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Crítica

Ouro Carmin | Crítica

<i>Ouro Carmin</i>

MF
11.11.2004, às 00H00.
Atualizada em 22.11.2016, ÀS 03H07

Ouro Carmim
Talaye sorkh
Irã,
2003
Drama - 95 min.

Direção: Jafar Panahi
Roteiro: Abbas Kiarostami

Elenco: Hussein Emadeddin, Kamyar Sheissi, Azita Rayeji, Shahram Vaziri, Ehsan Amani, Pourang Nakhayi

Filmes iranianos geralmente são situados em pequenos vilarejos onde nada acontece. São cenas de instantes infinitos de uma paisagem seca e sofrida. Se estes são os paradigmas, o diretor Jafar Panahi não só os quebra com Ouro Carmim (Talaye sorkh, 2003), mas também inova. E o mais interessante: ele desconstrói fazendo exatamente o tipo de cinema acima descrito.

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Logo de cara, o filme já começa com ação. Hussein (Hussein Emadeddin) entra em uma joalheria rendendo o lojista. Uma ação extrema que leva a reações extremas. Após alguns tensos minutos, a invasão termina e o filme realmente se inicia. O artifício de contar a história inteira em flashback é usado para mostrar os motivos que levaram o veterano do conflito Irã x Iraque a fazer aquilo.

Ouro Carmim não tem nada a ver com as áreas desérticas de outras fitas da região. A história se passa no Teerã, local tão urbano quanto qualquer outra cidade ocidental. Carros, motos e prédios fazem parte deste cenário bastante caótico. O próprio diretor se denomina uma pessoa urbana e o roteiro, escrito por Abbas Kiarostami, foi baseado em um caso real em que um homem invadiu uma joalheria.

Em vez das cenas paradas, a câmera não pára. Hussein é um entregador de pizzas e passa o dia montado em sua moto. Ao acompanhá-lo, conhecemos um pouco mais da sociedade iraniana e vemos que a disparidade social vem aumentando cada dia mais por lá. Entre o quarto imundo onde mora e a cobertura de um dos clientes onde ele vai levar as pizzas há um buraco maior do que a distância de ideologias entre os republicanos que votaram em Bush e o resto do mundo. São visões como esta que vão levando o anti-herói a um sentimento de depressão cada vez maior.

Embora não fique claramente explícito se o assalto à joalheria foi ou não o seu primeiro, acompanhamos Hussein outras duas vezes ao local. A curiosidade sobre a loja surge quando seu amigo e cunhado Ali (Kamyar Sheissi) acha uma bolsa e dentro dela há um recibo de uma gargantilha de 75 milhões. Como aquela quantia foge completamente à sua realidade, eles decidem passar na loja para ver o que este objeto tem de tão especial. São barrados pela sua aparência rota logo na porta pelo dono (Shahram Vaziri). Na segunda tentativa, melhor arrumados e acompanhados pela noiva de Hussein (Azita Rayeji), eles conseguem entrar, mas são praticamente ignorados.

As diversas situações funcionam como quadros de um programa de TV. A diferença é que ao contrário dos programas feitos para agradar ao público mediano, que tem preguiça de pensar e quer todas as respostas da forma mais mastigada possível, Panahi não necessariamente resolve seus problemas. Isso fica muito claro quando Hussein chega a um prédio para fazer sua entrega e é parado pela polícia. O motivo é uma festa que está rolando no segundo andar, em que pessoas estão dançando. Homens e mulheres se divertindo juntos! Um absurdo, pelo menos segundo as leis e crenças locais. Conversando com um garoto de apenas 15 anos que está trabalhando na batida, o motoqueiro descobre que pode ter que passar a noite ali. Depois que Hussein começa a distribuir a pizza para as pessoas envolvidas no evento, nunca ficamos sabendo como aquilo terminou.

Emadeddin, Sheissi, Rayeji, Vaziri e tantos outros não são atores profissionais. Panahi prefere trabalhar com pessoas comuns. Acha que isso dá ao seu filme um toque mais realista. No caso de Emadeddin, sua completa apatia a tudo o que acontece ao seu redor lhe dá um ar de psicopata. Ele é tão fechado que torna impossível prever qual será sua reação a qualquer tipo de acontecimento. Por isso, um dos poucos problemas do filme é que sabemos desde o começo como ele vai acabar.

Nota do Crítico

Regular
Marcelo Forlani

Ouro Carmim

Crimson Gold

2003
12.09.2003
97 min
Drama
Autor: Jafar Panahi
País: Irã
Classificação: 14 anos
Onde assistir:
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