Jurassic World: Recomeço

Créditos da imagem: Universal Pictures

Filmes

Crítica

Jurassic World: Recomeço sofre para trazer a franquia de volta à vida

Sétimo filme da saga tem boas cenas, mas não encontra uma resposta para o cansaço com a fórmula

Omelete
4 min de leitura
03.07.2025, às 14H11.

A imagem mais marcante de Jurassic World: Recomeço é também a mais profética. Enquanto tenta convencer a mercenária Zora Bennett (Scarlett Johansson) a liderar uma missão de extração em mais uma ilha lotada de dinossauros, Martin Krebs – Rupert Friend como um executivo de uma farmacêutica que quer DNAs jurássicos para criar remédios, e que com certeza não se revelará como um vilão ganancioso – dirige pelas ruas engarrafadas de Nova York. O congestionamento da vez tem uma causa curiosa: o brontossauro doente do zoológico local fugiu e ninguém consegue tirá-lo do meio de um cruzamento. Impaciente, Krebs dispara: “Morra ou viva, só saia logo da frente.”

O momento, um que espelha a crescente indiferença à franquia, é apenas um dos ecos da realidade dentro do filme de Gareth Edwards. A maioria vem do texto de David Koepp, escriba do clássico de 1993, e surge em falas como a que descreve os animais desta parte do arquipélago da Isla Nublar como frutos da “engenharia do entretenimento". Através desses toques, Jurassic World: Recomeço se torna um filme movido por uma pergunta: como fazer as pessoas se importarem com dinossauros novamente? Ao fim de seus 134 minutos, os heróis que sobrevivem aos encontros letais com Tiranossauros, Pterodátilos e – o mutante da vez – o temível Dementus Rex (um mix de Xenomorfo com Rancor com T-Rex) retornam, metaforicamente falando, de mãos abanando. 

A jornada entre o trânsito nova-iorquino do começo e esta conclusão repetitiva tem seus momentos. Ao longo dela, Zora lidera um grupo que conta com Krebs, o contrabandista Duncan Kincaid (Mahershala Ali, cujo charme merecia muito mais), dois ou três coadjuvantes que existem apenas para serem devorados e o paleontologista Dr. Henry Loomis (Jonathan Bailey), estudante de Dr. Alan Grant (Sam Neill), e o responsável por externalizar as ideias mais românticas de Recomeço sobre as criaturas e seu papel no mundo, e no cinema, atual. Movidos por arcos básicos, mas funcionais, esse quarteto se beneficia demais do carisma do elenco, e em especial de Ali, mas precisam dividir o espaço de tela com a família Delgado, liderada pelo pai Reuben (Manuel Garcia-Rulfo), que só quer atravessar o Atlântico com as filhas antes que a mais velha, acompanhada do namorado quase insuportável, vá para a faculdade.

Como esse barco passou pelas patrulhas internacionais em volta das ilhas? Por que Reuben achou uma boa ideia navegar por aquelas águas? Jurassic World: Recomeço dá seus pulos para tentar justificar isso, mas a verdade é que sua presença ali parece ser apenas para garantir que; A) O filme tenha uma criança, o que nos leva a; B) Essa criança fique amiga de um dinossaurinho que será transformado num brinquedo.

Jurassic World: Recomeço
Universal Pictures

E, tudo bem, é ingenuidade demais achar que o sétimo filme de uma saga bilionária não terá ambições comerciais. Só é impressionante o quão pouco Jurassic World: Recomeço está interessado em fazer com essas premissas recicladas para além da introdução dos mutantes. Eles são a desculpa de Edwards para dar passos em direção ao terror. Longe de ser assustador, Recomeço é o primeiro filme desde o Jurassic Park original ativamente interessado em apresentar os dinossauros como assustadores – e, como fez em Godzilla, o diretor é eficiente escondendo seres colossais em cortinas de fumaça, sombras da noite e entre as ondas do oceano para então revelá-los de forma marcante. Cenas como o encontro com o Mosassauro têm algumas das imagens de dinossauros mais empolgantes concebidas por alguém cujo sobrenome não termina com Berg. O mesmo pode ser dito com os pterodátilos, e até certo ponto na muito prometida sequência do T-Rex no rio, cortada do filme original mas icônica na obra de Michael Crichton. A tensão dela, porém, é neutralizada pela certeza de que nenhum dos humanos envolvidos ali pode morrer.

Este último ponto ajuda a comunicar o grande problema de Jurassic World: Recomeço. Além da familiaridade inerente ao roteiro de Koepp, as dinâmicas do filme já estão batidas. Seus ritmos, seus sons e seus monstros povoam o cinema há três décadas, mas o impacto inicial foi dissolvido conforme Park deu lugar a World. Ainda mais danoso do que o tempo passado, no entanto, foi como a franquia deixou a missão de tornar tangível aquilo que só podia ser imaginado para virar uma pintura cada vez mais artificial e digital daquilo que sabemos que é impossível. A força do T-Rex não está no D-Rex, por mais que sua concepção seja interessante. 

D Rex Jurassic World Recomeço
Universal Pictures

É essa mesmice – a mesma causa do fechamento de museus e exibições sobre dinossauros dentro da história de Recomeço – que impede os méritos do novo Jurassic World de serem suficientes para trazer essa franquia de volta à vida, especialmente tão pouco tempo depois que Domínio sugou o que restava de criatividade de suas veias. Conforme Zora e seu time coletam o sangue de espécie após espécie na tentativa de achar uma cura para a humanidade, Jurassic World: Recomeço também vai ficando cada vez mais anêmico.

Nota do Crítico
Regular

Jurassic World: Recomeço

Jurassic World: Rebirth

Ano: 2025

País: EUA

Classificação: 14 anos

Duração: 134 min

Direção: Gareth Edwards

Roteiro: David Koepp

Elenco: Manuel Garcia-Rulfo , Rupert Friend , Jonathan Bailey , Scarlett Johansson , Mahershala Ali

Onde assistir:
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