Viva a música sem limites com Deezer!

Icone Conheça Chippu
Icone Fechar
Filmes
Crítica

Post Tenebras Lux | Crítica

Carlos Reygadas divide opiniões com experimentalismo

ÉB
13.09.2012, às 23H12.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Post Tenebras Lux, título do novo filme de Carlos Reygadas, significa em latim "depois das trevas, luz". No entanto, o exercício de estilo e narrativa do mexicano nada tem desse prometida iluminação.

Post Tenebras Lux

None

Omelete Recomenda

Post Tenebras Lux

None

Post Tenebras Lux

None

O quarto filme do cineasta divide opiniões. Foi vaiado em alguns festivais, considerado esnobe e pretensioso, mas ganhou o prêmio de melhor diretor em Cannes, onde o realizador é frequentemente aclamado. Reygadas chama seu novo trabalho de "cubista" - e a definição se encaixa perfeitamente à estrutura criada (ou falta dela).

O longa mostra relances de uma família abastada nas montanhas do México, onde possuem uma belíssima casa. Alternam-se aos momentos da vida dessas pessoas algumas cenas, aparentemente, sem relação alguma - como um jogo de xadrez entre velhos, uma partida de rugby de meninos e o caminhar lento do diabo (em cena aterradoramente calma), que carrega uma caixa de ferramentas e é composto apenas de uma luz vermelha.

A atriz principal, Nathalia Acevedo, introduziu o filme no Festival de Toronto pedindo que ele fosse mais sentido que entendido - e a solicitação precisa ser seguida se Post Tenebras Lux, em suas duas horas de duração, quiser ser apreciado de alguma maneira. O filme, afinal, funciona mais como um experimento de galeria de artes, uma videoinstalação, do que um longa-metragem de circuito comercial.

De qualquer maneira, há fragmentos de história ali, que vão e voltam no tempo, incluindo sequências de sonho e momentos de surrealismo (como o citado diabo, que surge entrando em uma casa, algo cheio de significado).

Para quem aprecia o cinema em todas as suas formas, porém, Post Tenebras Lux tem suas recompensas. Registrado em formato 4:3, o olhar de Reygadas sobre a natureza (a humana inclusive) e seu poder é aterrador. As cenas externas, rodadas com foco extremo no centro do quadro e uma distorção circular ao redor, dão ao filme uma qualidade etérea, meio caleidoscópica, e ao mesmo tempo hiperrealista. A cinematografia de Alexis Zabé ora captura as cenas de maneira solta, ora com rigor extremo, fixando a câmera.

A mixagem de som é outro aspecto a ser exaltado. O registro dos animais, sons ambientes e personagens é impactante. A edição aproveita isso alternando cenas de silêncio ou calmaria com momentos de volume alto, causando uma espécie de "ponto de ancoragem". Enquanto em algumas cenas é impossível não devanear e deixar-se levar pelos pensamentos (muito pouco acontece em tela nos longos takes), esse contraste sonoro faz com que se volte ao filme.

Alguns momentos são memoráveis. A sequência de abertura, com uma menininha (Rut Reygadas, filha do diretor) sozinha em um vale alagado cercado de montanhas, andando entre vacas, cavalos e cães, é de tensão e beleza extremas. Igualmente perturbadora é a orgia em uma sauna temática, em que as salas levam o nome de filósofos e escritores.

De enorme pretensão artística pela sua nada ortodoxa realização, Post Tenebras Lux não parece impressionado consigo mesmo, o que poderia classificá-lo - como dizem alguns - como esnobe. Há uma visão genuína aqui, uma necessidade de buscar uma forma e significados, e não há nada de errado em não se conformar.

Nota do Crítico

Ótimo
Érico Borgo

Post Tenebras Lux

Post Tenebras Lux

2012
Drama
País: México
Classificação: LIVRE
Onde assistir:
Oferecido por

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.