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Korea
Crítica

À moda Hong Sang-soo, O Que a Natureza te Conta funciona bem na simplicidade

Novo filme do cineasta só tropeça quando arquiteta demais seus conflitos

Omelete
4 min de leitura
03.10.2025, às 07H30.
Atualizada em 09.10.2025, ÀS 16H15
O que a Natureza te Conta

Créditos da imagem: Pandora Filmes

Ao menos desde 2023, Hong Sang-soo está interessado em investigar as dinâmicas e tensões entre gerações. Pode parecer pouco tempo, mas o cineasta sul-coreano – um dos diretores mais prolíficos da atualidade, apesar de sua idade avançada – já encarou esse tema em diversos filmes neste pequeno espaço de tempo. Conhecido por lançar dois ou até três longas por ano, Sang-soo abordou a ideia em diferentes níveis e por diferentes lentes em seus trabalhos recentes; com pais e filhos em Em Nossos Dias (2023), com professores e alunos em Através do Fluxo (2024) e com o que quer que seja o relacionamento entre a tutora de francês vivida por Isabelle Huppert em As Aventuras de uma Francesa na Coreia (2024) e seu colega de quarto (muito) mais novo.

Para seu único longa de 2025, o cineasta apostou no que pode muito bem ser a mais agoniante e universal dessas formas de interação: genros e sogros. O Que a Natureza te Conta tem, talvez, a premissa que mais se beneficia do estilo  nada glamouroso, mas sempre econômico, de Sang-soo, que novamente veste diversos chapéus nos bastidores. Como diretor, roteirista, compositor, montador, produtor e diretor de fotografia deste filme, ele joga um olhar honesto na comédia desconfortável inerente ao dia em que conhecemos os pais de nossos namorados, e como fatores como dinheiro, trabalho e idade podem influenciar na primeira impressão que eles terão de nós.

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O que a Natureza te Conta
Pandora Filmes

Para ser justo com Ha Dong-hwa (Ha Seong-guk), ele não sabia que conheceria os pais de Kim Jun-hee (Kang So-yi) quando a deixou na casa da família onde ela passará o fim de semana. Namorando há três anos, os dois moram em outra cidade, e o rapaz – que sonha em ser poeta, mas vive de bicos, se recusando a aceitar dinheiro do pai, um rico advogado – só subiu até a residência para vê-la de perto. A casa é gigante, e os jardins ao seu redor ainda maiores, contendo até uma espécie de montanha supostamente feita, assim como tudo na propriedade, unicamente pelas mãos de seu sogro: Kim O-ryeong (Kwon Hae-hyo), que rapidamente o convence a passar o dia por lá.

O homem é um verdadeiro Rodrigo Hilbert. Apesar da esposa (Cho Yun-hee como Choi Sun-hee) disputar suas afirmações de ter construído tudo daquele terreno sozinho, está claro que O-ryeong é capaz de muitas coisas. Quando o encontramos, o pai de Jun-hee está de calça jeans, camisa suada e com as mãos na massa. Imediatamente após conhecer o genro, ele pede para dirigir seu carro, um modelo antigo pelo qual ele tem curiosidade, e ao longo daquela tarde Dong-hwa verá como seu sogro exala autoridade. Ele tem dois cachorros grandes prontos para espantar invasores (e é claro que eles latem para o visitante surpresa), mata galinhas para preparar o jantar e, em tudo menos palavras, desafia o jovem a acompanhá-lo na bebida.

Encontros como esses, e os eventuais momentos de Dong-hwa com a sogra e a cunhada desconfiada, Kim Neung-hee (Park Mi-so), estão carregados de uma energia comicamente incômoda potencializada pela direção de Sang-soo. Filmando com uma câmera que dispensa o 4K em troca de ruídos digitais dignos do fim dos anos 2000, ele captura aquele dia com um visual pra lá de caseiro, portanto encenando O Que a Natureza te Conta de forma crível e crua. É um efeito ainda mais eficaz porque as tomadas fixas do cineasta, que descarta closes e muitos cortes em favor de planos extensos com múltiplos personagens conversando nas mesmas posições, nos forçam a interpretar as cenas puramente através do que é dito, e de como isso é dito.

É aqui que a atuação do quinteto principal é de enorme valor. Nenhum deles atua, digamos, de maneira comum ao que se espera do cinema. A naturalidade é tamanha que, em especial dada a resolução mais baixa da imagem, não conseguimos discernir 100% qual é o tom pensado pelo diretor para as conversas. Devemos rir? Ficar nervosos? Ou, enfim, podemos relaxar? É justo dizer que Dong-hwa passa por essa mesma gama de emoções, e não era pra ser diferente. Visitar a família de quem namoramos pela primeira vez é uma experiência de insegurança que convida a entrada desse tipo de variação de humor.

Tanto é que o maior tropeço de O Que a Natureza te Conta vem quando Sang-soo parece arquitetar demais conflitos no terceiro ato. Estes vêm à mesa, e quando o álcool entra na jogada com tudo. Hong Sang-soo pode, tranquilamente, ser definido como o cineasta mais capaz de capturar a diversão, ansiedade e honestidade inesperada que surgem quando pessoas se juntam para comer e beber, mas aqui ele revela uma intencionalidade que destoa demais do restante do filme, um objeto tipicamente casual e (no melhor sentido) desleixado. 

Não é nada que não seja recuperado pelas últimas cenas de O Que a Natureza te Conta, quando o casal no centro da história, e especialmente o tal poeta, precisam avaliar as últimas 24 horas. Novamente, o que eles dizem e deixam de dizer oferece muito à linguagem quase anti-cinematográfica de Hong Sang-soo. Quando só temos em nossa frente uma imagem e alguns diálogos, é fácil se perder numa dúvida deliciosa.

Nota do Crítico

O que a Natureza te Conta

What Does That Nature Say to You

2025
109 min
País: Coreia do Sul
Direção: Hong Sang-soo
Roteiro: Hong Sang-soo
Elenco: Park Mi-so, Cho Yun-hee, Kang So-yi, Ha Seong-guk, Kwon Hae-hyo
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