O Macaco é horror bagunçado que não sabe se quer assustar ou fazer rir com gore

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Crítica

O Macaco é horror bagunçado que não sabe se quer assustar ou fazer rir com gore

Filme de Osgood Perkins começa bem, mas perde força com versão adulta do protagonista

Omelete
3 min de leitura
06.03.2025, às 21H00.
Atualizada em 06.03.2025, ÀS 21H11

Existe uma grande discussão sobre filmes de terror atuais e no quanto eles realmente querem cumprir a função de assustar. Fundamentalmente, o gênero trabalha com fobias, repulsas, traumas e ou qualquer outro tipo de sentimento que, como o nome já diz, aterrorize o espectador. O desconhecido, a escuridão e a solidão, por exemplo, são alguns dos nossos pavores mais naturais, remetendo diretamente aos sentimentos de quando somos crianças. Não é à toa então que, O Macaco, novo filme de Osgood Perkins, comece e até gaste um bom tempo com o protagonista ainda criança.

A produção chega aos cinemas menos de um ano depois do elogiado Longlegs - Vínculo Mortal, e, ao contrário do que se esperava pelo marketing, O Macaco carrega um lado cômico muito mais presente do que o horror. Volta e meia, o terror é misturado com a comédia e a galhofa e cria bons exemplares. Os clássicos Uma Noite Alucinante 2, Os Fantasmas se Divertem e As Bruxas de Eastwick carregam bem os elementos dos dois gêneros. Todo Mundo Quase Morto O Que Fazemos nas Sombras são exemplos mais recentes que também acertam. Heart Eyes, ainda inédito no Brasil, se assume completamente como uma comédia romântica de terror e isso deixa a experiência muito mais honesta, favorecendo o próprio filme.

Falta a O Macaco o equilíbrio entre a parte que tenta aterrorizar e a que faz rir com o absurdo das mortes e do sangue. A história mostra os jovens gêmeos Hal e Bill (ambos interpretados por Christian Convery, de Sweet Tooth), que um dia encontram um macaco de brinquedo amaldiçoado, que pertencia ao pai deles. Hal sofre bullying do próprio irmão e de colegas da escola e, claro, o macaquinho de corda e seu tambor serão utilizados pelo jovem em eventos que vão acabar saindo do controle. Baseado na obra de Stephen King e com uma narração que dá ainda mais esse tom de conto - assim como no ainda inédito e ótimo A Vida de Chuck -, todo esse primeiro momento da história é excelente, mesclando o estranhamento do humor com o lado sombrio da trama. Convery entrega bem a dinâmica “Ruth e Raquel”, o gêmeo bom e o perverso, e a repetição da situação dos velórios é hilária.

O grande problema está na passagem de tempo, quando Theo James assume o papel dos gêmeos. O ator não consegue entregar direito nem a parte engraçada e nem o espanto necessário com as situações mórbidas. Ele também não tem a ajuda do roteiro, que se embanana em um punhado de ideias que não dão em lugar algum, como, por exemplo, a entrada do personagem de Elijah Wood na história. Quando Bill retorna para a trama então, Perkins não consegue extrair de seu protagonista nada além de caras e bocas. 

Ainda que as mortes à la Premonição divirtam por si só - a das abelhas e a da piscina são as melhores -, elas não são suficientes para que torçamos para a próxima chegar logo, como na franquia da New Line. Também não tememos que algum personagem que gostamos na trama seja afetado. Isso acontece porque Osgood Perkins está mais interessado em associá-las com coadjuvantes totalmente secundários e descartáveis. A única personagem realmente importante que sofre com a maldição - logo no início do filme - é também a que vai gerar o principal conflito da história. Fora isso, é só o sangue pelo sangue e até boas cenas de suspense sofrem com sua conclusão. É como uma piada boa que tem um final ruim. Só que, no caso, uma violência que, no fim das contas, não choca ninguém.

O Macaco acaba sofrendo por suas várias indecisões. A do marketing que não assume o filme como uma comédia e o vende como “o novo filme de terror do diretor de Longlegs e produzido por James Wan” e do próprio Oz Perkins que não sabe para qual lado correr com a trama. Não assusta o suficiente e nem abraça de vez a comédia da bobagem sanguinolenta. É um “quase terrir”.

Nota do Crítico
Regular
O Macaco
The Monkey
O Macaco
The Monkey

Ano: 2025

País: Estados Unidos

Classificação: 18 anos

Direção: Oz Perkins

Elenco: Theo James

Onde assistir:
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