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Você acha que tem muitos filmes de suspense com terror sobrenatural no cinema hoje em dia? Alguém nos Estados Unidos acha que sim e resolveu lançar Protegida por um anjo (Half Light, 2006) direto para DVD por lá. Infelizmente, alguém aqui no Brasil não concorda com isso e resolveu que este thriller com fantasmas merecia ser visto nos cinemas.
Nem a curiosidade de rever Demi Moore em cena vale a pena. Ela continua sendo uma das mulheres mais bonitas do showbiz, mas suas escolhas (passadas e recentes) deixam bem claro que a qualidade das histórias continua não sendo o ponto forte de sua carreira. Desta vez, tudo começa quando sua personagem, a bem sucedida escritora Rachel Carlson, sofre um enorme trauma em sua casa, em Londres.
A conseqüência deste estresse aparece na forma de bloqueio criativo e fim do relacionamento com o também escritor Brian (Henry Ian Cusick, o Desmond da série Lost), que a acusava de ofuscar seu talento. Para tentar deixar tudo isso para trás, sua melhor amiga indica um chalé afastado de tudo e todos, numa pequena ilha da Escócia. No início, os fantasmas do passado continuam a persegui-la, mas quando ela conhece Angus McCulloch (Hans Matheson - candidato a clone de Colin Farrell) tudo começa a mudar de figura. Ela volta a se interessar pela vida e as palavras recomeçam a fluir como antes, até que novos acontecimentos bagunçam novamente sua vida e sua cabeça.
A partir deste momento, o que estava suficientemente ruim ganha tons bizarros. Fã confesso do cultuado terror britânico Homem de palha (The Wicker man, 1973), o roteirista e diretor Craig Rosenberg começa a confundir o espectador. Os vizinhos começam a conversar em gaélico (dialeto ainda utilizado em alguns lugares da Escócia) e as certezas que se tinha antes desaparecem.
O que seria uma ótima mudança para um filme de suspense acaba jogando contra. Primeiro porque o elenco de apoio é fraco e não consegue dar densidade à história. E além disso porque mostra que a única motivação de Rosenberg é surpreender o espectador com reviravoltas, deixando para segundo plano elementos mais básicos como atuação, a própria história e a forma como ela é mostrada na telona.
Um dos exemplos é a cena romântica entre Rachel e Angus no alto do farol. Ali fica nítida a falta de seriedade do projeto. Além de apontar a escassez de originalidade ao mostrar os dois subindo a torre e a câmera se afastando para mostrar um maravilhoso pôr do sol, a seqüência prova também a falta de habilidade na hora de finalizar a cena. O uso do chroma-key (a tela azul ou verde que depois é substituída pelo cenário virtual) é tão visível ao espectador quanto deveria ser o farol para um barco. E, convenhamos, com a tecnologia de hoje, isso é inconcebível.
Talvez visto em casa como alternativa ao Faustão numa chuvosa tarde de um frio domingo de inverno, o filme consiga esconder sua obviedade e até mesmo o quase amadorismo de seus efeitos especiais passem despercebidos. Mas na telona, onde tudo deve ser pensado de forma grandiosa, o único medo real que fica neste terror sobrenatural é de que ele continue se alongando por muito tempo ainda.
Ano: 2006
País: Alemanha, Inglaterra
Classificação: 14 anos
Duração: 110 min
Direção: Craig Rosenberg
Roteiro: Craig Rosenberg
Elenco: Demi Moore, Henry Ian Cusick, Beans El-Balawi, Kate Isitt, Nicholas Gleaves, James Cosmo, Joanna Hole, Therese Bradley, Hans Matheson, Mickey Wilson, Polly Frame, Ceit Kearney, Nichola Bee, Jamie Edgell, Anne Smith
