Predador: Terras Selvagens | Crítica do Novo Filme da Franquia
Dan Trachtenberg acerta ao dar o protagonismo ao eterno vilão
Em tempos onde filmes de ficção científica parecem cada vez mais priorizar o espetáculo visual à narrativa, é notável a forma como Dan Trachtenberg consegue equilibrar perfeitamente as duas coisas em Predador: Terras Selvagens. Após o sucesso inesperado com Predator: A Caçada, que diminui a escala dos acontecimentos para focar uma trama mais simplista - mas não menos sanguinária -, o diretor dobra a aposta nesta sequência que vê uma injeção de oxigênio ao subverter o principal elemento da franquia: aqui, o Predador deixa de ser vilão para ser o principal foco da história.
Em Terras Selvagens, Dek (Dimitrius Schuster-Koloamatangi), um jovem guerreiro da raça Yautja, se vê obrigado a partir em uma jornada em direção a Genna, planeta alienígena habitado por Kalisk, uma besta “imatável”, para provar que é merecedor de estar em seu clã. Para piorar, o local também é habitado por outras criaturas igualmente terríveis, o que faz o Predador iniciante aceitar uma parceria com Thia (Elle Fanning), uma andróide da Weyland-Yutani (sim, a mesma da franquia Alien) que ele encontra pela metade após a mesma ser destruída em um combate com Kaslik.
Do original de 1987, com Arnold Schwarzenegger, até a A Caçada, em 2022, a franquia Predador sempre foi um tipo de slasher com anabolizantes. A ambientação sci fi permitia que os diretores explorassem cenas de ação um pouco mais elaboradas em cenários distintos, da selva centroamericana às ruas marginalizadas de Los Angeles, mas o resultado era sempre o mesmo: após matança desenfreada, o Predador sempre acabava derrotado. Desta forma, Trachtenberg idealizou um filme onde o antigo vilão assume o protagonismo e, ao lado de uma companheira improvável, faz de Terras Selvagens um dos buddy cops mais divertidos dos últimos anos.
O fato de Dek ser o protagonista permite a Trachtenberg, que assina o roteiro com Patrick Aison, trabalhar elementos pouco ou nada explorados anteriormente pela franquia. Se sabemos que os Yautja são uma raça de guerreiros cujo objetivo é ser o maior predador de todos, em Terras Selvagens conhecemos um pouco mais do funcionamento de um desses clãs. Diferente das criaturas dos outros filmes, Dek de fato tem uma personalidade e não é apenas uma máquina de matar, o que torna a experiência de acompanhar seu crescimento ainda mais saborosa.
Essa experiência se torna completa com a adição de Thia, interpretada com esmero por Elle Fanning. A atriz, aliás, é um dos pontos altos do filme por também interpretar Tessa, outra andróide da Weyland-Yutani com destaque na trama. Ambas possuem personalidades distintas, o que faz com que Fanning se desdobre em cena para representá-las com a mesma convicção - acertando nas duas. Se a proposta buddy cop de Terras Selvagens funciona muito bem, a inegável química entre Fanning e Schuster-Koloamatangi é a responsável direto.
O trabalho feito pela equipe de produção também ajuda a elevar a experiência de acompanhar este novo capítulo da saga. Do visual do protagonista, que contou com a assinatura de Alec Gillis, artista por trás do monstro no longa original, à construção de uma selva futurista pela Weta Digital, lendária empresa de efeitos visuais, Predador: Terras Selvagens é um espetáculo visual à la Star Wars, capaz de aumentar - e por que não criar - o interesse do público por uma franquia que, há alguns anos, parecia destinada à aposentadoria.
Se A Caçada resgatou Predador do limbo criativo, Terras Selvagens vem para ser a consagração de um novo capítulo que tem tudo para ser brilhante nas mãos de Dan Trachtenberg. Sem cair na armadilha de ser megalomaníaco demais, o cineasta entendeu que o novo filme precisaria soar como um próximo passo crível dentro deste universo, e o resultado é uma sequência que abre um caminho muito interessante para os Yautja nos cinemas, seja com Dek ou não.
Predador: Terras Selvagens
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