Mulher Infernal | Crítica
Alcança seus melhores momentos quando segue a cartilha dOs Três Patetas
Em certo momento de Mulher Infernal (Evil Woman/Saving Silverman, de Dennis Dugan, 2001) a personagem Judith, acorrentada numa garagem empoeirada, consegue rir, esquecer a sua situação dramática enquanto assiste aos Três Patetas na TV. A referência aos gênios do humor físico é breve, mas significativa – resume precisamente todo o objetivo do filme. Um exemplar típico da atual comédia adolescente, Mulher Infernal abusa das piadas grosseiras, dos palavrões e da conotação sexual. Mas, assim como as histórias quase circenses de Moe, Larry e Curly, alcança os seus melhores momentos com as gags, as estapeações, os tombos e as confusões.
Steve Zahn, Jack Black e Jason Biggs, três dos comediantes jovens mais promissores e requisitados da indústria, representam segundo a ordem consagrada dos “Patetas”. À moda de Moe, o líder Wayne Lefessier (Zahn) organiza as coisas. Avoado e atrapalhado, Darren Silverman (Biggs) remete a Larry. Estabanadíssimo, como o hilariante Curly, J. D. McNugent (Black) incumbe-se da maioria das bobagens. No enredo, os três, inseparáveis, compartilham a sua idolatria por Neil Diamond (representado por ele mesmo), astro da música romântica nos anos 60. Apenas um detalhe atrapalha a alegria do trio: a falta completa de atrativos físicos. Desde a infância até a puberdade, nunca tiveram sucesso entre as mulheres.
Tudo muda quando Silverman conhece a deslumbrante Judith (Amanda Peet). Ambos se apaixonam. A relação, porém, altera a rotina do grupo. Judith revela-se uma megera. Além de odiar Neil Diamond, proíbe o namorado de encontrar os amigos. Bons companheiros, os outros dois decidem ajudar o sofrido parceiro. A cena descrita no início do texto exemplifica bem o que ainda virá. Comandado com competência em seu princípio pelo diretor Dugan – responsável pela comédia O paizão (Big Daddy, 1999) –, Mulher infernal peca no desfecho pela recaída sentimental, dramática. Perde o pique ao tentar ser mais sério. Se mantivesse o ritmo de pastelão, se efetivamente seguisse as regras dos Três Patetas, terminaria coroado como uma diversão descompromissada de primeira linha.