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Filmes
Crítica

Em O Bom Bandido, Derek Cianfrance volta a examinar corações quebrados dos EUA

Falhas do sonho americano no final dos anos 90 se ampliam diante da lente do diretor

Omelete
3 min de leitura
16.10.2025, às 06H00.
Channing Tatum e Kirsten Dunst em O Bom Bandido (Reprodução)

Créditos da imagem: Channing Tatum e Kirsten Dunst em O Bom Bandido (Reprodução)

Faz quase dez anos desde o último longa-metragem de Derek Cianfrance, e é bem possível que você nem tenha visto A Luz Entre Oceanos (2016) – pouca gente viu. Apesar da potência estelar do elenco (Michael Fassbender, Alicia Vikander, Rachel Weisz), esse melodrama de época sobre um casal criando sua filha adotiva no isolamento de uma ilhota australiana passou incólume pelos cinemas, mal recuperando seu modesto orçamento de US$ 20 milhões, e angariou reações mornas da crítica.

Pudera: A Luz Entre Oceanos era tudo o que não se esperava de um filme de Derek Cianfrance. Após fazer seu nome com o romance marcadamente contemporâneo de Namorados Para Sempre (2010) e segui-lo com O Lugar Onde Tudo Termina (2012), um thriller criminal ambientado nos anos 90, o cineasta ficou marcado como um observador arguto das rachaduras do sonho americano, especialmente naquele momento histórico em que o ideal de país estadunidense se chocou com a realidade complexa do século XXI.

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Pois O Bom Bandido, fãs de Cianfrance vão ficar felizes em saber, é um retorno à forma nesse sentido. Corroteirizado pelo próprio cineasta, ao lado de Kirt Gunn (O Som do Silêncio), o longa coopta a história real de um assaltante que passou meses escondido dentro de uma loja de brinquedos no interior da Carolina do Norte (EUA) – fazendo amigos e até engatando um romance na comunidade local – para falar das falsidades que envenenam a mentalidade estadunidense.

Materialismo, excepcionalismo, necessidade desesperada de pertencimento: os calcanhares de Aquiles do protagonista de O Bom Bandido, Jeffrey Manchester (Channing Tatum), são os mesmos do projeto de país dos EUA. Cianfrance e Gunn exploram todas essas rachaduras sem receio de assustar o espectador, mas também sem soberba – seu indiciamento do sonho americano não preclude uma desumanização dos personagens, nem um cinismo pervasivo sobre eles.

Por isso, inclusive, que o excelente elenco do filme tem espaço para fazer o que faz. Tatum é a peça central, encontrando dentro de si uma profunda melancolia e desajuste que não parecia morar no astro de Magic Mike e Se Ela Dança, Eu Danço, mas ele é bem apoiado por todos os lados. Principalmente, claro, por Kirsten Dunst, encontrando aqui uma simplicidade frágil que define muitas de suas melhores performances (se você não a assistiu na prematuramente cancelada Como se Tornar uma Divindade na Flórida, assista!).

Com a ajuda do diretor de fotografia Andrij Parekh, se reunindo com o cineasta pela primeira vez desde Namorados Para Sempre, Cianfrance filma essas pessoas de forma notavelmente íntima, apostando não só em câmera na mão, mas também em uma textura granulada que coloca o espectador no espaço temporal em que o filme se passa. O Bom Bandido fala do final dos anos 1990, pouco antes do 11 de setembro, plena ascensão da mídia digital, quando não se entendia as consequências de um mundo de organização corporativa que ia se deteriorando (e deteriorando as pessoas) pouco a pouco.

É esse o contexto em que Cianfrance volta a olhar para os corações quebrados do seu país, encarando com generosidade as motivações que os personagens guardam, e os engodos em que caem. O Bom Bandido se encaixa perfeitamente no contínuo das outras obras do cineasta, um artista que revela a impossibilidade angustiante de vencer o sistema em seu próprio jogo. Nos EUA de Cianfrance, todo mundo está a caminho da tragédia – e é impossível tirar os olhos deles enquanto se dirigem para lá.

Nota do Crítico

O Bom Bandido

Roofman

2025
126 min
País: EUA
Direção: Derek Cianfrance
Roteiro: Kirt Gunn, Derek Cianfrance
Elenco: Kirsten Dunst, Channing Tatum, Juno Temple, Lakeith Stanfield, Peter Dinklage, Emory Cohen
Onde assistir:
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