Se eu Fosse Você | Crítica
Se eu fosse você
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Durante os anos 80 havia uma grande oferta de filmes sobre troca de corpos. Eram crianças virando adultos, pais e filhos invertendo posições e até mortos se apossando de corpos ainda funcionais. Se a fórmula já é conhecida, então por que investir mais uma vez no mesmo estilo de comédia? Primeiro porque é fácil: já foi testado e funciona. Mas segundo o diretor Daniel Filho contou ao Omelete "Porque ninguém nunca havia colocado uma mulher e marido nesta situação. Quando percebi isso, falei Vamos fazer agora!".
Daniel se envolveu no projeto como produtor, já que Jorge Fernando estava encarregado da direção. Porém, atrasos no roteiro e compromissos pré-assumidos fizeram com que os dois trocassem de corpos, digo, cargos, invertendo a parceria de Sexo, amor & traição (2003), quando Jorge Fernando acabou dirigindo um filme que seria de Daniel. A primeira ação do novo diretor foi ligar para Tony Ramos e Glória Pires, mesmo sem um roteiro final nas mãos, e convidá-los para serem o casal protagonista da fita. Contentes com a história, com o diretor e com a possibilidade de trabalhar um com o outro pela primeira vez, os dois aceitaram na hora.
E assim termina o único acerto de elenco e direção de atores em Se eu fosse você (2005). Apesar de interpretarem os papéis mais desafiadores, tendo que fazer alguém do sexo oposto desconfortavelmente em um corpo alheio, Ramos e Pires desempenham suas partes de forma bastante segura e nada caricata. O mesmo não se pode dizer do resto do casting. Thiago Lacerda é o bonitão inescrupuloso. Danielle Winits é a gostosa. Glória Menezes, a madame. Lavínia Vlasak, a fútil. Maria Gladys, a empregada... Tudo tal qual se faz nas novelas globais, sem experimentar um fio de cabelo além do trivial.
Apenas aceite os fatos
A história mostra o casal formado pelo publicitário Cláudio (Tony Ramos) e sua esposa Helena (Glória Pires). Os dois estão juntos há bastante tempo e já se conhecem muito bem. Mas certo dia, como na vida de qualquer um, os humores não batem e eles discutem. Por um conjunção astral as faíscas desta rusga completam o circuito formado pela conjunção astral e os dois amanhecem um na pele do outro. (não questione... apenas aceite :P)
A partir daí surgem situações engraçadas, como Cláudio (no corpo de Helena) desajeitadamente andando de salto e ela (nos pêlos dele) se embananando toda na hora de ir ao banheiro e usar seu novo "equipamento". A entonação das vozes e até a forma de falar e se mover dos dois atores muda, fazendo crer na troca de corpos. Mas há também as cenas, digamos, desnecessárias, como uma sem-graça demonstração de balé aquático, e um lastimável número musical em que o coral dirigido por Helena comete um sacrilégio contra a Nona Sinfonia de Beethoven.
Assim como Sexo, amor e traição, Se eu fosse você pode se tornar uma boa surpresa nas bilheterias do verão brasileiro. Mas que fique bem claro que os méritos cabem principalmente à dupla Tony Ramos e Glória Pires. Suas atuações são boas o suficiente para apagar os merchandisings descarados e seus colegas que pouco se esforçaram para atuar. Claro que a força da Globo para dizer que o filme está em cartaz também conta. E muito!



