Party Monster | Crítica
<i>Party Monster</i>
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No começo dos anos 90, Macaulay Culkin era o estereótipo da criança fofinha. Como personagem principal dos dois primeiros Esqueceram de mim (Home alone), o ator-mirim fazia suspirar de paixão a família americana inteira. Tornando-se rapidamente a criança mais bem paga do mundo, o estrelato de Macaulay não durou nem cinco anos. Entre brigas com a família por dinheiro, pequenos escândalos e um casamento precoce, o ator afastou-se de vez da sua carreira. Até agora.
Enquanto isso, na Sala de Justiça...
Um pouco antes de Esqueceram de mim ser produzido, um mundinho paralelo se desenvolvia em Nova York. Era o final da década de 80 e a cidade já fervia com a ainda iniciante cena clubber. Rejeitando os valores dos yuppies de Wall Street, os clubbers pregavam a diversão noturna, se vestiam de maneira extravagante e não levavam a vida muito a sério.
É nesse cenário que Party monster (de Fenton Bailey e Randy Barbato - 2003) se desenvolve. O filme conta a história real de Michael Alig (Culkin), figurinha lendária da vida noturna nova-iorquina. O promoter ficou famoso na época pelas roupas únicas, pela personalidade infantilóide e por ser dono das festas mais disputadas da cidade. O momento mais famoso da sua biografia, porém, é quando ele confessa publicamente o assassinato de um amigo traficante. A confissão o leva à cadeia, em 96, e aumenta seu poder de mito.
Party Monster II
Alig já foi tema de um documentário produzido em 1998 pelos mesmos diretores, também batizado de Party monster. Este novo filme, porém, é baseado no livro Disco bloodbath, escrito por James St. James, que é outro personagem central da trama: o melhor amigo de Alig. Interpretado por Seth Green, St. James é quem mantém o fio condutor da história, além de agir como o contraponto são - mas nem tanto - das pirações do amigo.
O deboche característico do ambiente clubber influencia boa parte do filme - das atuações à montagem, passando pelo nonsense cronológico e visual. Também por isso, Party monster acaba sofrendo do mesmo defeito de A festa nunca termina (24 hour party people, de Michael Winterbottom) - filme-documentário que conta a história da Madchester: É um filme razoavelmente divertido, mas apenas para o seu público alvo, que está inserido na cena clubber e na rotina da vida noturna e nos exageros do mundinho gay. Fora do contexto, fica complicado se divertir e entender a cabeça de várias bichinhas inconseqüentes com cocaína até as orelhas.
O ponto alto do filme, além da trilha sonora, é o próprio Seth Green que, apesar de não ser o personagem principal da trama, acabou se mostrando a melhor atuação do filme - dando um chega pra lá em Chloë Sevigny, que nem é tão medíocre assim. Vale a pena também a participação especial do bizarríssimo Marilyn Manson, que interpreta Christina, a drag queen mais chapada da história do cinema.
De qualquer forma, tudo no filme acabou eclipsado pelo "grande" retorno de Macaulay Culkin às telas, depois de quase dez anos de ausência. E ele levou a sério o estigma. A sério demais. A ponto de exagerar na afetação homossexual do personagem. E o pensamento que fica, ao final dos créditos, é que nada mudou. Macaulay continua sendo um ótimo ator-mirim, interpretando o mesmo menininho barrigudo e sapeca que anda pela casa de cueca.


