Filmes

Crítica

Mentes Sombrias

Sequência de ação bem feita não salva a falta de originalidade da adaptação

15.08.2018, às 12H27.
Atualizada em 19.08.2018, ÀS 13H57

É desnecessário falar como o cinema teve uma onda bem sucedida de filmes inspirados em livros infanto-juvenis. Além de Harry Potter, que cresceu junto com uma geração inteira, Crepúsculo, Jogos Vorazes, Maze Runner e vários outros filmes se tornaram sagas de sucesso (de público ou crítica). Inspirado no livro de  Alexandra Bracken, Mentes Sombrias tenta seguir um caminho parecido, mas ao invés de ser o começo de uma nova franquia, a história é um amontoado de conceitos já apresentados antes, sem nenhuma originalidade.

Cena de Mentes Sombrias
Mentes Sombrias/20th Century Fox/Divulgação

Na história, jovens com menos de 18 anos começam a ficar “doentes”. A maior parte deles morre, e os que sobrevivem desenvolvem superpoderes, que são classificados por cores. Os adultos têm medo dessas habilidades e por isso as crianças são aprisionadas em campos de concentração. A jovem Ruby (Amandla Stenberg) consegue fugir e encontra um grupo de jovens que busca um lugar perfeito, onde todos estão vivendo em harmonia com seus poderes.

Só pela sinopse já dá para perceber que a história tem traços de X-Men (poderes mutantes), Divergente (divisão por “castas”), Jogos Vorazes (luta contra o sistema) e várias outras produções. Claro, nem todos os filmes que chegam aos cinemas são 100% originais e referências fazem parte do cinema, mas o que acontece em Mentes Sombrias vai além disso. Os diálogos são óbvios, os personagens não têm carisma e até mesmo algumas cenas inteiras são iguais às de outras produções.

Exatamente por esses problemas de originalidade, o longa tem dificuldades em definir o que quer ser e isso fica claro em cenas que não se encaixam na história. Há, por exemplo, vários trechos embalados por músicas pop que simplesmente não fazem sentido ali. Os personagens estão fugindo, o mundo está contra eles e há uma canção animada. Talvez a ideia fosse mostrar uma certa leveza da juventude no meio de tanto caos, mas a inserção não é natural. O “romance” entre Ruby e Liam (Harris Dickinson) também é mal construído, extremamente apressado e rende uma cena de “tensão sexual adolescente” digna de vergonha alheia.

Há dois vilões principais em Mentes Sombrias e um deles é a Lady Jane, interpretada por Gwendoline Christie. A personagem aparece como uma “grande ameaça” para os jovens que estão fugindo - embora o motivo não seja claro - e sua participação é tão breve e caricata, que há mais vontade de rir do que de sentir medo. Já o outro, que não precisa ser detalhado por motivo de spoilers, é o vilão mais óbvio que se pode imaginar, faltando apenas esfregar as mãos e soltar uma risada maléfica.

Mentes Sombrias aposta em uma grande cena de ação no terceiro ato e essa sequência é feita com uma boa qualidade técnica, apostando não apenas em efeitos visuais, mas também no uso de elementos práticos. É um momento visualmente atrativo, mas que tira o foco do que está acontecendo com os personagens naquele momento. O filme constrói seus protagonistas de forma tão rasa, que é mais interessante admirar o apuro técnico, do que saber o que está acontecendo com eles. Na ânsia de começar uma franquia, o filme deixa pontas soltas para uma sequência, mas o mais provável é que a história caia em um limbo, exatamente como aconteceu com longas como A Bússola de Ouro e Eragon. Melhor não esperar muito.

Nota do Crítico
Ruim
Mentes Sombrias
The darkest minds
Mentes Sombrias
The darkest minds

Ano: 2018

País: EUA

Classificação: 14 anos

Duração: 103 min

Direção: Jennifer Yuh Nelson

Roteiro: Chad Hodge

Elenco: Patrick Gibson, Gwendoline Christie, Bradley Whitford, Mandy Moore, Amandla Stenberg

Onde assistir:
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