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O Cheiro do Ralo | Crítica

O cheiro do ralo - 30a. Mostra Internacional de Cinema

19.10.2006, às 00H00.
Atualizada em 05.12.2016, ÀS 05H00

O cheiro do ralo
Brasil, 2006, 112 min
Comédia

Direção: Heitor Dhalia
Roteiro: Marçal Aquino e Heitor Dhalia

Elenco: Selton Mello, Silvia Lourenço, Paula Brown, Leonardo Medeiros, Flávio Bauraqui, Alice Braga, Milhem Cortaz, Martha Meola, Dionísio Neto, Lorena Lobato, Lourenço Mutarelli, Susana Alves

A parceria entre o consagrado quadrinhista brasileiro Lourenço Mutarelli e o publicitário e cineasta Heitor Dhalia começou com o elogiado Nina. No filme de 2004, o escritor e desenhista cuidou das viscerais passagens animadas. Agora, no longa O cheiro do ralo (2006), atinge maior expressão, já que adapta para as telonas o primeiro romance de Mutarelli, que - veja só! - aproveita para debutar também como ator.

O roteiro adaptado é do próprio Dhalia e Marçal Aquino (Crime delicado, O invasor), sujeito que dispensa apresentações. A dupla já trabalhou junta em Nina e retoma aqui a ótima colaboração, ao transportar a obra sem perder um grama sequer de sua deliciosa ironia.

Na trama, Lourenço (Selton Mello), um comprador de objetos usados, vive enfurnado em um galpão, protegido dos fracassados do mundo por uma secretária (Martha Meola) e um segurança (o próprio Mutarelli, divertidíssimo). Os dois cuidam de filtrar os desesperados que podem entrar na sala do chefe e oferecer seus tesouros e tralhas a ele.

Lourenço começa o filme quase normal. É noivo, come estrogonofe com batatinha ao lado da futura esposa, dirige uma Veraneio e leva a vida de forma comum. Porém, conforme aumenta o cheiro desagradável que vem do ralo do banheiro de seu caótico escritório, cresce também a sensação de poder dele, de domínio sobre aqueles desgraçados que ele "coisifica", catalogando-os em função de seus objetos. Começam também as obsessões... um olho de vidro, uma bunda continental... na mente de Lourenço, tudo está conectado.

Dhalia leva com competência a obra marginal de Mutarelli às telas, enriquecendo a narrativa com pequenas pistas visuais sobre a questionável personalidade do personagem. Direção de arte, fotografia, figurino, tudo espelha o universo do comprador de velharias, que dá vida ao ambiente disparando engraçadíssimas frases de efeito com a mesma facilidade que respira e se afunda no ar fedido do banheirinho.

Mas nem todo o talento cinematográfico do planeta teria êxito em levar à tela essa história, que depende quase que exclusivamente do personagem principal, se não houvesse um protagonista perfeito liderando o elenco. Selton Mello abraça a cria de Mutarelli e a arranca das páginas do livro com cínica perfeição.

A voz rouca do ator e sua atitude blasé dão ao anti-herói trash sua carne e osso, mas é a genial desconfiança de Mutarelli sobre a sociedade responsável pela sua alma deliciosamente perturbada.

O cheiro do ralo
Brasil, 2006
Comédia - 112 min.

Direção: Heitor Dhalia
Roteiro: Marçal Aquino e Heitor Dhalia.

Elenco: Selton Mello, Silvia Lourenço, Paula Brown, Leonardo Medeiros, Flávio Bauraqui, Alice Braga, Milhem Cortaz, Martha Meola, Dionísio Neto, Lorena Lobato, Lourenço Mutarelli, Susana Alves.

Nota do Crítico
Ótimo
O Cheiro do Ralo
O Cheiro do Ralo
O Cheiro do Ralo
O Cheiro do Ralo

Ano: 2006

País: Brasil

Classificação: 16 anos

Duração: 112 min

Direção: Heitor Dhalia

Elenco: Selton Mello, Paula Braun, Lourenço Mutarelli, Fabiana Guglielmetti, Sílvia Lourenço, Milhem Cortaz

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