Sou Espião | Crítica
Prejuízo aos estúdios e desagrado aos fãs
A "modinha" atual de Hollywood de filmar toda e qualquer história em quadrinhos tem gerado bons filmes como os X-Men e o Homem-Aranha, mas não se pode falar o mesmo dos baseados em séries de TV. Sou Espião, estrelado por Eddie Murphy, Owen Wilson e Famke Janssen, está aí para confirmar isso.
Sou espião é uma espécie de "Ano Um" da série Os Destemidos (I spy), que foi produzida entre 1965 e 1968. O filme mostra o início da carreira da dupla de agentes da CIA que cumpria suas missões disfarçada de esportistas.
Na série, Kelly Robinson era interpretado por Bill Cosby e seu agente e pseudo-treinador Alexander Scott era Robert Culp. Os papéis foram assumidos respectivamente por Eddie Murphy e Owen Wilson. A escolha dos atores não foi aleatória. Ambos têm em seus currículos filmes de sucesso em que protagonizam ao lado um parceiro e cuja história envolve ação e comédia. Murphy fez 48 horas (48 hrs, de Walter Hill - 1982) ao lado de Nick Nolte e Wilson estrelou há pouco os filmes Bater ou correr (Shangai noon, de Tom Dey - 2000) e Bater ou correr em Londres (Shangai knights, de David Dobkin - 2003) ao lado de Jackie Chan.
Além de novos atores, houve também uma troca no esporte praticado pelo agente Kelly Robinson. Na TV, ele era um tenista. No cinema, ele se transformou em um boxeador. A mudança foi sugerida por Eddie Murphy, que conhece bem o esporte. Incentivado pelo seu pai, um ex-lutador, Murphy praticou boxe por um tempo, o que facilitou nas coreografias e na filmagem das cenas de luta.
Alto lá, mas como é os dois se juntam?
Alexander Scott recebe a missão de encontrar o Switchblade, o mais avançado avião fabricado pelos Estados Unidos, que foi parar nas mãos do perigoso traficante de armas Arnold Gundars, interpretado por Malcolm McDowell (coitado, só dão papel de vilão/louco/psicopata pra ele!). Aproveitando que o vilão está organizando uma disputa pelo título mundial dos pesos médios, o agente recruta Kelly Robinson para ajudar na investigação.
O relacionamento entre o verborrágico Robinson e o acanhado Scott obviamente começa mal, mas logo a situação coloca os dois aprendendo um com o outro. Enquanto Scott ensina Robinson a se tornar um espião e como usar aqueles acessórios de alta tecnologia, o boxeador dá dicas para o agente conquistar mulheres, especialmente Rachel (Famke Janssen, a Jean Grey dos X-Men), que está auxiliando na investigação.
O filme foi um fracasso de crítica e bilheteria nos Estados Unidos. Mesmo com investimentos de produção e publicidade na casa dos 100 milhões de dólares, Eu espião mal conseguiu arrecadar 35 milhões de dólares. Há quem acuse a diretora Betty Thomas de ser repetitiva. Outros dizem que faltou química entre Wilson e Murphy, que sempre tende a apagar os seus colegas. Talvez adaptações de séries de TV para o cinema não sejam lá o investimento mais seguro, já que para cada Missão Impossível ou As Panteras existe uma dúzia de Mod Squad, Os Vingadores, O Santo que dão prejuízo aos estúdios e não agradam nem mesmo os fãs saudosos das séries.
O jeito é rezar para que o projeto de transformar a série 24 horas em filme não nos desaponte!