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Rock Brasília | Crítica

Renato Russo se destaca em documentário que resgata a revolta da Geração Coca-Cola

20.10.2011, às 19H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H29

Diga a um brasiliense que a capital do país está cheia de corruptos e ele reagirá furioso: "Os outros estados é que mandam esse povo pra cá". Mas fale que os Paralamas do Sucesso são cariocas e logo receberá um: "Pirou? Eles começaram em Brasília". A relação de amor e ódio entre a Capital Federal e o resto do país é a mesma dos brasilienses com seus dois principais produtos. Desprezo pelos políticos e adoração ao rock 'n' roll.

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O último escândalo político do DF agravou essa relação. Ele enterrou as megacelebrações previstas para o cinquentenário de Brasília. Para a ocasião, os organizadores cogitavam trazer U2 e Paul McCartney. Dois anos depois desse escândalo que derrubou o governador local, a redenção para o ego brasiliense chega com o documentário Rock Brasília.

A recordação do rock nacional feito em Brasília no final dos anos 1970 e na década de 1980 acontece exclusivamente pelo ponto de vista dos entrevistados - alguns desses relatos, organizados de um jeito que deixa a narrativa um pouco entediante, são material de arquivo. As passagens com Renato Russo são as melhores. Aqui ele aparece como só os amigos o conheciam: bem-humorado, fazendo piada de tudo, muito diferente do letrista melancólico e revoltado de "Geração Coca-Cola" e "Índios".

As entrevistas com o "trovador solitário", como ele se intitulava, foram feitas antes de o líder da Legião Urbana descobrir que era portador do HIV. Segundo relatos de amigos e produtores, depois de receber o resultado, Renato Russo sucumbiu à depressão, mesmo que os sintomas ainda não tivessem se manifestado. Lançado no momento que marca os 15 anos da morte do maior ídolo do rock nacional, o documentário deve ressoar particularmente bem com os fãs da banda.

Para a nova geração, o filme do diretor Vladimir Carvalho ajuda a explicar porque os quase jurássicos roqueiros do Capital Inicial lançaram no Rock in Rio palavras de ordem contra José Sarney. O protesto está no DNA da música brasiliense, desde a mais revoltada Plebe Rude, passando por Aborto Elétrico, Detrito Federal, Volkana e BSB-H. Nas entrevistas com André X, da Plebe, a Colina é o pano de fundo. Neste pequeno conjunto residencial dentro da Universidade de Brasília nasceu o rock da cidade. O movimento era também uma forma de resistência ao regime militar, e todo mundo ali já havia levado algumas borrachadas da PM.

Hoje, passados 30 anos, cresce a 100 metros da esquecida Colina a única favela de Brasília, dentro dos limites da UnB. O reitor da universidade, conhecido como Zé do MST, milita no governo. A UNE, que há três décadas desafiava os militares, agora recebe polpudas verbas federais para ficar em casa.

O rock de contestação de Brasília é parte do passado, então? Em protestos contra a corrupção, milhares de manifestantes ainda cantam: "Na favela, no senado, sujeira pra todo lado". Os versos de "Que País é Este?", música-título do álbum de 1987 da Legião Urbana, continuam ressoando, e a juventude hoje deve isso à galera da Colina. Mas o que vem agora?

Rock Brasília | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Bom
Rock Brasília - Era de Ouro
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Rock Brasília - Era de Ouro
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Ano: 2011

País: Brasil

Classificação: 12 anos

Duração: 111 min

Direção: Vladimir Carvalho

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