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Filmes
Crítica

O Sobrevivente oferece correria arrastada pela verborragia

Nova adaptação do livro de Stephen King infelizmente tem muito a dizer

Omelete
4 min de leitura
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20.11.2025, às 10H40.
O Sobrevivente oferece correria arrastada pela verborragia

A primeira adaptação ao cinema de The Running Man saiu em 1987 sem causar comoção; naquele ano a narrativa distópica que se consagraria no cinema era RoboCop, e mesmo na carreira de Arnold Schwarzenegger 1987 foi o ano de outro longa mais marcante, Predador. Posteriormente o ator reclamaria da adaptação, em que o livro de Stephen King sobre um reality show sádico acabou sendo, nas palavras do ator, encenado como um programa de TV normal, sem evidenciar o teor crítico.

Mal suspeitava Schwarzenegger que uns 40 anos depois absolutamente todos os filmes americanos que se pretendem autocríticos sobre a mídia precisam antes de mais nada assinalar e deixar cristalino o didatismo do seu posicionamento. O discurso precede a encenação e esse parece ser o mantra que rege todo o cinema popular americano desta década. O Running Man do diretor Edgar Wright - que não segue o título do livro de King, O Concorrente, e em português está sendo lançado com o nome O Sobrevivente - se arrasta sob o peso dessa prolixidade.

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A promessa era colocar o novo astro de ação Glen Powell num empolgante filme de correria. Ele interpreta Ben Richards, proletário de cabeça quente que não consegue parar em trabalho nenhum, e para sustentar a família se vê forçado à inscrição no reality show que empresta o nome ao filme. Em troca de uma fortuna, o inscrito se dispõe a ser caçado pelos EUA; cada dia vivo aumenta a recompensa e se completar um mês sem morrer Ben Richards ganha o jogo.

As regras não poderiam ser mais claras, a despeito do esforço que O Sobrevivente faz para se explicar de tempos em tempos. Ben Richards primeiro ouve do vilão executivo de TV (Josh Brolin) a proposta, depois o apresentador do reality (Colman Domingo) se dirige a nós, testemunhas sádicas do programa, para dar as regras. Sempre que a correria dá um respiro, é momento de mais explicação - porque o Sistema é bruto e aparentemente muito confuso mesmo - primeiro com um guerrilheiro urbano que dá-a-real (Daniel Ezra) depois com um conspiracionista de bunker (Michael Cera). Haverá o momento em que Ben Richards já aprendeu o suficiente para passar a lição adiante para uma civil preconceituosa (Emilia Jones), sermão dado em pleno clímax.

Há uma marca de ironia laboriosamente registrada em cada batida e virada de roteiro. Essa seria a marca pessoal que o inglês Edgar Wright imprime neste que é visivelmente um projeto de encomenda, não fosse a ironia um recurso já incorporado e esgotado por todos esses filmes que pretendem comentar mídia e política e ser didáticos sem parecer que estão sendo. Outra marca atribuída a Wright, um suposto talento em propor e manter um ritmo ágil de clipagem nos seus filmes de ação, já se frustra logo de cara dado o texto truncado.

Não é nem o caso de O Sobrevivente ser uma comédia irônica que acaba se revelando apenas cínica. Glen Powell faz o que pode com seus sorrisos brilhantes, tentando emprestar carisma a um personagem que de fato está entendendo a própria fúria e se redescobrindo como revolucionário. O problema é todo o combo de inépcia: O Sobrevivente dubla uma crítica distanciada como se todo o espetáculo dos realities não estivesse plenamente incorporado pela nossa linguagem, e brinca de abraçar a revolução mas ainda faz o isentão e individualiza a culpa (“eu fiz tudo isso a mim mesmo”, diz Ben Richards). Não por acaso RoboCop bateu The Running Man naquele ano de 1987: Paul Verhoeven já sabia que não há santos e que o Sistema se ataca de dentro, e não de camarote. 

Em matéria de correria, 2025 provavelmente não vai ser o ano de O Sobrevivente, e sim de A Longa Marcha (uma adaptação de King que sabe embutir o discurso na ação sem se apartar do formato de reality) ou então de Uma Batalha Após a Outra. Em comum com o filme de Edgar Wright, Paul Thomas Anderson também oferece uma narrativa politicamente difusa, mas pelo menos seu compromisso com o cinema de gênero e com uma manutenção do ritmo da ação é total. O que O Sobrevivente consegue oferecer a nós talvez seja apenas um sintoma dos tempos, um filme que responde à era das fake news e das teorias de conspiração se comportando como oráculo demente, narrativa interditada pelo volume de perspectivas e informação.

Nota do Crítico

O Sobrevivente (2025)

The Running Man

2025
País: Estados Unidos
Onde assistir:
Oferecido por

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