Na Sua Casa Ou Na Minha? põe Reese e Ashton em zona de conforto
Filme da Netflix desperdiça talentos de veteranos das comédias românticas
Créditos da imagem: Netflix/Reprodução
A notícia do retorno de Reese Whiterspoon e Ashton Kutcher às comédias românticas com Na Sua Casa Ou Na Minha? foi recebida como uma boa surpresa. Ambos são veteranos do gênero com títulos memoráveis - mais da parte de Reese - como Legalmente Loira e Como se fosse Verdade, enquanto o ator tem no currículo Sexo Sem Compromisso e De Repente É Amor. Entretanto, mesmo com a direção de Aline Brosh McKenna, roteirista de O Diabo Veste Pradae Crazy Ex-Girlfriend, o longa da Netflix se mostra uma narrativa água com açúcar menos impactante nos currículos da cineasta e de seu elenco.
Na trama, Debbie (Witherspoon) e Peter (Kutcher) têm uma noite de sexo, mas decidem não engatar um romance e se tornam grandes amigos. Ao longo de vinte anos, o aspirante a escritor vai morar em Nova York para trabalhar com marketing e não cria vínculos afetivos, enquanto Debbie permanece em Los Angeles e se torna mãe solo de Jack (Wesley Kimmel), um garoto tímido e com várias alergias, e faz da vida dele sua maior preocupação. Quando Debbie viaja a Nova York para fazer um curso, eles combinam trocar de casa por uma semana e os cuidados de Jack ficam nas mãos de Peter - e então, os dois descobrem os segredos que guardavam um do outro.
Preenchendo o roteiro de idas e vindas das comédias românticas, ambos vão fazendo amizades na nova cidade: Debbie se torna bestie de uma patricinha encantadora interpretada por Zoë Chao e, de quebra, consegue um flerte com o editor Theo (Jesse Williams). No outro lado, Peter precisa “ser pai” de Jack enquanto enfrenta seus próprios daddy issues e recebe os conselhos da amiga de longa data interpretada por Tig Notaro.
Numa mistura de Harry e Sally e O Amor Não Tira Férias, o longa trabalha bem com o maior desafio que propõe: manter uma dinâmica interessante com os protagonistas separados na maior parte do tempo. Reese e Kutcher conseguem desenvolver uma agradável química mesmo à distância. A atriz se sente confortável no papel de mãe coruja que lida com suas desavenças internas ao se descobrir apaixonada pelo amigo. Já Kutcher tem seu personagem mais engessado por não querer se envolver romanticamente, mas faz uma boa dupla com o adolescente Wesley Kimmel.
Na Sua Casa Ou Na Minha passa rápido sem que o espectador note, mas elabora conflitos sem muito compromisso, e os poucos que aparecem não são desenvolvidos. O arco entre Theo e Debbie é bem trabalhado ao longo do filme, mas o desfecho abrupto acaba deixando a desejar. Já a participação de Steve Zahn, que faz o rico e despreocupado Zen, serve apenas para causar ciúmes em Peter, e é totalmente dispensável para a história.
A Netflix faz de Na Sua Casa Ou Na Minha uma “Sessão da Tarde” que por um momento reacende o interesse pela memória das comédias românticas dos anos 2000, mas é uma pena que não faça jus aos seus protagonistas Reese Whiterspoon e Ashton Kutcher. Todos tinham na mão a oportunidade de fazer uma rom-com mais impactante - o gênero depende hoje do streaming para permanecer vivo e sabe se renovar com uma geração mais jovem de vozes, atores e atrizes mais ligados à Geração Z - mas neste caso a inércia dos veteranos falou mais alto.
Na Sua Casa Ou Na Minha?
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