O Guardião | Crítica
O guardião
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A profissão de guarda-costas é tema recorrente no cinema. Esses homens que servem de escudo humano aos poderosos são frequentemente glamourizados em Hollywood. Kevin Costner, Clint Eastwood, Michael Douglas, Denzel Washington... a lista dos astros que já viveram esse tipo de papel é extensa, sempre valentes, sempre belos, sempre importantes.
Eis que os argentinos chegam e dão uma injeção de realidade no gênero, reduzindo o protagonista ao que ele é: um coadjuvante da História, alguém que está ali apenas para assegurar a continuidade de outra pessoa.
No filme O guardião (El custodio), o guarda-costas é Rubén (Julio Chávez), um sujeito sem-graça, acima do peso e absolutamente calado, enfim, alguém bem mais condizente com o que vemos na realidade. Ele protege Artemio (Osmar Núñez), um atarefado ministro do governo. Seu cotidiano, porém, é muito distinto do que vemos no cinema estadunidense. Basicamente, tudo o que ele faz é esperar, esperar e esperar um pouco mais. Sempre calado. Sempre imperceptível.
O diretor e roteirista Rodrigo Moreno faz um excelente trabalho em transmitir a enfadonha existência do protagonista. Sua câmera econômica, muitas vezes estática, observa Rubén com paciência, exigindo esse mesmo estado de espírito do espectador. Há poucos momentos em que algo digno de nota acontece - e esses são geralmente relacionados à vida íntima do guardião ou seus talentos artísticos pouco explorados. O esmero estético alcança também a fotografia, que gera algumas imagens memoráveis na película.
O problema do filme é mesmo narrativo. A falta de uma história que vá além das funções do voyeurístico personagem prejudica a produção, deixando o final meio improvável e ao mesmo tempo previsível. Algo que fere o realismo alcançado até ali. Ainda assim, uma idéia interessante sobre um tema bastante desgastado.


