Segredos de Família | Crítica
<i>Segredos de família </i>
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A família é parte importantíssima na formação do caráter de um ser humano. A separação de seus pais fez com que um cineasta de nome Steven Spielberg fizesse vários filmes que tocassem no tema de uma ou outra forma. Seja no pai enlatado de Terminal, ou no pai ausente de E.T.- O extraterrestre. Agora é a vez de Jordan Roberts exteriorizar alguns de seus fantasmas com seu Segredos de família (Around the bend, 2004).
Roteirista não creditado em Estrada para perdição, Roberts tem aqui sua primeira chance por trás das câmeras. A matéria-prima para o script veio de sua experiência própria com um pai que mal conheceu. Com o aval da oficina de textos do Instituto Sundance e do selo independente da gigante Warner Bros, ele conseguiu reunir um elenco invejável, que conta com o ótimo Michael Caine, o incansável Christopher Walken, o ascendente Josh Lucas e o promissor Jonah Bobo, de apenas 7 anos. Os quatro reprensentam diferentes gerações da família Lair, cada um sendo pai do seguinte.
O filme começa nos últimos dias de vida do arqueólogo Henry Lair (Caine), que passa a maior parte do tempo em seu quarto, procurando formas diferenciadas para seu funeral. Numa destas noites, ele fica batucando um ritmo indígena que qualquer um que já tenha assistido a desenhos animados vai reconhecer. Como resultado (ou coincidência), seu filho, Turner Lair (Walken), aparece na porta de sua casa na manhã seguinte, para o desgosto de Jason (Lucas), que não o vê desde a infância. Feliz pela volta do filho, Henry decide que eles devem sair para comer em um lugar bem chique. À mesa, percebe-se que aqueles quatro homens não são uma família, pois mal conhecem um ao outro e os ressentimentos ainda são muito superiores à alegria de estarem todos reunidos.
E após uns trinta minutos, o que começou como um simples drama familiar, vira um road movie, sinônimo de filmes de descoberta pessoal. Quando os quatro se atiram na estrada, todos os problemas causados por anos de ausência paterna afloram. Jason não consegue demonstrar qualquer tipo de vontade em perdoar Turner, que também não está nada feliz com a viagem, mas não esconde que está arrependido e quer reatar com o filho.
Com a interessante metáfora de usar um arqueólogo para desenterrar fatos que aconteceram no passado de suas vidas, Segredos de família vale principalmente pelas ótimas atuações de Michael Caine e Christopher Walken. O ator inglês, apenas 10 anos mais velho que o americano, convence como um velho de 85 anos graças à maquiagem e, principalmente, seu talento. Já Walken mostra uma de suas melhores performances. Talvez sejam as olhos fundos, quem sabe o cabelo, que cada vez mais parece uma peruca de playmobil, pode ser também a dança que ele faz ao lado da fogueira, mas o fato é que todo o sofrimento e esperança de seu personagem estão lá, num simples riso, olhar, ou gesto.
Mas apesar de tudo isso e dos lindos cenários naturais por que passam, do cinismo de algumas piadas, o humor negro de determinadas situações e o peso da história contada, falta ao filme uma certa profundidade. Ele consegue chegar ao coração e penetrá-lo, mas a ferida que ele produz é superficial e logo cicatriza.
Segredos de Família
Around The Bend


