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Crítica

Passagem Azul | Crítica

<i>Passagem azul</i>

MH
30.09.2004, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H16

Passagem azul
Lanse da men

Taiwan/França, 2002
Drama - 85 min

Direção e roteiro: Yee Chin-Yen

Elenco:
Chen Bo-Lin, Guey Lun-Mei, Liang Shu-Hui, Joanna Chou

Uma pena. Passagem azul (Lanse da men, 2002) não tem a menor chance de alcançar os adolescentes. Antídoto oriental contra as porcarias hollywoodianas, ganha exibição apenas no CineSESC de São Paulo, sala de público seleto, muito longe dos shoppings frequentados pelo seu público-alvo. Mas a culpa não é só nossa. O drama de formação teen dirigido por Yee Chin-Yen não fez sucesso nem na sua Taiwan natal. E não se trata de nenhuma obra hermética - pelo contrário, há concessões como a trilha sonora em inglês, uma evidente súplica para que o filme seja aceito mundo afora.

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Nos festivais, porém, a resposta tem sido ótima. A cena dos países asiáticos em geral, de Taiwan em particular, é apontada como um promissor centro de vanguarda. Mas o problema é que Passagem azul não fala aos cinéfilos, nem aos críticos - a sua mensagem diz respeito às incertezas dos jovens.

Na história, as garotas Meng (Guey Lun-Mei) e Lin (Liang Shu-Hui) atravessam juntas as descobertas dos dezessete anos. Lin gosta de Zhang (Chen Bo-Lin), bonitão da escola onde estudam, mas que também não sabe muito da vida, ainda. Certa vez, Meng acaba escalada pela amiga para sondar o rapaz... Aquilo que acaba nascendo entre Zhang e Meng está longe de ser uma paixão fulminante. Lin fica com ciúme, mas a relação do casal está mais para uma desapegada cumplicidade.

Desejo, homossexualidade, sonho e repressão entram na ciranda, mas o filme está interessado mesmo, segundo o próprio diretor taiwanês, em discutir a solidão, o individualismo. Zhang entende muito pouco as aflições que Meng lhe revela. Ela dificilmente se vê como parte do plano de vida dele. Não é por falta de esforço. Os dois percebem que, juntos, aliviam as suas dúvidas, mas não a ponto de resolvê-las.

Essa é a mesma incomunicabilidade que interessa ao Elefante (2003) de Gus Van Sant e que pautou as maiores obras de Michelangelo Antonioni. Como o mestre italiano, Chin-Yen dá vida aos espaços urbanos e localiza muito bem os dilemas sociais. O mundo de Zhang é a piscina, clandestinamente, à noite. Sempre que agoniada, Meng rabisca os muros escondidos da escola, se tranca no quarto, senta debaixo de uma árvore isolada. Mesmo acompanhada, na praia ou no ginásio, a garota vive uma realidade à parte, onde questões esperam eventuais respostas.

E se soluções não surgirem, Meng deve fazer como sugere a mãe que perdeu o marido: "resistir".

Pode parecer uma tristeza só, mas o diretor taiwanês, também roteirista do filme, não compartilha a desesperança de Antonioni e Van Sant. A sua bela obra é agridoce. Um pequeno grande conto no qual a tal passagem azul, símbolo abstrato do amadurecimento juvenil, não é mais do que uma breve menção - um detalhe algo que escolhido à revelia, avesso ao apelo comercial, como se a experiência de viver o filme fosse inominável.

Nota do Crítico

Bom
Marcelo Hessel

Passagem Azul

Blue Gate Crossing

2002
85 min
Drama
País: Taiwan, França
Classificação: LIVRE
Onde assistir:
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