Meu encontro com Drew Barrymore | Crítica
Meu encontro com Drew Barrymore
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Com o advento das máquinas digitais, ficou bem mais fácil fazer um filme. O conceito do mestre Glauber Rocha, "uma idéia na cabeça e uma câmera na mão", tornou-se uma realidade que o grande diretor baiano jamais poderia imaginar. Tudo bem que muitas vezes essa facilidade não significa qualidade. Meu encontro com Drew Barrymore (My date with Drew, 2005) faz parte desse último grupo: uma idéia ridícula que ganhou espaço nos festivais de cinemas espalhados pelo mundo.
Imaginem um fã que se propôs a produzir um documentário sobre seu encontro com seu ídolo preferido, num prazo de 30 dias e com um orçamento de 1,1 mil dólares. O nome do excêntrico é Brian Herzlinger. Ele é apaixonado pela atriz Drew Barrymore há 20 anos, desde que a viu em E.T., do diretor Steven Spielberg. Brian ainda guarda a cartinha em papel cor de rosa que recebeu de Drew, ainda era uma menininha, quando começou a fazer parte do fã clube da atriz.
Brian - com 27 anos, apenas um ano mais novo que Drew - junta uma equipe para fazer o seu documentário. Ele começa ligando para as pessoas que por acaso conheçam alguém com algum tipo de contato com ela. Começa então uma espécie de jogo dos oito passos de separação, isto é, quantos passos são necessários para chegar até a atriz. Ele compra uma câmera e começa a registrar tudo: seus telefonemas para pessoas que possam ajudá-lo, encontros e até suas crises de felicidade e depressão. Consegue depoimentos esdrúxulos de estrelas atualmente no ostracismo, como Corey Feldman (Garotos Perdidos) e Eric Roberts, mais conhecido como o irmão sem sucesso da estrela Julia Roberts.
O espectador acaba sendo pego de surpresa pelo demente e fica na expectativa se o nosso "herói" irá conseguir seu maior sonho. Nesse ponto, é preciso dizer, Brian sabe cativar o público, fazendo com que a platéia torça por ele. Todas as armadilhas emocionais estão lá: aflição na hora de conseguir burlar os seguranças com credenciais falsas em eventos com a presença de Drew, olhos rasos d´agua na hora de mais uma frustração e a felicidade plena a cada golpe certeiro.
Por mais inocente que pareça, o documentário de Brian inicia um debate importante: qual o limite entre a adoração e a perseguição? Em nome da idealização de um ícone, será que temos o direito de invadir a vida de uma pessoa? Isso chegar a ser perigoso, ainda por cima com tantos casos de psicopatas latentes que encontraram em seus ídolos uma forma de exorcizar seus próprios demônios. Alguém se lembra do assassinato do ex-Beatle John Lennon?
A mídia e o público também são culpados por levar astros à categoria de deuses, sejam eles do cinema ou da música. A imprensa e a TV cada vez mais procuram invadir a intimidade dos famosos em programas de fofoca ou revistas do gênero, pois sabe que o público está sedento por esse tipo de notícia. Por esse motivo, o documentário de Brian vem gerando lucros a seu criador. É capaz dele mesmo se tornar uma celebridade. Fico imaginando qual a seria a opinião de Glauber Rocha sobre tudo isso...


