Filmes

Crítica

Mulheres Alteradas

Filme tenta modernizar os conflitos femininos, mas ainda sofre com clichês

05.07.2018, às 15H25.
Atualizada em 12.07.2018, ÀS 15H13

Maitena Burundarena começou a publicar os quadrinhos das Mulheres Alteradas em 2001 para mostrar a realidade dos conflitos femininos com bom humor e sem nenhum glamour. Seguindo essa linha, a adaptação aos cinemas dirigida por Luis Pinheiro entrega bons conceitos, embora ainda sofra com clichês sobre a relação das mulheres com o mundo.

Divulgação

Um dos grandes acertos de Mulheres Alteradas é contar a histórias de personagens em diferentes momentos da vida: uma está tentando salvar o casamento de anos; outra é solteira e não acredita no amor; a terceira é uma mãe sobrecarregada com a criação dos filhos e o marido ausente e a última está na faixa dos 30 anos de idade e se sente mal por não ter formado uma família.

Com essas tramas tão distintas, o longa cria várias possibilidades narrativas e as explora muito bem. É mostrado, por exemplo, como é fácil julgar que situação da outra é mais fácil, mas a grande verdade é que há dificuldade em todas as fases da vida: seja na solteirice da juventude, ou na criação de dois filhos pequenos. Cada momento tem seu lado positivo e negativo e é possível aprender com cada um deles. Aliado a isso, o filme também mostra como é fácil deixar de valorizar as coisas boas em meio ao cansaço do dia a dia.

Para mostrar esses pontos, o filme utiliza muitos diálogos expositivos entre as protagonistas, o que não é necessariamente ruim, mas cria um ar artificial que poderia ser melhorado com conversas menores, mais naturais, e a apresentação de conceitos com atitudes e não palavras. Apesar disso, a direção de Pinheiro se destaca de forma positiva por colocar a câmera em locais inesperados e interessantes, como em um carro em movimento, ou em uma cadeira de praia.

Onde Mulheres Alteradas realmente derrapa é na relação das mulheres com o trabalho e os relacionamentos. O filme cai no estereótipo de que profissionais solteiras trabalham melhor e que o envolvimento amoroso depois de muito tempo as deixa “áreas” e sem condições de exercer suas atividades com competência. As emoções da paixão são tão fortes, que não é possível se concentrar em mais nada. Claro, é possível dizer que a trama foi encaminhada dessa forma simplesmente para gerar humor e risadas, mas a execução fincada em clichês deixa essa parte da história boba e com ares de novela da TV aberta. Além disso, não há evolução, já que a personagem termina o filme da mesma forma que começou.

Apesar desse importante deslize em uma de suas personagens mais importantes, Mulheres Alteradas finaliza bem suas outras três histórias, mostrando o amadurecimento de personagens que tiveram experiências novas durante a trama e conseguiram ficar em paz com as partes de suas vidas que estavam com problemas. Tudo isso ressaltando que fragilidade não é o mesmo que fraqueza. É possível ser uma mulher forte mesmo com todas as dúvidas e confusões do dia a dia.

Nota do Crítico
Bom
Mulheres Alteradas
Mulheres Alteradas

Ano: 2017

País: Brasil

Classificação: 12 anos

Duração: 120 min

Direção: Luis Pinheiro

Roteiro: Caco Galhardo

Elenco: Mônica Iozzi, Maria Casadevall, Deborah Secco, Alessandra Negrini

Onde assistir:
Oferecido por

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.