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Real - O Plano por Trás da História | Crítica

E o Choque de Cultura estava certo de novo: o filme é mesmo o Matrix brasileiro!

30.05.2017, às 00H25.
Atualizada em 30.05.2017, ÀS 02H00

Em meio a toda esta crise política que vivemos hoje, assistir a um filme como Real - O Plano por Trás da História (2017) é, ao mesmo tempo, uma viagem no tempo e uma sessão de auto-análise. Se chegamos onde estamos hoje, é porque vivemos os dias de hiperinflação, inúmeros planos econômicos que não deram em nada, todas as puxadas políticas de tapete e, claro, a eterna impunidade aos que passaram ou estão no poder. E vemos no filme que apesar de algumas mudanças, muita coisa continua igual. 

Logo no início do filme somos apresentados a Gustavo Franco (Emílio Orciollo Neto, que me lembrou em vários momentos o Leonard de The Big Bang Theory). Ele está jantando em um restaurante japonês no Rio de Janeiro em companhia de um ex-colega de Harvard e suas respectivas namoradas. O bate-papo entre os dois rapidamente se torna uma discussão acalorada de filosofias político-econômicas e competição de egos. O debate é o resumo de todas as ações que Gustavo Franco tomará ao longo do filme, desde que era professor universitário e recebeu convite para fazer parte da equipe econômica de Fernando Henrique Cardoso no Ministério da Fazenda até quando acabou se tornando o presidente do Banco Central durante a presidência do tucano. 

Se esta sinopse lhe parece chata e desinteressante no papel, pode ter certeza que não fica muito mais empolgante na tela. O filme coloca Gustavo Franco numa espécie de “jornada do herói”, elevando-o ao patamar de "O Escolhido". Aliás, algo mais específico do que isso: ele aparece mesmo com o Neo de Matrix já depois de pegar a pílula vermelha do Morpheus. Ele enxerga o que ninguém mais vê e ainda faz uso de óculos escuros e muito gel no cabelo lambido para trás. 

Baseado no livro 3.000 dias no Bunker, de Guilherme Fiuza, o longa-metragem se esforça na tentativa de criar um thriller político, mas não decola. Frases de efeito são jogadas na cara do espectador, que tem de desviar como Neo dos perdigotos nervosos que saem das falas enérgicas de um Itamar Franco que está a um passo do caricato Devagar Franco, do humorístico Casseta & Planeta

Mesmo antes de sua estreia, Real - A História por Trás do Plano já vinha gerando polêmicas. Cineastas retiraram seus filmes do Festival de Cinema de Pernambuco, ao ver que o longa do diretor Rodrigo Bittencourt seria exibido por lá, taxando-o de panfletário e direitista. Bittencourt defende sua obra dizendo que votou em Lula e Dilma - parece o caso do comediante que se converte ao judaísmo só para poder fazer piadas de judeus. Aliás, o filme todo parece uma piada, mas não tem graça, porque é o nosso país e os nossos governantes. 

P.S. Mais uma vez o programa humorístico Choque de Cultura estava certo (como também havia acertado o Oscar de Melhor Figurino para Animais Selvagens e Onde Habitam). Confira abaixo o vídeo em que dizem que Real é o Matrix brasileiro: 

 

Nota do Crítico
Ruim

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