hassum, Lavínia Vlasak, Bárbara Paz, Reynaldo Gianecchini, Eri Johnson, Gabriel Palhares

Onde assistir:
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